Plantas alimentícias não convencionais na nutrição | Colunista

O termo PANC foi criado em 2008 pelo biólogo Valdely Ferreira Kinnup, agrupando as plantas que possuem  partes  comestíveis, que no entanto,  não  estão  incluídas  nos  hábitos alimentares (KELEN, et al., 2015).

Os alimentos denominados como PANC – Plantas Alimentícias não convencionais, são em sua maioria, ricos em nutrientes, sendo que o interesse dos estudos científicos até o momento, se deve ao fato de que a maioria das PANCs apresentam fator nutricional elevado, considerados alimentos fontes de vitaminas e minerais essenciais com ações predominantemente antioxidantes e anti-inflamatórias (LIBERATO et al., 2019).

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Pela revisão de artigos científicos, as conclusões apontam, em sua maioria, que estes alimentos, embora sejam de fácil cultivo e benéficos, a maioria das pessoas, por desconhecerem as espécies e/ou formas de preparo e benefícios, acabam por não as incluir nas refeições. Estima-se que o Brasil conta com 3 mil espécies de plantas alimentícias não convencionais conhecidas, contudo, são pouco utilizadas (ZAPPI et al., 2015).

As plantas têm partes comestíveis e são facilmente encontradas em  ambientes  urbanos  e  rurais, de modo que, viabilizam sua inserção na alimentação diária. Em sua maioria apresentam características antioxidantes, anti-inflamatórias,  antimicrobianas   e anticarcinogênicas; atuando na  prevenção   de doenças (BEZERRA; BRITO, 2020).

As partes que são comestíveis depende da espécie, podendo incluir as folhas, frutos, pólen, botões florais, flores, medula caulinar, raízes e sementes (BIONDO et al., 2018).

De uns anos para cá, as PANCs têm ganhado espaço tanto nas notícias como em estudos de aplicação para pessoas saudáveis ou com carências nutricionais e podem ser utilizadas em variados preparos. Para citar alguns exemplos da relevância do cenário das plantas alimentícias não convencionais, temos a publicação da Oficina PANC (CORRÊA, 2018), do interior de São Paulo, que em sua ação produziu material com receitas e modo de preparo, instruindo a população.

Outro exemplo, é o material produzido por graduandas do último ano de nutrição, sobre a inserção de alimentos sustentáveis na cozinha do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo. Intitulado como PANC – Hortaliças Tradicionais e Técnicas Culinárias na Nutrição Hospitalar (SLATER; BARRIOS, 2021), trata-se do primeiro projeto sobre alimentação saudável hospitalar com utilização das PANCs.

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Porque comer PANCs?

Quando falamos de benefícios, pensamos num conjunto que inclui uma maior diversidade de nutrientes naturais, de fácil cultivo, de baixo custo e livre de agrotóxicos; significam ainda um resgate da cultura brasileira e subsistência das atividades rurais (JESUS et al., 2020).

Algumas espécies podem ser encontradas facilmente inclusive em pomares, campos ou terrenos baldios.

No entanto é necessário realizar a correta higienização das partes a serem consumidas e conhecimento de quais podem ser consumidas. O ideal é que sejam adquiridas em hortas comunitárias ou estabelecimentos pois as de terrenos baldios, encontradas em ruas ou campos, podem apresentar metais pesados, seja pela poluição ou uso de compostos tóxicos.Podemos destacar que há espécies ricas em zinco, cálcio, magnésio, fósforo, potássio, por exemplo, que são necessários para o bom funcionamento do organismo.

O ideal é que um profissional nutricionista, que conheça as PANCs, seja consultado para indicar, de acordo com as necessidades individuais de cada indivíduo, quais são as que devem ser incluídas no cardápio.

Outra dica para conhecer quais são as espécies, as partes que podem ser consumidas e como prepará-las podem ser consultadas em um excelente livro sobre o assunto, bem detalhado, chamado “O livro Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil”, de autoria de Valdely Kinupp e Harry Lorenzi.

A utilização de uma PANC deve ser bem orientada, pois embora tragam benefícios e seja possível cultivá-las e encontrá-las facilmente em nosso país, não são todas as partes que podem ser consumidas e a própria forma de preparo, devido a presença de compostos químicos naturais das plantas podem trazer malefícios à saúde. Então o ponto principal é conhecer, razão pela qual um nutricionista é tão indicado a (PASCHOAL; SOUZA, 2015).

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EXEMPLOS DE PANCS

Ora-pró-nobis – s (Pereskia aculeata) – pode ser usada crua ou cozida, é rica em fibras, cálcio e fibras,ferro, manganês e selênio;

Bertalha (Anredera cordifolia) – rica em proteínas, vitamina A, C, cálcio, ferro, potássio além de fibras solúveis e insolúveis. Destaca-se a presença de compostos antioxidantes;

Beldroega (Portulaca oleracea L.) – toda a planta é usada em saladas e pratos cozidos, fonte de potássio, magnésio, vitamina C,vitamina E, compostos fenólicos, ômega-3;

Almeirão-Roxo – consumo cru ou cozido, com sabor amargo. É fonte de proteína, fibras, cálcio e potássio;

Serralha – utilizada pela culinária mineira, é fonte de vitaminas A, C, B1, B2, potássio e ferro.

