O que é um alimento industrializado?
O alimento industrializado, pode ser definido como um alimento processado por meio de uma atividade industrial, ou seja, os gêneros alimentícios são transformados em produtos comercializáveis, por meio de máquinas, mão de obra contratada e equipamentos (Instituto de Tecnologia de Alimentos).
O produto pode ser classificado como “artesanal” (pequena escala) ou “industrializado” (grande escala). E ainda uma empresa pode começar como artesanal (pequena escala) e se tornar um produto industrializado (grande escala), como foi o caso da Cacau Show (Instituto de Tecnologia de Alimentos).
O que é um alimento ultraprocessado?
Os alimentos ultraprocessados são formulações criadas pelas indústrias de alimentos, que incluem açúcar, óleos e gorduras, gorduras hidrogenadas, amidos modificados, substâncias industriais, corantes, aromatizantes, emulsificantes, espessantes, aditivos.
Dessa forma, esses produtos não são considerados alimentos propriamente dito, pois utilizam apenas partes dos alimentos chamados “in natura”. São altamente lucrativos, por conter ingredientes de baixo custo, longa durabilidade, hiper- palatabilidade, marketing agressivo (Nupens).
Podemos citas como exemplo os refrigerantes, bebidas lácteas, salgadinhos de pacote, doces, chocolates, barras de cereal, sorvetes, nuggets de frango e peixe, salsichas, macarrão instânteneo, misturas em pó para preparação de sopas, sobremesas, bebidas com sabor de frutas entre outros (Nupens).
É importante lembrar que nem todo produto industrializado é classificado como ultraprocessado. É o caso do leite em pó, do café em pó, do suco integral (laranja, uva). Esses produtos passam por processos industriais, mas são alimentos e não formulações.
Consumo e impacto na saúde
Hoje, os alimentos nas prateleiras, oferecem maior praticidade aos consumidores. Mas, será que essa praticidade é saudável para a saúde? Estudos mostram que o consumo exacerbado de produtos industrializados, conhecidos como ultra processados, contribuem para o aumento de peso e consequentemente para o aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão, obesidade, síndrome metabólica.
Kevin e colaboradores (2019), realizaram um estudo randomizado no NIH Clinical Center, com 20 adultos de peso estável, para receber dietas com alimentos ultraprocessados e dietas com alimentos sem ultraprocessados. Os participantes foram divididos em dois grupos e cada grupo recebeu um tipo de alimentação por duas semanas e depois cada grupo teve a alimentação invertida.
As refeições foram balanceadas e ofereciam a mesma quantidade de calorias, macronutrientes, fibras, açúcares e sódio. E poderiam comer o quanto desejassem.
Os resultados mostraram um ganho de peso maior durante a ingestão da dieta ultraprocessada. Com aumento no consumo de carboidratos e gorduras (Kevin et al, 2019).
Como pode ser observado no gráfico abaixo:
Um outro estudo realizado no Brasil, por Carvalho e colaboradores (2020), com cerca de 38 trabalhadores industriais, analisou o consumo alimentar para a pesquisa “Novas Abordagens em Biodinâmica para Diagnóstico e Prevenção de Obesidade e Comorbidades em Trabalhadores e Escolares”.
Segundo a pesquisa, 55,3% dos participantes apresentavam risco de doenças cardiovasculares pela razão cintura quadril. Outro dado mostrou que 48,5% dos participantes que estavam com excesso de peso apresentou um consumo de moderado à alto de alimentos processados e ultraprocessaos (Carvalho et al, 2020).
E 24,2% estavam com a circunferência da cintura elevada, cerca de 78,8% dos participantes casados apresentaram um alto consumo de alimentos processados e ultraprocessados. Os resultados do estudo mostraram uma relação preocupante com o consumo de alimentos processados/ ultraprocessados com o aumento do IMC, CC e RCQ. Apesar de ter poucos participantes, os resultados são alarmantes (Carvalho et al, 2020).
Recomendações
As recomendações dos principais órgãos de saúde no Brasil e no mundo, são de que o consumo de alimentos classificados como ultraprocessados devem ser evitados, consumidor com baixa frequência. Em contra partida, os alimentos in natura ou minimamente processados devem ser a base da alimentação, focando o consumo de frutas, legumes e verduras. Os alimentos processados devem ser consumidos com moderação devido aos seus altos teores de açúcar e sódio (Guia alimentar da população brasileira, 2014).
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Referências
CARVALHO, V.N. et al. CONSUMO DE ALIMENTOS PROCESSADOS/ULTRAPROCESSADOS E IN NATURA POR ADULTOS E SUA RELAÇÃO COM O ESTADO NUTRICIONAL. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo. v. 14. n. 84. p.66-72. Jan./Fev. 2020. Disponível em: file:///C:/Users/User/Downloads/1172-Texto%20do%20artigo-5534-1-10-20201017.pdf. Acesso em: 28/09/21.
INSTITUTO DE TECNOLOGIAS DE ALIMENTOS. Alimentos processados: O que são alimentos processados? Disponível em: https://alimentosprocessados.com.br/alimentos-processados-o-que-sao.php. Acesso em: 24/09/21.
KEVIN, D.H et al. Ultra-Processed Diets Cause Excess Calorie Intake and Weight Gain: An Inpatient Randomized Controlled Trial of Ad Libitum Food Intake . Hall et al., 2019, Cell Metabolism 30, 67–77 July 2, 2019 Published by Elsevier Inc . Disponível em: https://www.cell.com/cell-metabolism/fulltext/S1550-4131(19)30248-7?_returnURL=https%3A%2F%2Flinkinghub.elsevier.com%2Fretrieve%2Fpii%2FS1550413119302487%3Fshowall%3Dtrue. Acesso em: 28/09/21.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de atenção básica. Guia alimentar da população brasileira: Promovendo a alimentação saudável. 1º ed. Brasilia/ DF. 2008. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de atenção básica. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira.pdf. Acesso em: 28/09/21.
NUPENS USP. A classificação nova. Disponível em: https://www.fsp.usp.br/nupens/a-classificacao-nova/. Acesso em: 28/09/21.