Medicamentos de Alta Vigilância (MAV), ou Medicamentos Potencialmente Perigosos (MPP), são fármacos que possuem maior risco de provocar danos significativos aos usuários.
Isso acontece, sobretudo, por falhas no processo de utilização. Assim, é fundamental que você saiba identificar e conduzir o melhor uso para eles.
Apesar dos MAV serem mais propícios a gerarem danos graves, é importante dizer que qualquer medicamento utilizado de maneira inadequada pode causar prejuízo.
Quais são os Medicamentos de Alta Vigilância
Estes medicamentos incluem: soluções concentradas de eletrólitos; como:
- Cloreto de potássio;
- Cloreto de sódio hipertônico;
- Solução intravenosa de insulina;
- Agentes quimioterápicos;
- Opioides intravenosos;
- Anticoagulantes, como a heparina.
E também medicamentos como:
- Solução de glicose concentrada (maior ou igual a 20%);
- Vasopressina injetável;
- Nitroprussiato de sódio;
- Ocitocina intravenosa;
- Inotrópicos injetáveis;
- Sedativos intravenosos;
- Bloqueadores da junção neuromuscular;
- Anestésicos gerais;
- Contrastes radiológicos, entre outros.
Além dos medicamentos potencialmente perigosos, alguns hospitais incluem na lista medicamentos cuja pronuncia ou grafia são semelhantes, a fim de evitar erros.
Onde são empregados os Medicamentos de Alta Vigilância
Empregam-se frequentemente medicamentos de Alta Vigilância na unidade de terapia intensiva (UTI) e nos serviços de emergência. Não só nessas situações, mas eles também podem estar envolvidos em processos de intervenção, como a quimioterapia.
São fármacos essenciais para a terapia medicamentosa e, portanto devem-se implantar formas de aumentar a rastreabilidade e a prevenção da ocorrência de erros e danos graves.
A má administração do MAV
Os principais danos associados aos MAV incluem hipotensão severa, hemorragia, hipoglicemia intensa, delírio, letargia e bradicardia. Em alguns casos, pode estar envolvido no agravamento da condição patológica do paciente.
O dano não só gera sofrimento ao usuário, mas também custos adicionais à gestão hospitalar, por envolver cuidados de recuperação do paciente.
Erros associados aos Medicamentos de Alta Vigilância
Os principais erros descritos em literatura estão presentes nas três etapas do serviço envolvendo medicamentos (médico, enfermeiro e farmacêutico), e podemos dividir eles em:
- Erro de omissão, quando uma dose não é administrada no horário prescrito.
- Erro na administração, quando se dá um medicamento não autorizado ou cuja dose não foi prescrita.
- Erro de dose extra, que é a administração de uma ou mais unidades de dose além da prescrita.
- Erro referente à via, ou seja, a administração pela via incorreta ou a que não foi prescrita.
- Erro com dosagem, administração de dose diferente da prescrita.
- Erro de preparo, quando há reconstituição ou diluição incorreta ou inexata, mas também pode incluir falha na agitação de suspensão, fracionamento incorreto, incompatibilidade físico-química entre medicamentos.
- Erro de medicamento deteriorado, quando há a administração dos medicamentos com integridade violada, seja física ou química.
- Erro de distribuição, quando há erros de rotulagem ou até dispensação de medicamento fora do prazo da validade, mas também incluem formas de armazenamento incorretas, que comprometem a integridade do medicamento.
- Erro de prescrição, quando há a prescrição de medicamentos incorretos, seja o princípio ativo, dose, apresentação ou até a via de administração. A legibilidade da prescrição é também um importante fator que predispõe a erros.
Como minimizar a má administração
As barreiras de segurança são sistemas de bloqueio e alertas que visam prevenir ou impedir a ocorrência de um evento perigoso, minimizando os danos.
Elas podem ativas, envolvendo uma ou mais funções para atingir o objetivo como barreira, ou passivas, que exercem sua função apenas por estarem no local do evento.
Além disso, o processo de educação dos profissionais da saúde sobre erros de medicamentos é fundamental para o gerenciamento e a prevenção de riscos e agravos no hospital.
É importante destacar que o centro do gerenciamento destes riscos é a farmácia hospitalar, mas deve estar conectada a todos os setores do hospital.
Além da educação, quatro etapas pode ser foco da criação de políticas de gerenciamento do risco: preparo; administração; rotulagem; prescrição médica.
Preparo
Por exemplo, no que se refere ao preparo, a dupla checagem no preparo, acesso restrito à manipulação e restrição do preparo somente momentos antes da administração são formas de evitar erros relacionados ao preparo, armazenamento e dispensação.
Administração
A dupla checagem da via e seringas orais incapazes de colocarem agulhas são dois exemplos simples de evitar erros relacionados à administração, por exemplo, impedindo que haja a confusão entre medicamentos orais e endovenosos.
Rotulagem
Rotulagem que destaque dos demais medicamentos, por exemplo, com nomenclatura legível e código de barras para a dispensação, evita-se troca tanto por nomes parecidos quanto pela desatenção do profissional de saúde.
Prescrição
A prescrição digitalizada permite acesso instantâneo para a farmácia hospitalar e enfermagem, previne interações, troca e ilegibilidade.
Por fim, há a adoção do sistema de distribuição por dose unitária, determinando prescrição unitária, individual e permite participação ativa do farmacêutico, tanto no preparo quanto no cuidado ao paciente.
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