Panorama da evolução das medidas de biossegurança na odontologia

Se você é da área da saúde em algum momento já deve ter imaginado que em um futuro distante, o uso desenfreado de antibióticos desencadearia a seletividade de microorganismos resistentes desenvolvendo superbactérias que não poderão ser tratadas. Contudo, quem imaginaria que um vírus em pleno século XXI traria uma amostra dessa teoria e provocaria tantas mudanças no que tange às medidas de biossegurança na clínica odontológica?

Segundo SILVA et. Al. (2007) os acadêmicos por estarem na fase de introdução à rotina clínica devem ter um treinamento adequado de biossegurança à fim de que os protocolos de prevenção sejam executados corretamente e desta forma, os riscos de infecções cruzadas sejam minimizados. Tendo em vista também que ARMOND et. Al. (2016) evidenciou que este grupo também sofre a maior incidência de acidentes com perfurocortantes.

LAGES et. al (2015) sugeriu que as instituições que disponibilizam cursos da área da saúde considerassem as disciplinas de Biossegurança e de Gerenciamento dos resíduos dos serviços de saúde com maior importância, pois desta forma comportamentos antiéticos e irresponsáveis poderão ser evitados, tais como: usar jaleco em ambientes não-hospitalares, uso incorreto de máscaras e o descarte inadequado de objetos perfurocortantes.

A odontologia está passando por mais uma fase de transic?a?o e medidas de biosseguranc?a que outrora pareciam ser muito futuri?sticas, nos u?ltimos dias, te?m se tornado a realidade cli?nica e revelado o qua?o fra?geis somos na cadeia da vida.

LAGES et. Al (2015) ressaltou também que a padronização da paramentação e das condutas preventivas devem ser executadas por toda a equipe, pois havendo a quebra deste ciclo, certamente haverá contaminação. Embora o processo possa parecer cansativo e, em alguns casos, a adaptac?a?o possa causar desconforto, devido a?s implicac?o?es te?cnicas e financeiras, quanto vale sua sau?de e a de sua fami?lia?

Nos últimos meses pode-se observar a elevação dos preços de insumos da rotina clínica e AMARAL (2017) explica que embora a teoria econômica defenda que os preços são o reflexo entre o custo e a receita, e a teoria de marketing que a definição do preço é dado em consonância ao valor do produto, a realidade do mercado não tem sido esta, pois estudos têm revelado que não há correspondência à estas teorias.

Segundo a pesquisa, a maioria das empresas têm definido o preço com base nos custos, e partindo desta análise pontua-se que o processo de produção tem elevado seu custo durante a pandemia, desde a mão-de-obra nas indústrias até a comercialização nas distribuidoras, onde o fornecimento desenfreado dos equipamentos de proteção individual no início do isolamento acarretou o exponencial aumento dos preços.

A pandemia para muitos têm sido um momento de crise, todavia tudo é questão de perspectiva!

Existem profissionais da área da saúde que têm transformado através do empreendedorismo o caos em retorno financeiro. Tendo em vista, uma janela que o mercado abriu, estes indivíduos têm desenvolvido novos produtos de paramentação como os protetores faciais que nesta nova fase da odontologia terá uso obrigatório, agregando valor através de características que as marcas já existentes muitas vezes não se atentavam: adaptabilidade, peso e transparência da tela. Afinal, os equipamentos de segurança individual realmente precisam ser desconfortáveis ou incômodos?

A nota técnica N 4/2020 regulamentada pela ANVISA explica as novas condutas para o atendimento odontológico que devem ocorrer, neste momento, somente em situações de urgência e emergência com intuito de minimizar os riscos por infecção cruzada tanto para os profissionais, quanto para os pacientes e familiares. No entanto, as orientações sobre paramentação tem gerado discussões, pois alguns ainda não entenderam a gravidade da situação e acreditam que tais medidas sejam exageradas.

A classe odontológica tem passado por dias de incertezas, mas em breve essa fase de transição se tornará o novo normal, tudo faz parte de um processo de adaptação e a segurança do trabalho é imprescindível. Afinal, como promoveremos saúde, se não zelarmos pela nossa e a de nossos entes?

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Referências

Silva RHBT, Santi MR, Pinelli LAP, Pita APG, Fais LMG. Levantamento dos métodos de controle de infecção cruzada utilizados pelos cirurgiões-dentistas, auxiliares estudantes de odontologia do município de Araraquara-SP. RFO Passo Fundo. 2007; 12(2):7-12.

Armond ACV, Gonçalves PF, Flecha OD, Oliveira DWD de, Sampaio FC, Falci SGM. Conhecimentos de biossegurança para as principais atividades de risco envolvendo servidores públicos, discentes e empregados da limpeza do curso de odontologia da UFVJM/Diamantina.
RBOL. 2016; 3(2):32-52.

Ramos Lages SM, Santos AF, Silva Junior FF, Costa JG. Formação em odontologia: O papel das instituições de ensino na prevenção do acidente com exposição a material biológico. Cienc Trab. 2015; 17(54):182-7.

AMARAL, Juliana Ventura. Custos mais margem: a forma ou a essência do estabelecimento dos preços?. 2017. Tese (Doutorado em Controladoria e Contabilidade: Contabilidade) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, University of São Paulo, São Paulo, 2017. doi:10.11606/T.12.2017.tde-14062017-114043. Acesso em: 2020-06-09.