Suplementação de colágeno: vale a pena? | Colunista

A crescente adoção de hábitos de vida saudáveis, visando a saúde, bem estar e estética associado a maior demanda de produtos nutracêuticos trouxe discussões a respeito de diversas suplementações encontradas no mercado que prometem “curar a dor” de diversas pessoas (MORIMOTO et al, 2013). Dentre elas, o envelhecimento da pele é um tema recorrente em consultório e está estritamente atrelada a suplementação de colágeno.

Estudos apontam que, em 2016, o mercado global de colágeno ultrapassou a marca de 3 bilhões de dólares e terá crescimento significativo, estimando em mais de 6 bilhões de dólares até 2025 (AVILA RODRIGUEZ et al, 2018).

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O colágeno é uma proteína presente no corpo humano – em diversas partes do corpo como: tendões, cartilagens e pele – com função de garantir integridade estrutural dos tecidos e resistência óssea, podendo ser dividido em 19 tipos (JÚNIOR et al, 2019). É composta por três cadeias polipeptídicas que se entrelaçam formando uma tríplice – essa estrutura, juntamente com a sequência e o tamanho, é que garantem a sua característica própria, ou seja, o tipo e o local de atuação no corpo (PRESTES, 2013).

Na pele, os tipos de colágeno mais presentes são I e III e, a partir da vida adulta (30 anos), a produção de colágeno começa a diminuir devido a redução de fibroblastos a qual gera mudanças estruturais na pele – em termos práticos, a pele perde elasticidade, espessura e hidratação (SOBRINHO, 2021).

Por esse ponto de vista, a suplementação é uma opção de estratégia para manter os níveis adequados de colágeno. Além disso, hábitos alimentares, estresse, tabagismo, sedentarismo, exposição solar entre outros estão relacionados a diminuição precoce ou mais acelerada de colágeno (SANTELLI et al, 2016).

A recomendação da ingestão de colágeno é de 10g/dia (FERREIRA et al, 2012) e, atualmente no mercado, há diversas marcas e tipos de colágenos vendidos – um estudo, realizado na cidade de São Paulo, analisou 29 marcas do mercado e encontrou as seguintes variedades: in natura, hidrolisados,  peptídeos,  peptídeos  hidrolisados,  peptídeos  bioativos e  colágeno tipo II não desnaturado (JÚNIOR et al, 2019).

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Em termos fisiológicos e funcionais, por se tratar de uma proteína, o colágeno começa a ser absorvido no estômago pelas enzimas pepsinas – estrutura é dividida em polipeptídeos – , logo após no intestino pelas enzimas pancreáticas – os polipeptídeos são quebrados em tri e dipeptídeos – e, por fim, no lúmen intestinal pelas peptidases – passam a ser aminoácidos – e são absorvidos (GUYTON, 2006), portanto, o colágeno não é absorvido como colágeno e seus peptídeos absorvidos podem ser reestruturados como diversas proteínas que exercem diferentes funções, seja colágeno ou não e são determinadas pela necessidade corporal de cada indivíduo (MIRANDA, 2020).

Entretanto, estudos mais recentes provaram que o colágeno é absorvido, em parte, como peptídeos e se acumulam em diferentes tecidos, como a pele e cartilagens, quando são absorvidos (MIRANDA, 2020). Portanto, a suplementação de colágeno mais indicada seria a hidrolisada com peptídeos bioativos – como é o caso das marcas que vendem em sua composição o colágeno verisol.

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O colágeno tipo II, por se tratar de um tipo mais abundante em cartilagens, é mais indicado para casos de osteoporose, osteoartrite, entre outros problemas em cartilagens e articulações (MIRANDA, 2020; JÚNIOR et al, 2019). Em termos fisiológicos, o colágeno atua no sistema imune, barrando a formação de enzimas colagenases as quais quebram a estrutura das cartilagens (GUPTA et al, 2012). Os estudos a respeito da pele, com o objetivo de retardar o envelhecimento, envolvem, principalmente, o tipo I.

