Cada dia que passa observamos o mercado empreendedor crescendo bastante. Para os profissionais de saúde, isso é bastante comum uma vez que muitos deles têm, desde a faculdade, o desejo de abrir o próprio negócio. O odontólogo, o fisioterapeuta, o médico e tantos outros desejam aquele consultório dos sonhos. Para a nutricionista não é diferente.
Com a crescente procura do “corpo perfeito” e a divulgação em massa da importância da alimentação “saudável”, aumentou a procura por este profissional que cuida e promove saúde através da alimentação. Pessoas que almejam cuidar da alimentação, perder peso, melhorar seus hábitos de vida e alimentares estão cada vez mais procurando a Nutricionista para lhe orientar nas suas escolhas alimentares.
Para tanto é necessário que a Nutricionista siga os 4 passos mobilizadores da empreendedora de sucesso, antes de começar a divulgar seus produtos e serviços como profissional autônoma, proprietária de uma clínica ou de um empreendimento de produção de alimentos, por exemplo. São eles:
- Ter uma meta bem definida;
- Planejar e monitorar o passo a passo para atingir a meta desejada;
- Persistir;
- Estar comprometida.
Defina uma meta!
É muito importante que o Nutricionista tenha uma meta definida para ter de direcionamento na sua carreira. Utilizar a metodologia SMART é uma forma eficaz de conseguir pensar em uma meta inteligente.
Essa metodologia deve seguir os seguintes critérios:
- Específica – uma boa meta deve ser simples e bem específica. Por exemplo, uma nutricionista ao invés de colocar como meta “quero fazer uma pós graduação o mais breve possível” é muito mais comprometedor “vou me matricular em uma pós graduação de Nutrição Esportiva até 1ª semana de setembro de 2021.
- Mensurável – Tenha sempre em sua meta algum elemento mensurável que você possa acompanhar se está evoluindo para manter na estratégia ou alterar a forma de planejar. (Irei atender 20 pacientes a mais no mês de dezembro de 2021)
- Alcançável – Uma meta não pode ser irreal. Ela deve ser desafiadora, mas nunca inatingível. Quando traçar sua meta pense se ela é alcançável para você. Usando o nosso exemplo do item 2, aumentar a agenda em 20 pacientes a mais é desafiador? Para quem atende 100 pacientes por mês talvez não seja, mas para quem atende 5 por mês, é possível que seja.
- Relevante – Uma meta deve ser relevante não por si só, mas pelo negócio como um todo. Não adianta você gastar tempo e dinheiro em uma meta que não é relevante para você ou para seu negócio.
- Temporal – Toda meta tem que ter um prazo. Eu sempre recomendo colocar o prazo de início também, pois muitas vezes ficamos presos no ciclo da procrastinação e por vários motivos não iniciamos a atividade a tempo de concluir no prazo final estabelecido. Então coloque data de início e fim.
Um exercício importante é pensar como você se vê daqui há 2, 5 e 10 anos. Posteriormente a essa visualização, você poderá definir pequenas metas (subtarefas). Concluindo cada uma fica mais fácil alcançar a grande e tão sonhada meta maior!
Uma dica para isso é escrever. Um estudo da Dominican University revelou que as chances de uma meta ou atividade ser concluída quando escrevemos as mesmas aumenta em até 42% para se concretizar. Então tenha sempre um bloco de notas à mão ou tenha uma pasta no celular para escrever seus insights.
Se Planeje e Monitore
Com sua meta definida, você precisa pensar em como irá fazer para alcançá-la. Falamos no ponto anterior que é importante pensar em subtarefas ou submetas, mas é mais importante ainda pensar em como você irá fazer para alcançá-la.
Pontue tudo que você precisar para atingir sua meta. Não apenas recursos, materiais, mas também atividades que dependem de você ou de terceiros. Cuidado apenas para não confundir suas metas com as de outras pessoas ou instituições, pois muitas vezes cumprimos metas que não são nossas. É necessário separar muito bem isso.
Por exemplo, caso sua meta seja abrir seu consultório de nutrição até dezembro de 2021, elenque todos os processos que você precisa para isso. Pensar como será seu consultório, equipamentos necessários, acessibilidade, espaços comuns são etapas que precedem a concretização, de fato, da montagem desse consultório.
Outro exemplo, caso seu consultório seja para obesos, é importante pensar no mobiliário para que seu paciente sinta-se o mais confortável possível ou se seu público for para crianças importante pensar em uma brinquedoteca ou uma televisão com desenhos animados para não entediá-lo e se seu público for gestantes e puérperas, importante pensar em um cantinho para amamentação e ordenha. Tudo isso faz parte do planejamento e todas as etapas devem ser previstas para evitar o menor prejuízo possível.
Uma ferramenta importante para organização de seu planejamento é um plano de ação. Nesse plano você pode colocar metas, recursos, responsáveis, prazo de início, prazo final, grau de importância e observações (eu uso esse campo para anotar algo relevante em relação a àquela meta ou submeta).
Muito mais do que fazer o planejamento é monitorar o mesmo, pois não adianta você fazê-lo bem feito, e não acompanhar e atualizá-lo. Uma dica importante é revê-lo ao final do dia ou quando iniciar suas atividades no início da sua rotina de trabalho.
