A palavra imunização está por todos os lados desde o início da pandemia da Covid-19. O que muitos podem não saber, é que nossa história com ela é antiga. E mais do que isso: trata-se de um enredo de sucesso. Sim. O Brasil é referência mundial em imunização.
Hoje somos uma das populações mais imunizadas do mundo e não podemos relaxar com a vacinação. Afinal,não queremos perder esse posto tão incrível, né?
Hoje o convite é para que você entenda melhor como conseguimos ser o número um. Além disso, vamos lembrar sobre a importância de manter o calendário vacinal em dia.
No caso de profissionais de saúde, isso é ainda mais importante. Imunizado, você protege a si mesmo e ao paciente. A gente já fala mais sobre isso.
Enquanto isso, já confira aqui as características das vacinas disponíveis no Brasil para o Novo Coronavírus e fique por dentro.
Agora, doses de informações surpreendentes!
A vacinação no Brasil hoje
Você sabia que o nosso país é um dos que oferecem o maior número de vacinas à população? São mais de 300 milhões de doses anuais, sendo 43 tipos diferentes de imunobiológicos.
Ao todo são 26 vacinas, 13 soros heterólogos (imunoglobulinas animais) e quatro soros homólogos (imunoglobulinas humanas) usados para prevenir ou tratar doenças. Os dados são do Ministério da Saúde.
Antes disso, percorremos um longo caminho. A gente compartilha aqui os episódios marcantes que levaram o Brasil a ser referência mundial em vacinação. Vem!
A história da vacinação no Brasil
A primeira vacinação aconteceu por aqui em 1804, quando a varíola estava preocupante. A doença era uma das mais temidas no mundo, com taxa de mortalidade de até 40%.
Muito tempo depois, a vacinação em massa surtiu efeito e o Brasil registrou o último caso da doença em 1971. Isso, graças ao Programa Nacional de Imunização (PNI). Começava assim um novo capítulo da saúde pública no Brasil.
Ele foi criado em 1973 e é o maior do mundo. Desde a criação do Programa foram muitas conquistas. A primeira delas foi em 1980, com a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, conhecida popularmente como paralisia infantil.
A meta ambiciosa de vacinar todas as crianças menores de cinco anos em um só dia foi um sucesso. O último caso da poliomielite em terras brasileiras foi em 1989, na Paraíba.
Em 1994, uma grande notícia: o Brasil e os demais países das Américas receberam um certificado inesquecível. Nele, a informação de que essa doença e o vírus causador haviam sido eliminados do continente.
Brasil: referência mundial em vacinação
Foi justamente o seu compromisso histórico com a vacinação em massa que colocou o Brasil em destaque. Graças a essa prática, conseguimos erradicar doenças fatais ou que deixam graves sequelas.
A erradicação da poliomielite, do sarampo e do tétano neonatal mostraram que o Programa Nacional de Imunização veio para ficar. O controle de doenças imunopreveníveis como coqueluche, hepatite B, difteria, rubéola e formas graves da tuberculose também são cases de sucesso.
O Programa já tem cinco décadas de vida. É referência mundial por ter mudado o perfil epidemiológico das doenças imunopreveníveis no Brasil. Ele é tão eficiente, que é parte integrante do Programa da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Além disso, conta com o apoio técnico, operacional e financeiro do Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). O Rotary Internacional e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) também contribuem.
Queda na vacinação no Brasil
Apesar desse histórico campeão, é preciso fazer um alerta: desde 2016 a cobertura de vacinação tem caído no Brasil. E não é por falta de vacinas. Muitas pessoas estão deixando de lado o hábito que nos colocou na dianteira do mundo. E isso traz consequências.
Em 2016 o Brasil recebeu o certificado de país livre de sarampo, entregue pela OMS. De lá para cá, no entanto, a cobertura vacinal no Brasil tem diminuído.
Em 2018 o Brasil registrou mais de 10 mil casos e perdeu a condição de eliminação do sarampo. No ano seguinte, o surto se expandiu. Foram mais de 18.000 casos confirmados no país, segundo dados da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Outro alerta vem do boletim epidemiológico sobre sarampo da Secretaria de Vigilância em Saúde. Ele aponta que só em 2020 o Brasil teve 8.419 casos da doença em praticamente todos os estados.
E não para por aí. Em 2019, antes da pandemia, sete das nove vacinas para bebês tiveram os piores índices de cobertura desde 2013. Os dados são do Programa Nacional de Imunizações tabulados pelo Estadão no portal Datasus, do Ministério da Saúde.
A vacinação durante a pandemia de Covid-19
Especialistas recomendam que a vacinação não pare durante a pandemia da Covid-19. Afinal, as outras doenças continuam na ativa. A Sociedade Brasileira de Imunizações defende que a vigilância epidemiológica das doenças preveníveis por vacinas deve ser mantida.
Em nota reforçou que “altas coberturas vacinais são fundamentais para a manutenção do controle ou eliminação de enfermidades que antes foram causas comuns de doença, hospitalizações e óbitos.”
Isso sem dizer que doenças imunopreveníveis podem sobrecarregar sem necessidade o sistema de saúde. Portanto, a dica é ficar atento ao calendário vacinal e às campanhas de vacinação.
A SBIm orienta que toda estratégia de vacinação considere a obrigatoriedade do distanciamento social e outras medidas de combate e prevenção à Covid-19. Veja aqui como fica a vacinação de rotina em tempos de pandemia.
A importância da equipe multidisciplinar na vacinação
Vacinas salvam vidas e protegem contra doenças graves e fatais. Estar com o calendário vacinal em dia é fundamental para os profissionais de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Nutrição, Odontologia, Psicologia e Medicina Veterinária.