Por fim, aspectos nutricionais podem interferir na absorção e devem ser levados em consideração: vitamina C, cobre, manganês, magnésio, selênio e zinco atuam como cofatores da síntese de colágeno, além da vitamina A e E que estão relacionados ao aspecto da pele (flacidez e linhas de expressão) (COZZOLINO, 2012).

A ingestão de proteína deve ser adequada, para que o corpo não priorize outros tecidos antes da pele e algumas vitaminas do complexo B (biotina, ácido pantotênico e piridoxina) também são importantes por estarem envolvidas no metabolismo dos aminoácidos (COZZOLINO, 2012)

A suplementação é uma opção viável. Vale a pena incluir a suplementação próximo ao horário de uma refeição que contenha alguns desses nutrientes ou optar por marcas que contenham alguns destes nutrientes em sua composição. O financeiro do paciente também deve ser levado em consideração para definir as opções e o horário da suplementação. 

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Referências

1. MORIMOTO,  S. M. I.; DIAS,  L. C. V, HIGUCHI,  C. T.  Nutircosméticos- Legislação Nacional. Revista de Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade, São Paulo, v.8, n.3, p. 39-60, 2013. Disponível em: http://www3.sp.senac.br/hotsites/blogs/InterfacEHS/nutricosmeticos-legislacao-nacional/. Acesso em: 06 de setembro de 2021.

2. Avila Rodriguez MI, Rodriguez Barroso LG, Sanchez ML. Collagen: A review on its sources and potential cosmetic applications. J Cosmet Dermatol, [SL], v.17, n.1, p.20-26, 2018.

3. Júnior, F. D.; Oliveira, D. Ap. G.; Soares, V. C. G.  NUTRACÊUTICOS: O COLÁGENO E SUAS DIVERSAS COMBINAÇÕES EM PRODUTOS DISPONIBILIZADOS PARA VENDA. TEORIA & PRÁTICA: REVISTA DE HUMANIDADES, CIÊNCIAS SOCIAIS E CULTURA v.1, n.1, p. 37-50, 2019. Acesso em: 06/09/2021

4. PRESTES, R. C. Colágeno e seus derivados: características e aplicações em produtos cárneos. UNOPAR. Cient  Ciênc  Biol  Saúde,  Londrina, v.15,  n.1,  p. 65-74, 2013.  Disponível  em: http://revista.pgsskroton.com.br/index.php/JHealthSci/article/view/791/758. Acesso em 06 de setembro de 2021.

5. Sobrinho, C. A. G. R. Suplementação de colagénio e o seu impacto no envelhecimento cutâneo – Revisão. Repositório Científico do Instituto Politécnico do Porto, Tese de mestrado, [SI], 2021.

6. FERREIRA DA SILVA, Tatiane; BARRETTO PENNA, Ana Lúcia. Colágeno: Características químicas e propriedades funcionais.Rev. Inst. Adolfo Lutz (Impr.), São Paulo, v. 71,  n. 3, 2012 .   Disponível em: http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0073-98552012000300014&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em  09 de setembro de 2021.

7. Santelli, G.M.M;  Zague, V. Bases Científicas dos Efeitos da Suplementação Oral com Colágeno Hidrolisado na Pele Revista Brasileira de Nutrição Funcional; São Paulo, v. 15, n.65, p. 19-25, 2016.

8. MIRANDA, R. B. Efeitos da suplementação de colágeno hidrolisado no envelhecimento da pele: uma revisão sistemática e meta-análise. Repositório Jesuíta, São Leopoldo, [SI], 2020.

9. GUPTA,   R. C,   CANERDY,   T. D;   LINDLEY,   J.; KONEMANN,   M.;   MINNIEAR,   J.; CARROLL, BA, et. al. Comparative therapeutic efficacy and safety of type-II collagen (UC-II),  glucosamine  and  chondroitin  in  arthritic  dogs:  pain  evaluation  by  ground  force  plate. J. Anim.  Physiol.  Anim.  Nutr.  (Berl),  Berlim, v. 96,  n. 5,  p.770-777, 2012.  Disponível  em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21623931. Acesso em 09 de setembro de 2021.

10. COZZOLINO, S. M. F. Biodisponibilidade de nutrientes. 4ª edição. São Paulo: Manole, 2012. 1334 p.

Por Sanar

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