A utilização das PANCs como alimento permitem preparos variados, com uso em arroz, feijão, sopas, omeletes, saladas ou outras composições. Os sabores são variados, algumas podem apresentar crocância, outras são mais amargas ou até mesmo sabor leve. Quanto ao consumo, são consideradas seguras, de acordo com estudos científicos e a ONG de Alimentos, em matéria sobre as plantas comestíveis (2021).

Na atualidade, observa-se a busca pelo consumo de alimentos saudáveis, podendo significar uma oportunidade de utilização e recomendação de dietas nas quais as PANCs podem ser manejadas.

No entanto como as pesquisas já realizadas apontam, é necessário que o compartilhamento de informações ganhe amplitude para que a população não apenas conheça os benefícios como possam vir a aceitar as plantas não convencionais nos preparos e buscar o consumo, o que significaria a inserção de fato das PANCs no país.

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Referências Bibliográficas:

BEZERRA, Juliana Alves; BRITO,  Marilene Magalhães de. Potencial nutricional e antioxidantes das Plantas alimentícias não convencionais (PANCs) e o uso na alimentação: Revisão. Research, Society and Development, v. 9, n.9, e369997159, 2020(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i9.7159.

BIONDO, E.; FLECK, M.; KOLCHINSKI, E.M.; SANT’ANNA, V.; POLESI, R.G.Diversidade e potencial de utilização de plantas alimentícias não convencionais no Vale do Taquari. Revista Eletrônica Científica Da UERGS, v.4, n.1, p.61-90,2018. Disponível em: http://revista.uergs.edu.br/index.php/revuergs/article/view/1005 DOI; https://doi.org/10.21674/2448-0479.41.61-90. Acessado em 28 out., 2021.

CORRÊA, Ana Alice Silveira. Oficina PANC. Prefeitura de São José dos Campos, 2018.Disponível em: https://www.sjc.sp.gov.br/media/31687/livro-de-receitas-plantas-e-alimentos-nao-convencionais-mod2.pdf Acessado em 28 out., 2021.

 JESUS, Beatriz Barbosa de Souza; SANTANA, Karolina Silva Leite; OLIVEIRA, Vania Jesus dos Santos ; CARVALHO, Mariane de Jesus da Silva ; ALMEIDA, Weliton Antônio Bastos. PANCs – Plantas Alimentícias não convencionais, benefícios nutricionais, potencial econômico e resgate da cultura: Uma revisão Sistemática. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer – Jandaia-GO,2020. Disponível em : http://www.conhecer.org.br/enciclop/2020C/pancs.pdf Acessado em 28 out., 2021.

KELEN, M. E. B.; NOUHUYS, I. S. V.; KEHL, L. C.; BRACK.P.; SILVA, D.B. Plantas alimentícias não convencionais (PANCs): hortaliças espontâneas e nativas. ed.1, p.44, UFRGS: Porto Alegre, 2015.

LIBERATO, , P. da S., LIMA, D. V. T. de, SILVA; G. M. B. da. (2019). PANCs – PLANTAS ALIMENTÍCIAS NÃO CONVENCIONAIS E SEUS BENEFÍCIOS NUTRICIONAIS. ENVIRONMENTAL SMOKE2(2), 102–111. https://doi.org/10.32435/envsmoke.201922102-111.

ONG Banco de Alimentos. PANCS e suas potencialidades. São Paulo, 2021. Disponível em: https://bancodealimentos.org.br/pancs-e-suas-potencialidades/. Acessado em: 15 nov., 2021.

PASCHOAL, V.; SOUZA, N.S. Plantas Alimentícias não convencionais (PANC). In: CHAVES, D. F. S. Nutrição Clínica Funcional: compostos bioativos dos alimentos. VP Editora. Cap. 13, p. 302-323, 2015 Disponível em: https://www.vponline.com.br/portal/noticia/pdf/69c8eaa376fded1bf13a053e868facf0.pdf Acesso em:28 out., 2021.

SLATER, Betzabeth; BARRIOS, Weruska Davi. PANC – Hortaliças Tradicionais e Técnicas Culinárias na Nutrição Hospitalar. São Paulo: edição do autor, 2021, 111p. ISBN: 978-65-00-29745-4.

ZAPPI, D. C.; FILARDI, F. L. R.; LEITMAN, P.; SOUZA, V. C.; WALTER, B. M. T.; PIRANI, J. R.; MORIM, M. P.; QUEIROZ, L. P.; CAVALCANTI, T. B.; MANSANO, V. F.; FORZZA, R. C. (Comp.). Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia, Rio de Janeiro, v. 66, n. 4, p. 1085-1113. 2015. ID: 36148. . Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1590/2175-7860201566411 > DOI: 10.1590/2175-7860201566411. Acessado em 15 nov., 2021.

Por Sanar

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