Profissão nutricionista: as principais tendências do mercado de trabalho | Colunista

A promulgação da alimentação como um Direito Humano e o crescente debate na sociedade sobre o papel da alimentação saudável, segura e sustentável para a manutenção da espécie humana, a preservação da cultura alimentar e a proteção do meio ambiente, colaboraram para o aumento do prestígio social e profissional dos nutricionistas. 

Há um entendimento comum que a atuação do nutricionista transcendeu o estabelecimento de calorias, macros e micronutrientes, assim como a expertise em alimentos, no presente, reconhece-se este profissional como um importante colaborador nos processos de promoção, recuperação, prevenção e reabilitação da saúde dos brasileiros.

Nesta conjuntura, é importante que o nutricionista se atente às inovações da área e às exigências mercadológicas, a fim de que ele consiga trilhar uma carreira de sucesso. Portanto, vamos conhecer um pouco mais sobre as características que o mercado de trabalho exige desse profissional e as principais perspectivas de atuação.

1- QUAIS CARACTERÍSTICAS DO NUTRICIONISTA DO FUTURO?

Antes de tudo, o nutricionista do futuro precisa manter-se atualizado sobre os assuntos que interferem na sua prática profissional, através da realização de cursos de aperfeiçoamento e da constante leitura de artigos científicos de qualidade, a fim de que ele seja capaz de ofertar serviços de excelência à população, independente da sua área de atuação.

Além disso, conhecimentos em marketing e administração, os quais já integram a matriz curricular dos cursos de Nutrição do país, são essenciais para os profissionais liberais, como os nutricionistas, de modo que eles consigam divulgar seus trabalhos e gerir negócios de alimentação e nutrição, bem como o seu próprio consultório.

2- QUAIS AS ÁREAS DE ATUAÇÃO MAIS PROMISSORAS?

De acordo com a Resolução nº600 do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), de 25 de fevereiro de 2018, o nutricionista pode atuar em seis diferentes áreas, sendo estas: Nutrição em Alimentação Coletiva; Nutrição Clínica; Nutrição em Esportes e Exercício Físico; Nutrição em Saúde Coletiva; Nutrição na Cadeia de Produção, na Indústria e no Comércio de Alimentos; Nutrição no Ensino, na Pesquisa e na Extensão. 

E, embora o nutricionista disponha de várias possibilidades de atuação em cada uma dessas áreas, o atual contexto demográfico, epidemiológico e nutricional do país, aliado às constantes atualizações científicas das ciências médicas, contribuíram para o surgimento de nichos mercadológicos e abordagens terapêuticas que ampliaram as perspectivas de exercício profissional, empregabilidade e de rendimento para os nutricionistas.

Então, vem comigo que eu vou te apresentar as principais tendências do setor da nutrição!

2.1- Nutrição e Fitoterapia

Com a inserção das Práticas Integrativas e Complementares (PICs) no rol de serviços terapêuticos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a fitoterapia passou a ser utilizada como complemento nos tratamentos prescritos pelos profissionais da saúde. 

Em relação aos nutricionistas, a prescrição de drogas medicinais, drogas vegetais e fitoterápicos foi regulamentada pela Resolução CFN nº 556/2015 e definida como uma especialidade da Nutrição pela Resolução CFN nº 689/2021, a fim de otimizar os resultados da prescrição dietética.

2.2- Nutrição Funcional

Na nutrição funcional, as particularidades genéticas, bioquímicas e cognitivas do indivíduo, assim como a biodisponibilidade dos nutrientes contidos nos alimentos, são fatores importantes para traçar um plano de ação nutricional personalizado, cujo o objetivo é prevenir e tratar desequilíbrios fisiológicos aos quais a pessoa tem predisposição para desenvolver.

2.3- Nutrição Comportamental 

Ao utilizar técnicas cognitivas-comportamentais, o nutricionista tem a possibilidade de ir além do estabelecimento da quantidade de calorias e nutrientes, uma vez que, analisando integralmente o indivíduo e percebendo o seu contexto biopsicossociocultural, o profissional vale-se do aconselhamento nutricional para fazer intervenções no modo como a pessoa se relaciona com a comida, promovendo um resgate do prazer de comer e auxiliando no tratamento de distúrbios alimentares.

2.4- Nutrição nas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs)

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) lideram as causas de morte no país, sendo as mais expressivas as doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e as doenças respiratórias. Entre as várias causas para o desenvolvimento destas doenças, destacam-se o inadequado padrão alimentar da população e a explosão dos casos de excesso de peso, sendo assim, os nutrientes e a alimentação são fatores determinantes na modulação dos efeitos dessas doenças na qualidade de vida das pessoas acometidas. 

2.5- Nutrição em Gerontologia

O envelhecimento da população é expressivo, visto que, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), de 2017, cerca de 14,6% de brasileiros (algo em torno de 30,3 milhões de pessoas) têm 60 anos ou mais de idade, sendo que a previsão para 2060 é de que 1/3 da população será idosa. Desta forma, a atuação do nutricionista é necessária para fazer com que as pessoas tenham um envelhecimento ativo e saudável, bem como atenuar o impacto dos distúrbios fisiológicos que surgem com a idade sobre o bem-estar dos idosos. 

