A avaliação psicológica engloba um conjunto de técnicas e métodos, de uso e aplicabilidade exclusiva do profissional psicólogo. A oncologia é a área que estuda e atua sobre o câncer. O câncer corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do organismo (INCA, 2019).
No mundo, estimam-se 1.806.590 novos casos de câncer e 606.520 mortes por câncer (SIEGEL, MILLER, JEMAL, ET AL, 2020). A mortalidade do câncer diminuiu nas últimas décadas, de especial modo pelo refinamento do tratamento e também a ampliação dos métodos diagnósticos, o que torna cada vez mais necessária a busca de estratégias que proporcionem qualidade de vida ao paciente oncológico.
A situação de enfrentamento de uma doença pode gerar impacto em diversas dimensões, especialmente pela mudança de rotina que proporciona. Diversas expressões emocionais e comportamentais podem ser manifestas nestes períodos, muitas delas podem ser consideradas esperadas para o momento. Porém, quando estas manifestações podem se estender e por isso é importante o acompanhamento e avaliação psicológica.
Avaliação de Ansiedade e Depressão
A descoberta de uma doença geralmente vem acompanhada de incertezas, medo e angústia. Quando se trata do diagnóstico de câncer, embora o tratamento tenha evoluído nos últimos anos, tem-se grande impacto no que tange a incerteza e angústia.
A incerteza acerca do curso do tratamento pode ser um dos fatores desencadeantes de sintomas de ansiedade e depressão. Isso pode ser manifesto por emoções e comportamentos. Por isso a atuação da avaliação nestes casos é verificar a frequência e intensidade dos sintomas, diferenciando o que é esperado para o momento e o que pode ser manifestação de transtorno que por vezes ainda não havia sido exposto.
Avaliação de Estresse Pós-Traumático
O impacto do tratamento, mudanças abruptas de rotina, o fator de ser submetido a tratamentos sem compreensão dos mesmos podem gerar sintomas relacionados ao estresse pós-traumático. Neste sentido é possível investigar o impacto do evento (tratamento cirúrgico, mudança de rotina, internação hospitalar) no dia a dia do paciente e o quanto este impacto pode ser manifesto em prejuízos na saúde mental.
Avaliação Cognitiva
Diversos estudos vêm avaliando o impacto cognitivo de tratamentos oncológicos. Isso acontece em virtude do mecanismo de ação destes tratamentos, que embora tragam resolução podem também causar efeitos colaterais.
Memória, atenção e função executiva são as principais funções cognitivas relacionadas aos tratamentos e condições oncológicas. Como a função executiva está relacionada com diversas habilidades sociais como flexibilidade, isso representa um grande impacto no retorno do paciente as suas atividades habituais. Além disso, durante o tratamento e com grandes períodos de internação hospitalar é possível que o paciente oncológico apresente episódios de delirium que devem ser manejados e podem influenciar no desempenho cognitivo após alta.
A avaliação cognitiva é imprescindível, especialmente no início do tratamento para avaliar a real reserva cognitiva do paciente e comparar com avaliação ao final do tratamento. A avaliação realizada nestes períodos pode ser importante para traçar estratégias de reabilitação cognitiva.
Importante mencionar que em alguns casos de câncer, especialmente os relacionados ao sistema nervoso central, pode haver disfunção da neurotransmissão, relacionada a neuro inflamação e a possíveis alterações anatômicas. Nestes casos a avaliação psicológica pode fazer parte do tratamento.
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Referências
CASCELLA, Marco; NAPOLI, Raffaela di; CARBONE, Domenico; CUOMO, Gaia Francesca; BIMONTE, Sabrina; MBOLLA, Bertrand Fikahem Ellenga; MUZIO, Maria Rosaria. Chemotherapy-related cognitive impairment: mechanisms, clinical features and research perspectives. Recenti Progressi In Medicina, [s.l.], n. 2018, p.213-224, 1 nov. 2018.
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