Meditação clínica, o que você dentista ainda não sabe | Colunista

No ano de 1979, o estadunidense John Kabat-Zinn criou o programa que viria a se tornar um fenômeno mundial: a meditação Mindfulness (Based Stress Reduction), que em português significa Redução de Estresse baseada em Plena Atenção.

Essa evolução das técnicas meditativas para o ocidente do planeta ganhou força ao longo dos anos e hoje temos escolas brasileiras que utilizam técnicas meditativas com crianças e adolescentes. Essa categoria de meditação visa estreitar a filosofia oriental para se adequar a sociedade laica de diversos países. Segundo o artigo “Mapa de evidências sobre meditação e mindfulness”, a prática reduz consideravelmente o estresse e a ansiedade das pessoas que praticam a atividade. E é justamente aí que entra o papel do Cirurgião Dentista durante o atendimento odontológico.

Afinal, quantos e quantas pacientes já chegam no consultório suando frio, por vezes ainda tremendo ou com a musculatura dos ombros e da face tensos? O simples fato de um(a) paciente perguntar sobre a anestesia local antes de qualquer procedimento já  aponta a preocupação. Assim sendo, temos uma grande ferramenta em nossas mãos: a meditação clínica. 

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E como ela funciona?

Bom, antes de tudo vamos entender o que é a meditação.

Classificada de diversas formas, a meditação é uma das práticas mais antigas da humanidade e consiste basicamente em prestar atenção à respiração. Isso mesmo! O simples fato de estar consciente do movimento do ar entrando pelas narinas, atravessando a traquéia e chegando nos pulmões, pode ser considerado meditação. Agora existem sim inúmeras maneiras de se praticar, como Yoga ou Tantra, por exemplo. 

Voltando a meditação clínica, vamos seguir com um protocolo simples que pode facilitar muito o manejo de pacientes tensos e ansiosos durante o tratamento.

Na cadeira do equipo, coloque o(a) paciente em uma posição de 135º (ou seja, nem sentado(a) e nem deitado(a) totalmente). De preferência coloque uma música bem calma no fundo, com sons de natureza (existem muitos vídeos desse tipo pelo Youtube). Converse com o(a) paciente e sinalize alguns comandos simples para ele(a) realizar e, em seguida siga aproximadamente esse script:

“Feche os olhos (pausa de 5 segundos). Vamos fazer um mapeamento do corpo, da cabeça aos pés. Use sua mente para obedecer aos comandos e vamos relaxando o couro cabeludo (pausa de 5 segundos), soltando o músculo da testa e das pálpebras (pausa de 5 segundos), passando pelo pescoço e pelo tórax (mais uma pausa de 5 segundos). Respire bem fundo pelo nariz e solte pela boca. Faça isso 3 vezes e a cada expiração sinta o corpo relaxando cada vez mais (espere ele ou ela finalizar a última respiração). Em seguida vamos continuar nosso mapeamento descendo pelo abdome. Sinta como o corpo se expande e esvazia a cada respiração (pausa de 5 segundos). O ar entra mais frio e sai mais quente (mais uma pausa). Os músculos das coxas também vão relaxando, passando pelas pernas até chegar aos dedos dos pés (pausa de 5 segundos). Mexa os dedos dos pés e sinta a leveza ao mesmo tempo que o corpo se acomoda na superfície da cadeira.” 

Nesse momento diminua a música até abaixar totalmente e continue: “ainda de olhos fechados, vamos deixar a respiração fluir naturalmente. Ela vai ficar mais demorada. Não há necessidade de controlar. Vamos então contar cada expiração até chegarmos ao número dez e caso perca a conta não há problema, vamos gentilmente recomeçar do zero até chegarmos ao número dez.

A mente pode divagar durante a contagem, não há problema nenhum nisso, apenas vamos calmamente retomando a contagem.” Dessa forma deixamos o ambiente em total silêncio e contamos até 3 minutos. Finalizando a prática, pedimos para o(a) paciente sentir o corpo e abrir os olhos quando se sentir confortável. Sugerir que ele(ela) espreguice também é uma ótima ideia. 

Um artigo publicado recentemente demonstrou que este método de varredura corporal e respiração consciente melhorou o bem estar e reduziu o estresse de alunos da área da saúde, durante um curso de meditação com carga horária de 36 horas.

Ao fim da prática, converse com o(a) paciente sobre a experiência e pronto, você acabou de aplicar a meditação clínica guiada para atender as necessidades do seu(sua) paciente, meus parabéns! 

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Referências:

Artigo ““Mapa de evidências sobre meditação e mindfulness”: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lis-48184

Notícia da meditação nas escolas: https://vejasp.abril.com.br/blog/criancas-sao-paulo/meditacao-criancas-escolas-mindfulness/

Livro meditação mindfulness: Mindfulness Meditation for Everyday Life. Piatkus, 2001 (autor John Kabat-Zinn)

Artigo “Efeitos de um curso de meditação de atenção plena em estudantes da saúde no Brasil”: https://www.scielo.br/j/ape/a/zskyVyDJyTwpxB5sMJsK5Qj/?lang=pt

Por Sanar

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