2.6- Nutrição em Estética, Esportes e Exercícios Físicos 

Com certeza você já deve ter esbarrado com alguma musa fitness no Instagram, certo? Pois bem, essas influenciadoras digitais que propagam conteúdos sobre estética, boa forma e alimentação saudável, tornaram-se populares devido a crescente preocupação das pessoas com a aparência, com o corpo e com a alimentação. Sendo assim, é importante salientar que uma nutrição adequada e saudável é importante para alcançar quaisquer que sejam os objetivos, seja emagrecimento, a hipertrofia ou atenuação de danos estéticos, como flacidez, melasma e acne. 

2.7- Nutrição em Saúde Mental

As desordens psiquiátricas têm ficado cada vez mais comuns, onde, consoante a pesquisa elaborada pela Universidade de São Paulo (USP), durante a pandemia do coronavírus, o Brasil tem 63% da população acometidas por ansiedade e 59% por depressão. Neste caso, a nutrição é relevante na modulação das inflamações sistêmicas, no abrandamento dos sintomas e estimulação da produção de neurotransmissores, como a serotonina, a qual é produzida majoritariamente no trato gastrointestinal.

2.8- Nutrição em Vegetarianismo e Veganismo

Seja pelo respeito aos animais, pela preocupação com o meio ambiente ou pela saúde, o fato é que o número de pessoas que alegam ser veganas ou vegetarianas aumentam a cada ano e, devido à exclusão de produtos de origem animal da alimentação, é importante que esse público receba um acompanhamento especial de um nutricionista, já que a exclusão de um tipo alimentar aliado ao desbalanceamento da nutrição favorece o surgimento de distúrbios nutricionais, como carências ou excessos.

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REFERÊNCIA

1. BRASIL. Conselho Federal de Nutricionistas (CFN). Resolução CFN nº 600, de 25 de fevereiro de 2018. Dispõe sobre a definição das áreas de atuação do nutricionista e suas atribuições, indica parâmetros numéricos mínimos de referência, por área de atuação, para a efetividade dos serviços prestados à sociedade e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 76, s.1, p. 157, 20 abr. 2018. Retificada no Diário Oficial da União, n. 98, p. 68, 23 mai. 2018.

2. BRASIL. Conselho Federal de Nutricionistas (CFN). Resolução CFN nº 689, de 04 de maio de 2021. Regulamenta o reconhecimento de especialidades em Nutrição e o registro, no âmbito do Sistema CFN/CRN, de títulos de especialista de nutricionistas. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 83, s. 1, p. 163-164, 5 mai. 2021.

3. GUIA DA CARREIRA. Como está o mercado de trabalho para Nutrição? Disponível em: <https://www.guiadacarreira.com.br/carreira/como-esta-o-mercado-de-trabalho-para-nutricao/>. Acesso em: 7 ago. 2021.

4. CAMARGO, S. de; PEREIRA, V. B. de L. A prática da Fitoterapia pelo Nutricionista – algumas reflexões. Revista da Associação Brasileira de Nutrição – RASBRAN, [S. l.], v. 5, n. 1, p. 69–72, 2013. Disponível em: <https://www.rasbran.com.br/rasbran/article/view/9>. Acesso em: 8 ago. 2021.

5. CARNAÚBA, Renata Alves; BAPTISTELLA, Ana Beatriz; PASCHOAL, Valéria. Nutrição clínica funcional: uma visão integrativa do paciente. Diagn. Tratamento, v. 23, n. 1, p. 28-32, 2018.

6. ALVARENGA, Marle et al. Nutrição Comportamental. Barueri: Manole, 2015.

7. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). OMS revela principais causas de morte e incapacidade em todo mundo entre 2000 e 2019. Disponível em: <https://www.paho.org/pt/noticias/9-12-2020-oms-revela-principais-causas-morte-e-incapacidade-em-todo-mundo-entre-2000-e>. Acesso em: 7 ago. 2021.

8. BRASIL. Ministério da Cidadania. Secretaria Especial do Desenvolvimento Social. Estratégia Brasil amigo da pessoa idosa. Disponível em: <http://mds.gov.br/assuntos/brasil-amigo-da-pessoa-idosa/estrategia-1>. Acesso em: 8 ago. 2021.

9. RIGUE, André. Brasil lidera casos de depressão na quarentena, aponta pesquisa da USP. CNN Brasil, 8 fev. 2021. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2021/02/08/brasil-lidera-casos-de-depressao-na-quarentena-aponta-pesquisa-da-usp>. Acesso em: 8 ago. 2021.

10. TOST, Sarah Palanques. Em estudo a alimentação e impacto na saúde mental. Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN), 4 jun. 2021. Disponível em: < https://www.asbran.org.br/noticias/em-estudo-a-alimentacao-e-impacto-na-saude-mental>. Acesso em: 8 ago. 2021.

11. SOCIEDADE VEGETARIANA BRASILEIRA (SBV). Vegetarianismo. Disponível em: <https://svb.org.br/vegetarianismo1/o-que-e>. Acesso em: 9 ago. 2021.

Por Sanar

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