Persista!
Tendo em mente a certeza da sua meta e como atingi-la, a persistência é um atributo importante nesse momento.
Muitas serão as dificuldades, os imprevistos, os familiares e amigos trazendo informações que poderão não contribuir com o seu negócio. Nesse momento, você deve ser muito focado no seu planejamento e nos seus resultados. Por isso que o monitoramento é tão importante para avaliar os cumprimentos das tarefas e o progresso das suas atividades.
Contudo, é importante ter cuidado com o lado obscuro da persistência que é a teimosia. Observar se os resultados não estão sendo os esperados, é hora de mudar de estratégia. Já dizia Albert Einstein sobre esse assunto: “Insanidade é fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.”
Não seja teimoso, seja persistente!
Esteja Comprometido!
Um atributo muito importante para uma empreendedora comprometida é a autorresponsabilidade ou pode se dizer também que é uma empreendedora que age com o lócus de controle interno.
Por exemplo, uma nutricionista que tem consciência da sua autorresponsabilidade, entende que todos os problemas que ocorrem no seu consultório são de responsabilidade dela. Ela pode se perguntar: Por que? “Quem errou foi a secretária” Ou “o estagiário que não colheu corretamente os dados antropométricos”… ou “o computador quebrou e por isso não pode continuar a consulta.”
Todos esses problemas são de responsabilidade da empreendedora, da proprietária do negócio. Por quê? Respondo novamente: ela pode ter falhado no treinamento do funcionário, na orientação do estagiário ou na manutenção preventiva do computador. E mesmo que ela tenha feito todas essas etapas, ela pode não ter sido comprometida o suficiente para perceber que aquele funcionário não tem perfil para o cargo ou o estagiário estava desatento no momento da orientação ou o computador é antigo e precisaria ter sido trocado.
Quando uma empreendedora tem consciência da sua autorresponsabilidade no seu negócio, ela consegue estar mais aberta para novas possibilidades, tem mais soluções criativas para os problemas e normalmente são mais comunicativas e dispostas a novos aprendizados.
Uma empreendedora que não tem o atributo da autorresponsabilidade, normalmente age pelo lócus de controle externo. Elas, muitas vezes, não compreendem que são as responsáveis por todas as situações ocorridas nos seus empreendimentos. Os problemas estão sempre no outro ou em situações externas (tempo, governo, fornecedor, internet…) e nunca nelas. Normalmente não conseguem ter soluções criativas e não estão abertas para aperfeiçoar ou aprimorar seu negócio, pois já se acham autossuficientes.
Uma empreendedora que normalmente age com o lócus de controle interno são mais acometidos pelo sucesso no empreendimento. (MACIEL e CAMARGO, 2010.).
Você poderá observar as principais diferenças entre as pessoas que agem com lócus de controle interno e externo.
Antes de mais nada…
Estude o mercado! Observe os seus concorrentes. A Nutricionista pode trabalhar, enquanto empreendedora, com uma diversidade de possibilidades no ramo da alimentação e da nutrição.
Em uma análise realizada pela empresa ContaAzul, entre as tendências de mercado para 2021 estão Clube de Assinatura de alimentos e bebidas, delivery de comidas, principalmente para o público mais específico (pessoas com restrição alimentar, idosos e crianças), alimentos veganos e vegetarianos.
A Forbes publicou que os cuidados preventivos são uma excelente possibilidade para investir em 2021. Nesse caso, em se tratando, em Nutrição e alimentação podemos visualizar todo o modelo de prevenção utilizando a alimentação como forma de promover saúde e evitar doenças.
Ainda com a possibilidade das consultas virtuais até que a OMS (Organização Mundial da Saúde) decrete o fim da pandemia, autorizada pelo CFN (Conselho Federal de Nutricionistas, através da resolução CFN n º 684/21) cresce a possibilidade de atendimentos por parte da Nutricionista, o que pode gerar uma maior faturamento a esta profissional.
Contudo, é necessário seguir os passos descritos neste texto para atingir o sucesso que se almeja.
Bom trabalho!
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Referências
https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/resolucoes/Res_684_2021.html
MACIEL E CAMARGO, 2010. Lócus de Controle, Comportamento empreendedor e desempenho de pequenas empresas. Disponível em: http://ref.scielo.org/972fzv https://doi.org/10.1590/S1678-69712010000200008
https://blog.contaazul.com/negocios-em-alta
MACIEL E CAMARGO, 2010. Lócus de Controle, Comportamento empreendedor e desempenho de pequenas empresas. Disponível em: http://ref.scielo.org/972fzv https://doi.org/10.1590/S1678-69712010000200008
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O’Brien, G.E. (1984). lócus of control, work and retirement. Em: H. M. Lefcourt (Ed.), Research with the lócus of control construct: Extensions and limitations (Vol. 3). Orlando, FL: Academic Press.
Rotter, J. B. generalized expectancies for internal versus external control of reinforcement. Disponível em: https://psycnet.apa.org/record/2011-19211-001
O’Brien, G.E. (1984). lócus of control, work and retirement. Em: H. M. Lefcourt (Ed.), Research with the lócus of control construct: Extensions and limitations (Vol. 3). Orlando, FL: Academic Press.