O farmacêutico está em todas as etapas de assistência ao usuário do sistema de Saúde. Seja o caso de uma simples dor de cabeça ou circunstâncias mais complexas; seja na gestão de setores, como farmácias, drogarias e laboratórios. Há atuação prevista ainda no controle da qualidade de derivados do sangue, na indústria alimentícia e no mundo acadêmico.
A importância dessa carreira é inquestionável. Mas, assim como as diversas áreas têm passado por transformações, na Farmácia não seria diferente. A farmacêutica Amanda Arruda, professora da Sanar Saúde, explica que a principal delas diz respeito à tecnologia.
“Ao buscarmos compreender esse presente tecnológico, podemos imaginar um futuro de novas atuações do farmacêutico. Como exemplo dessa perspectiva, podemos avaliar que as Indústrias Farmacêuticas estão em parceria com Indústrias de Tecnologia para o desenvolvimento de novas classes de medicamentos digitais”, destaca.
Em uma entrevista exclusiva ao Portal Sanar Saúde, a professora indica algo primordial para todos: como será o profissional de Farmácia do futuro?
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Como será o profissional de Farmácia do futuro?
Historicamente, os farmacêuticos se concentravam nas tarefas operacionais da Farmácia, com ênfase nas atividades convencionais de compras e controle de estoque. No entanto, a medida que as ciências em Saúde evoluíram e tratamentos se tornaram mais complexos, amplificou-se a necessidade de profissionais de saúde especializados, conduzindo, dessa forma, o farmacêutico ao desenvolvimento de atribuições que abrangem todas as fases da assistência ao paciente, bem como a inserção de tecnologias em saúde para auxílio das atividades diárias. Ao vislumbrarmos esse profissional, acredito que ele terá muito mais tempo dedicado ao processo do cuidado ao paciente, promovendo bem-estar e qualidade de vida, educando o paciente na administração da terapia medicamentosa, gerenciando os eventos adversos e as toxicidades do tratamento, participando no planejamento e na avaliação da farmacoterapia, enfatizando a importância da adesão ao medicamento e fornecendo cuidados de suporte.
Que papel esse profissional terá no sistema de saúde do futuro?
Esse profissional exercerá em tempo integral sua atuação no processo do cuidado, adaptando a terapêutica a cada paciente, discutindo casos clínicos com a equipe multidisciplinar, participando de forma ativa na tomada de decisão farmacoterapêutica amparado em princípios da fisiologia, fisiopatologia, farmacocinética e farmacodinâmica, e nas condições clínicas biológicas e sociais do paciente. Nesse sentido, o farmacêutico deve ponderar fatores como potenciais eventos adversos no plano de tratamento, interações medicamentosas, além de outras comorbidades que sugerem outras terapias, sobretudo, vislumbrando a segurança do paciente. Resultando na participação ativa na promoção, proteção e recuperação da saúde, além da prevenção de doenças e de outros problemas de saúde
O que deve ser feito no presente para que esse profissional do futuro seja alcançado?
Avanços clínicos e tecnológicos estão surgindo exponencialmente. A medicina de precisão oferece tratamentos mais direcionados e o farmacêutico deve estar atento a essa dinâmica. Nesse cenário, necessita-se considerar a inserção da informatização no processo de dispensação do medicamento, pois a sistematização tecnológica auxilia que atividades rotineiras nas farmácias sejam muito mais céleres. Nesse sentido, proporciona maior disponibilidade de tempo para atividades centradas no cuidado do paciente. Este profissional deve entender a necessidade de mapear processos, gerar relatórios, indicadores, além de inserir modelos para que a gestão compreenda a necessidade de assumir essas tecnologias.
Quais são os principais obstáculos que devemos enfrentar no caminho rumo a esse profissional do futuro?
O grande desafio é manter constantemente este profissional ávido na busca do conhecimento. Compreender o ritmo dinâmico dos ciclos de inovação leva o profissional a destacar-se frente aos avanços da saúde. Ao buscarmos compreender esse presente tecnológico, podemos imaginar um futuro de novas atuações do farmacêutico. Como exemplo dessa perspectiva, podemos avaliar que as Indústrias Farmacêuticas estão em parceria com Indústrias de Tecnologia para o desenvolvimento de novas classes de medicamentos digitais. E um medicamento dessa nova classe já foi aprovada pelo Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, o primeiro dispositivo terapêutico digital baseado em jogos com experiências cativantes de videogame para melhorar a função da atenção em crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
Como podemos nos preparar, em termos de educação, preparação e direcionamento de carreira, para os desafios que nos serão impostos nos próximos anos?
Construção do saber através de cursos de referência, baseado no estímulo a práticas eficientes de ensino, que tenham como proposta a capacidade de retenção do conhecimento através de métodos pedagógicos com realidade clínica, objetivando avanços tecnológicos.
O que podemos ter como aprendizado para o futuro desse momento terrível que vivemos, de pandemia?
Aprendizado em organização em saúde, planos de contingência, padronização de processos com alicerce na biossegurança. Entre avanços e retrocessos, acredito que estaremos mais preparados para lidar com grupos de risco e aprendemos a importância de ações individuais em prol do coletivo através de, por exemplo, métodos antigos, simples e eficientes como a lavagem das mãos com frequência, especialmente ao chegar em casa, durante a rotina de trabalho ou na escola; e cobrir a boca ao espirrar. Aprendemos que não devemos acreditar em notícias sem a devida fonte. E espero que jornais científicos continuem visualizando a importância das publicações de acesso livre e gratuito e elaborem condutas que possam continuar preservando esse acesso.
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