Ventosaterapia: um tratamento que deixa marcas | Colunista

O que é?

Apesar de ter ficado famosa há pouco tempo, a Ventosaterapia, é uma terapia antiga que faz parte da Medicina Tradicional Chinesa, empregada há bastante tempo (mais de 2.000 anos) e que utiliza basicamente um mecanismo chamado de pressão negativa (NASB et al., 2020).  

Existem duas modalidades para aplicação da técnica com ventosa: a ventosa úmida, que envolve sangria, e a ventosa seca, que é a sucção da pele pelo vácuo. De maneira geral, seu método de aplicação é por meio dos pontos de acupuntura, o que facilita a utilização da técnica ao redor do mundo pois assim a conduta se torna de certa forma padronizada por pontos devidamente nomeados (NASB et al., 2020). 

A pressão negativa que é utilizada na ventosaterapia promove o estiramento da pele e do tecido subjacente e consequentemente a dilatação dos capilares. Dessa forma, a técnica age levando a uma microcirculação aumentada, desintoxicação do tecido e alívio da tensão muscular dolorosa (HONG et al., 2020).

Como funciona?

Segundo Al-Bedah et al. (2019), a terapia com ventosa funciona de modo a drenar o excesso de fluidos e toxinas, afrouxar as aderências e revitalizar o tecido conjuntivo, aumentar o fluxo sanguíneo para a pele e os músculos, estimular o sistema nervoso periférico, diminuir a dor e modular o sistema imunológico.

Aplicação

Essa modalidade terapêutica pode ser aplicada de duas maneiras: a ventosa fixa, como o próprio nome indica o copo da ventosa permanece imóvel durante o tempo de tratamento, e a ventosa móvel, em que durante a aplicação são executados movimentos vigorosos e rítmicos para estimular os músculos e é principalmente útil no tratamento de dores ou dores associadas a várias doenças (AL-BEDAH et al., 2019)

Desse modo, a ventosaterapia tem grande capacidade de impactar positivamente na qualidade de vida do paciente que permite se submeter a técnica. De maneira geral, o tempo da sessão dura em média 20 minutos (AL-BEDAH et al., 2019).

Materiais

De acordo Aboushanab; Alsanad (2018), com os tipos de ventosas podem ser classificados de duas formas principais (2018): 

→ A primeira é “tipos de copos”, atualmente é possível encontrar ventosas de plástico, vidro, borracha, bambu, cerâmica, metal e silicone; 

→ A segunda maneira é “métodos de sucção”, desse grupo fazem parte as ventosas manuais, automáticas e de auto-sucção.  

Então a escolha do tipo de copo ou método de sucção vai depender de cada profissional, do objetivo que ele deseja alcançar com o tratamento e do material disponível no momento de aplicação.

Em quais condições é possível usá-la?  

A ventosaterapia tem indicação para diversas condições, como tosse, asma, acne, resfriado comum, urticária, paralisia facial, espondilose cervical, lesão de tecidos moles, artrite e neuro-dermatite (AL-BEDAH et al., 2019). No corpo, pode ser aplicada de acordo com a doença tratada. Por exemplo, é bem comum ser aplicada nas costas, assim como tórax, abdômen, nádegas e pernas (ABOUSHANAB; ALSANAD, 2018).

Para quem não está indicada?

Em compensação, ela está contraindicada quando, diretamente nas veias, artérias, nervos, inflamação da pele, em feridas abertas, olhos, nódulos linfáticos ou veias varicosas. Igualmente em fraturas ósseas e locais de trombose venosa profunda. 

Essas contraindicações podem ser listadas como absolutas e relativas. Para as contraindicações absolutas tem-se neoplasias, insuficiências (insuficiência renal, hepática e cardíaca). 

Nas contraindicações relativas estão: infecção aguda, uso de anticoagulantes, doença crônica grave (como doenças cardíacas), gravidez, puerpério, menstruação, anemia, doação de sangue recente e recusa do paciente ao procedimento (ABOUSHANAB; ALSANAD, 2018).

Marcas da ventosaterapia

Até o momento foi esclarecido acerca dos processos básicos sobre a técnica, e quanto as marcas deixadas por ela?

Pois bem, há pouco foi dito que uma das contraindicações relativas era a recusa do paciente ao procedimento. Acerca disso, pesquisadores (HONG et al., 2020; HONG et al., 2020) apontam que a aplicação da ventosaterapia podem afetar o psicológico do paciente, fazendo com que ele associe a terapia como uma experiência desagradável.

Isso pode acontecer por um fator cognitivo-emocional, em que ao invés de proporcionar relaxamento e bem-estar, ao se submeterem a técnica, alguns pacientes podem sentir medo e consequentemente outras emoções como desinteresse ou desconforto.

Após retirada do copo da ventosa, é natural que a pele apresente sinais que algo foi feito no local, isso ocorre com a ventosaterapia principalmente por seu mecanismo de aplicação que faz sucção da região. No entanto, para esses pacientes a marca da terapia que se destaca na pele, que vai desde uma leve hiperemia até um tom mais arroxeado, também provoca desagrado.

A explicação desse descontentamento é uma associação do medo da dor pela aplicação das ventosas com a inquietação acerca da marca que esta modalidade de tratamento proporciona.

É importante acrescentar que é preciso saber respeitar a individualidade de cada paciente. O profissional deve então saber conduzir a situação de recusa do paciente e selecionar outra conduta de ação similar para que não haja falta de adesão ao tratamento, a queixa principal seja solucionada e assim o paciente tenha mais qualidade de vida.

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Referências

ABOUSHANAB, Tamer S.; ALSANAD, Saud. Cupping Therapy: an overview from a modern medicine perspective. Journal Of Acupuncture And Meridian Studies, [S.L.], v. 11, n. 3, p. 83-87, jun. 2018. Medical Association of Pharmacopuncture Institute. http://dx.doi.org/10.1016/j.jams.2018.02.001.

AL-BEDAH, Abdullah M.N. et al. The medical perspective of cupping therapy: effects and mechanisms of action. Journal Of Traditional And Complementary Medicine, [S.L.], v. 9, n. 2, p. 90-97, abr. 2019. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.jtcme.2018.03.003.

HONG, Minyoung et al. Cognitive and Emotional Aspects of Cupping Therapy. Brain Sciences, [S.L.], v. 10, n. 3, p. 144-153, 4 mar. 2020. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/brainsci10030144.

HONG, Minyoung et al. Attentional Bias Toward Cupping Therapy Marks: an eye-tracking study. Journal Of Pain Research, [S.L.], v. 13, n. 1, p. 1041-1047, maio 2020. Informa UK Limited. http://dx.doi.org/10.2147/jpr.s252675.

NASB, Mohammad et al. Dry Cupping, Ischemic Compression, or Their Combination for the Treatment of Trigger Points: a pilot randomized trial. The Journal Of Alternative And Complementary Medicine, [S.L.], v. 26, n. 1, p. 44-50, 1 jan. 2020. Mary Ann Liebert Inc. http://dx.doi.org/10.1089/acm.2019.0231.