Engenharia de cardápios: como precificar? | Colunista

Antes de definir o preço de um produto ou serviço é fundamental que você aplique o uso de ferramentas para que o valor seja justo, mas que principalmente ele traga os rendimentos necessários para obtenção do lucro pretendido. Para isso é necessário aplicar a Matriz de Engenharia de Cardápio.

Essa matriz é uma ferramenta metodológica que analisa constantemente a popularidade e a rentabilidade dos pratos comercializados. Seu principal objetivo é utilizar as informações obtidas nos resultados da análise e trabalhar nelas estrategicamente no momento de atualizar seu cardápio.

Como aplicar a Engenharia de Cardápio?

O gestor da UAN (Unidades de Alimentação e Nutrição) precisa ter 4 pontos essenciais na sua administração:

1 – Ficha técnica

Todas os pratos produzidos necessitam deste documento. Nele há diversas informações importantes tais como: tempo de preparo, rendimento, receituário, valor de compra, ingredientes etc.

2 – Rentabilidade do prato

Conhecer quanto custa cada item do prato e quais as margens de lucro que esse prato proporciona.

3 – Entenda as margens

Alguns autores definem as seguintes margens: Ingredientes: 25%, Despesas fixas: 50% e Lucro: 25%.

4 – Popularidade do prato

Número de vezes que ele é pedido em um determinado período identifica qual o nível de popularidade da preparação no restaurante.

A popularidade classifica-se em:

Estrela: alta popularidade e rentabilidade

Cavalo: Popularidade alta e rentabilidade baixa

Cachorro: Popularidade e rentabilidade baixa

Quebra cabeça: Popularidade baixa e rentabilidade alta

Sabendo a classificação que seu prato está em relação a popularidade, então é o momento de trabalhar os resultados obtidos.

ClassificaçãoAção
EstrelaSão os produtos com maior rentabilidade e popularidade do cardápio. Por isso merecem destaque no cardápio nos pontos mais visíveis do menu.
CavaloCriar estratégias mais lucrativas. Geralmente sopas e saladas enquadram-se nessa classificação.Avalie seus fornecedores, o custo da produção, veja o que impacta negativamente na rentabilidade e ajuste.
CachorroPor ser baixa rentabilidade e popularidade nem sempre a solução é retirar do menu. As vezes uma mudança na posição do menu pode ajudar. Mas caso contrário é melhor excluir do cardápio.
Quebra CabeçaSe o problema for popularidade busque conhecer seus clientes e descobrir o que mais gostam ou não. Também verifique se a equipe de vendas está promovendo o produto adequadamente. Dependendo da situação as vezes uma baixa no preço pode aumentar o volume de vendas.

CMV – Custo de Mercadoria Vendida

Por definição CMV é o valor da baixa realizada no estoque, correspondente a saída da mercadoria decorrente da venda. Essa baixa refere-se ao custo de aquisição do produto/ingrediente. Este valor deve estar descrito na ficha técnica do produto.

Para saber as variáveis descritas anteriormente (rentabilidade do prato e as margens) é importante que seja aplicado os cálculos abaixo:

Onde:

Ei = Estoque Inicial

C = Compras

Ef = Estoque final  

Além disso é importante considerar outras despesas que são inerentes da produção: energia, gás, frete, mão de obra etc.

Mark-up

É a margem de lucro aplicada sobre o custo (somado com os encargos), com o intuito de promover o retorno do investimento no tempo desejado.

Exemplo:

Prato: Filé Grelhado com Arroz Branco e Batata Frita.

O CMV de R$ 23,00

+ Impostos: R$ 16,20 

+ Despesas: R$ 11,95

= preço de venda: 77,90

+ Rateios: R$ 7,85

+ Custos fixos: R$ 8,60

+ Margem de lucro desejado: R$ 10,00

Estratégia de Preços

O marketing aplicado na precificação também exerce forte influência na estratégia de preços. Na tabela abaixo há o cruzamento das informações sobre a qualidade dos produtos com o preço ofertado. O resultado apresentado demonstra qual a estratégia está sendo aplicada pelo restaurante.

Dentro a classificação premium é quando o objetivo é atingir um público específico e exigente. Já a penetração é a busca pela rápida entrada no mercado e a super barganha além da entrada rápida objetiva também no desmonte da concorrência, visto que a qualidade do seu produto é alta o preço está baixo.

Produtos e serviços classificados com a qualidade mediana que estão com o preço alto tem como ação a tentativa de valorização do produto e/ou busca por lucratividade rápida. Os de qualidade média considera-se justo e condizente. Já a barganha é a penetração do mercado através da negociação preço x volume.

O preço alto e qualidade baixa é a tentativa de tirar vantagem inicial, lucrar e posteriormente sair do mercado. Os consumidores irão perceber a baixa qualidade do produto/serviço e além de não querer mais adquirir farão a propaganda “boca a boca” relatando a sua experiencia negativa.

Produtos de qualidade inferior e com preço mediando é a tentativa de valorizar um produto ruim e finalmente o produto barato é aquele cuja preocupação do empresário é exclusivamente com o volume de vendas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, E.S.; SPINELLI, M.G.N.; PINTO, A.M.S. Gestão de Unidades de Alimentação e Nutrição: Um modo de fazer. 7ª ed. São Paulo: Metha; 2019. 419 p.

FONSECA, K.Z.; SANTANA, G.R. Guia Prático para Gerenciamento de Unidades de Alimentação e Nutrição. Bahia: UFRM, 2012, 92 p.

VAZ, C.S. Restaurantes: Controlando Custos e Aumentando Lucros. 2ª ed. Brasília: Metha, 2011, 193 p.

Por Sanar

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