Anestesia odontológica de interesse para o clínico: como prevenir acidentes e complicações?

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Palavras-chave: Anestesia local; Cirurgião-dentista, Complicações.

O que é um anestésico local?

O anestésico local pode ser definido como uma substância química que tem como objetivo bloquear reversível e momentaneamente a condução nervosa no local aplicado, tendo como sítio de ação os canais de sódio. Os principais anestésicos locais utilizados na odontologia são: lidocaína, mepivacaína, articaína, prilocaína e bupivacaína.

Independentemente do foco principal de atuação do profissional – especialidade odontológica ou clínica geral –, os anestésicos locais podem ser considerados o principal grupo de medicamento utilizado pelos cirurgiões-dentistas, a fim de promover a insensibilidade da região e controlar a dor.

 

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FONTE: Cursos Única
Disponível em: <https://cursosunica.com.br/event/imersao-em-anestesiologia/>

Acidentes e complicações

Apesar de ser considerado uma medicação segura por apresentar um índice de complicações relativamente baixo, quando não utilizado da maneira correta ou com a devida cautela, o número de acidentes e complicações associadas a esse fármaco aumenta. É considerado um bom anestésico aquele que possui reversibilidade, baixa toxicidade, início rápido de ação, duração eficaz e que não lesione as estruturas nervosas e não irrite os tecidos.

Cada paciente possui sua particularidade e, por esse motivo, a escolha dos anestésicos não deve ser aleatória, mas sim levando em consideração fatores como condição sistêmica do indivíduo, propriedade e toxidade do anestésico local e vasoconstritores associados.

Na literatura, os principais relatos de complicações e acidentes relacionadas à administração de anestésicos locais incluem: Hipersesibilidade; Intoxicação; Dor à injeção; Queimação à injeção; Trismo; Infecção; Edema; Hematoma; Enfisema; Xerostomia; Transtornos oculares; Isquemia da pele da face; Náuseas e vômitos; Lipotímia; Síncope; Fratura de agulha; Hematoma; Paralisia; Parestesia; Trauma de mordida; Infecção; Necrose dos tecidos; Lesão dos tecidos moles; Lesões em mucosa.

Como prevenir?

Com o intuito de minimizar a ocorrência de acidentes e complicações decorrentes da utilização de anestésicos locais, algumas medidas podem ser tomadas pelo cirurgião-dentista. Dentre elas, destacam-se:

  • Utilizar as técnicas básicas de injeção (sequência para uma injeção atraumática):
  1. Usar agulha afiada e estéril: A agulha é facilmente deformável e, caso isso ocorra, ela perderá o fio de corte, dificultando a penetração no tecido.
  2. Determinar a temperatura do tubete: A temperatura ambiente minimiza a dor ocasionada pela penetração da solução.
  3. Verificar o fluxo da solução do anestésico local: Expelir algumas gotas da solução a fim de verificar a presença de obstruções.
  4. Posicionar o paciente confortavelmente: O intuito é mantê-lo relaxado, mantendo os movimentos ventilatórios sem pressionar o diafragma.
  5. Secar o tecido: Para que o anestésico tópico possa aderir ao tecido.
  6. Aplicar anestésico tópico
  7. Comunicar-se com o paciente
  8. Manter a seringa fora do alcance da visão: De modo a evitar ou diminuir a ansiedade do paciente.
  9. Estabelecer um apoio firma para as mãos: Facilitar o controle das mãos e a aplicação.
  10. Tensionar o tecido: Proporcionando uma tensão superficial no tecido, permitindo que o objeto cortante possa penetrar facilmente.
  11. Introduzir a agulha na mucosa com o bisel voltado para o osso: Caso contrário, a solução anestésica se distancia do local desejado e, além disso, pode ocorrer perfuração do periósteo, ocasionando dor e infecção pós-operatória.
  12. Observar o paciente e comunicar-se: Verificar expressões e sinais de desconforto, transmitir tranquilidade para o paciente.
  13. Injetar algumas gotas
  14. Avançar a agulha para o alvo e realizar a manobra de aspiração: Verificar se houve penetração em um vaso sanguíneo – caso tenha ocorrido: retirar a agulha, trocar tudo repetir os passos; caso não tenha penetrado: liberar a solução no interior do tecido com injeção lenta.
  • Realizar uma boa anamnese e exame físico: Analisar a condição sistêmica e limitações do paciente.
     
  • Calcular a dose máxima do anestésico:

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  • Atentar-se à classificação do estado físico ASA (Sociedade Americana de Anestesiologistas):

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CONCLUSÃO

O melhor método para tratar as complicações decorrentes do uso de anestésicos locais é, ainda, a prevenção, pois através de uma anamnese bem realizada, exame físico e análise das condições sistêmicas do paciente, pode-se se escolher o anestésico mais adequado e seguro para cada caso.

Ademais, a minimização de acidentes e complicações pode ser obtida através da adoção de algumas medidas no cotidiano do profissional, tais como: utilizar a técnica correta de anestesia local, conhecimento das características farmacológicas de cada solução anestésica, manejo adequado do arsenal de instrumentais, aplicação do anestésico com injeção lenta e realizando aspiração prévia.

Vale ressaltar ainda que, em casos de crianças, deve-se orientar aos pais que observem os filhos e não permitam que eles realizem movimentos repetidos de morder a mucosa após a anestesia, a fim evitar trauma de mordida.

TEXTO ESCRITO POR: Sandryelle Rodrigues (Colunista da Sanar, estudante do 5º semestre de Odontologia no Centro Universitário Doutor Leão Sampaio – UNILEÃO).

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REFERÊNCIAS

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ACIDENTES E COMPLICAÇÕES EM ANESTÉSICOS LOCAIS. Odontolegistas. Disponível em: <https://www.odontologistas.com.br/odontologistas/acidentes-e-complicacoes-com-anestesicos-locais/#:~:text=Em%20geral%20as%20complica%C3 %A7%C3%B5es%20decorrentes,segura%2C%20com%20inje%C3%A7%C3%A3o%20lenta%20e>. Acesso em: 14, jun, 2020.

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