Imunizados, podem atender os pacientes com mais segurança. E não estamos falando só de Covid-19. No caso de doenças transmissíveis, o compromisso ainda é maior, pelo risco de contágio.
Mas, o papel da equipe multiprofissional ainda vai além! Enfermeiros, farmacêuticos e nutricionistas podem contribuir muito com a sociedade ao incentivar a imunização. O mesmo vale para psicólogos, odontólogos e médicos veterinários.
A informação de qualidade transforma a vida das pessoas. Quando vem de profissionais de saúde da confiança do paciente, nem se fala. Por isso, a equipe multiprofissional tem muito a contribuir.
Vale a pena dialogar, orientar e fazer os encaminhamentos quando preciso for. Só com orientação correta e combate às notícias falsas podemos nos manter firmes e fortes no quesito vacinação.
Afinal, não queremos deixar de ser referência mundial em vacinação, não é mesmo?
Vacinas para crianças e adolescentes
Algumas vacinas precisam ser tomadas tão logo nascemos. Aqui listamos as 18 vacinas disponibilizadas pelo Sistema Único de saúde para o público de até 18 anos de idade. Elas fazem parte do Calendário Nacional de Vacinação brasileiro.
Vamos lá:
BCG: protege contra formas graves de tuberculose, meníngea e miliar.
Hepatite B: imuniza contra a hepatite B.
DTP+Hib+HB (Penta): vacina usada no combate à difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae B e hepatite B.
- Poliomielite 1,2,3 (VIP – inativada): administrada no combate à poliomielite.
- Pneumocócica 10 valente (Pncc 10): protege contra pneumonias, meningites, otites e sinusites.
Rotavírus humano G1P1 (VRH): utilizada no combate à diarréia causada pelo Rotavírus.
Meningocócica C (conjugada): protege contra a meningite meningocócica tipo C.
Febre Amarela (Atenuada): imuniza contra a febre amarela.
Poliomielite 1 e 3 (VOP – atenuada): vacina que protege contra o poliovírus tipos 1 e 3.
Difteria, Tétano, Pertussis (DTP): utilizada contra a difteria, tétano e a coqueluche.
Sarampo, Caxumba, Rubéola (SCR): imuniza contra sarampo, caxumba e rubéola.
Sarampo, Caxumba, Rubéola, Varicela (SCRV):vacina composta pelo vírus vivo atenuado do sarampo, da caxumba, da rubéola e da varicela.
Hepatite A (HA): combate a hepatite A.
Varicela: protege contra a varicela, que é a catapora.
- Diftéria, Tétano (dT): vacina que combate difteria e tétano.
Papilomavírus humano (HPV): vacina responsável por combater o Papilomavírus Humano 6, 11, 16 e 18 (recombinante).
Pneumocócica 23-valente (Pncc 23): indicada no combate a meningites bacterianas, pneumonias, sinusite, entre outras.
- Influenza: protege contra a influenza (gripe).
Vacinas para adultos
Como a imunização infantil virou case de sucesso no mundo, muitos acham que vacina é coisa de criança. Ledo engano. A imunização começa na infância e deve ser atualizada na fase adulta. Ela evita mortes e sequelas causadas por doenças imunopreveníveis como surdez, cegueira, paralisia e problemas neurológicos.
Aqui a gente elenca para você as vacinas que compõem o calendário vacinal do adulto, segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
- Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola)
- Hepatites A, B ou A e B
- HPV (Papilomavírus Humano)
- Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (difteria, tétano e coqueluche) – dTpa ou dTpa-VIP Dupla adulto (difteria e tétano) – dT
- Varicela (catapora)
- Influenza (gripe)
- Meningocócicas conjugadas ACWY/C
- Meningocócica B
- Febre Amarela
- Pneumocócicas
- Herpes zóster
- Dengue
A vacina Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para quem atem atés 29 anos. Também estão disponíveis pelo SUS as vacinas contra Hepatite B, Influenza e Febre Amarela.
Para profissionais de saúde o SUS também disponibiliza a vacina Tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (difteria, tétano e coqueluche) – dTpa ou dTpa-VIP e a Dupla adulto (difteria e tétano) – dT.
Aqui você pode acessar e baixar o calendário vacinal para adultos disponibilizado pela Sociedade Brasileira de Imunizações! É bem completo, fala sobre esquemas e recomendações e traz comentários detalhados sobre públicos.
Vacinação contra Covid-19 no Brasil
A imunização contra a Covid-19 no Brasil teve início em janeiro de 2021.Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil conta hoje com 251.665.609 doses aplicadas no Brasil. Essa informação é atualizada constantemente.
No site do Ministério da Saúde você acompanha direitinho o ritmo da vacinação contra a Covid-19 no Brasil. Se ainda não chegou a sua vez, aguarde!
Ah, um lembrete muito importante: a imunização para Covid-19 só fica completa com as doses precoconizadas. Neste momento, estudos apontam que será preciso mais do que as duas doses já previstas.
Isso porque a variante Delta é mais transmissível e pode escapar da resposta de proteção dada pela vacinação. A recomendação é de que ,principalmente idosos, tenham cuidados redobrados para evitar o contágio por essa variante já que eles têm mais chances de hospitalização e óbito.
No Brasil, a terceira dose está sendo aplicada para reforço da imunização. O foco até então é em idosos, profissionais de saúde e imunossuprimidos, segundo informações do Governo Federal.
Terceira dose da vacina Covid-19: O que sabemos!
Como imunização tem TUDO a ver com saúde, a gente preparou um incrível mapa mental sobre vacinas!
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