Um panorama atual da odontologia no Brasil | Colunista

“Como tudo começou”

A história da Odontologia começa há muitos e muitos anos, sendo a Mesopotâmia a pioneira a documentar algo, com escritos que falavam sobre a destruição da estrutura dentária. Atravessando continentes, essa ciência logo tomou grandes proporções. Remonta ao século XVI várias publicações no continente europeu que já apontavam a Odontologia como algo a ser estudado com a devida atenção e particularidades.

No século XVI, durante a chamada era pré-cientificismo, a profissão tinha suas bases no empirismo, com técnicas rudimentares, sem nenhuma base científica para a realização de procedimentos odontológicos. Foi a partir do século XIX que a Odontologia passou a ter um caráter científico, com o surgimento da teoria celular e a teoria da evolução das espécies.

Atrelada à Medicina desde seu desenvolvimento, foi a partir do século XIX, nos Estados Unidos, e do século XX, nos demais países do Ocidente, que a Odontologia começou a ter sua independência. Passou a ser uma profissão que prezava pela prevenção e cura de doenças e não apenas focada em extrações dentárias e reabilitações protéticas.

No Brasil, anos após a sua colonização, era comum a prática da Odontologia pelos chamados “barbeiros”, que utilizavam da força bruta pra extrair dentes, sem anestesia, sendo essa a sua principal atividade. Percebe-se que a profissão não tinha nenhum status social e era executada até mesmo em lugares abertos, sem nenhuma higiene. Mas isso, por fim, mudou durante o século XX, com a regulamentação da profissão pela lei 5.081/1966 e recomendações quanto ao seu correto exercício.

“A Odontologia no Brasil Pós Constituição de 1988”

A Constituição cidadã, elaborada em 1988, traz em seu artigo 196 que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988). Dessa forma, a Odontologia deixa de ser uma ciência puramente curativista, para uma ciência que visa prevenir os indivíduos contra patologias bucais, assim como recuperar os já acometidos.

Com o advento da lei 8.080/1988, que cria o Sistema Único de Saúde (SUS), a presença do cirurgião-dentista em unidades básicas de saúde se tornou cada vez mais comum, principalmente com a criação da Estratégia de Saúde da Família (ESF), que teve seu início com o Programa Saúde da Família (PSF), concebido pelo Ministério da Saúde em 1994. Em 2000, foram criadas as Equipes de Saúde Bucal, integrando os cirurgiões-dentistas à equipe multiprofissional da ESF.

“Mercado de Trabalho”

O mercado de trabalho para profissionais de Odontologia está em ascensão. São muitos os caminhos que o profissional pode seguir: atuar no serviço público (nas esferas municipal, estadual e federal) e/ou privado, consultórios particulares, hospitais, seguir carreira acadêmica em instituições de ensino públicas e/ou particulares, atuar como consultor em grandes empresas, ingressar nas forças armadas, residências multiprofissionais… Enfim, uma gama de opções.

Com um grande número de dentistas que se formam todos os anos no Brasil, a Odontologia ainda segue com grande empregabilidade. O serviço público, principalmente prefeituras municipais, realizam todos os anos concursos para preenchimento de vagas, sendo essa a principal porta de entrada dos cirurgiões-dentistas no mercado de trabalho. Além disso, as residências multiprofissionais pagam uma bolsa durante todo o período de curso, que duram dois anos em média.

“Desafios atuais da COVID-19 na Odontologia”

O ano de 2020 nos trouxe um dilema que afetou toda a humanidade: a pandemia ocasionada pelo novo Coronavírus, decorrente da doença chamada COVID-19. Essa doença teve seus primeiros casos confirmados na cidade de Wuhan, província de Hubei, na República Popular da China, em dezembro de 2019, deixando o mundo em alerta. Em março de 2020, foi declarado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como pandemia.

A Odontologia é uma ciência que lida diretamente com fluidos corporais, sendo a saliva o principal. Isso acarreta um risco elevado para profissionais que integram a equipe odontológica, que vai estar em contato direto com aerossóis, principal meio de transmissão da COVID-19. Por prevenção, é indispensável o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), além de um rígido protocolo de biossegurança a ser seguido por todos da equipe, inclusive pelos próprios pacientes.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária tem se empenhado em orientar todos os profissionais da área da saúde de como se prevenir contra o Coronavírus por meio de uma série de notas técnicas, trazendo novas e antigas recomendações acerca do uso de EPIs e protocolos de biossegurança. O profissional cirurgião-dentista deve estar atualizado acerca dessas recomendações.

Por fim, cabe a cada cirurgião-dentista zelar pela sua saúde, pela saúde da sua equipe e não menos importante, pela saúde do seu paciente.

“Para onde vamos?”

A Odontologia segue sendo uma das carreiras da área da saúde mais promissoras a se seguir. Cada vez menos as pessoas procuram o profissional cirurgião-dentista apenas na presença de quadros agudos de dor. A Odontologia Estética segue em alta e novas especialidades surgem no decorrer dos tempos. Um exemplo é a Harmonização Facial, que vem se popularizando no Brasil nos últimos anos.

Em virtude dos fatos mencionados até aqui, fica claro que a Odontologia só tende a se expandir cada vez mais, fazendo com que o profissional possua uma gama de áreas a seguir dentro da profissão. Na Odontologia, há espaço para todos.

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