“Rodei o globo, e hoje tô certo de que todo mundo é um”. Principia, primeira faixa do disco AmarElo, de EMICIDA, apresenta-nos a importância do “nós” e, de certo modo, reflete igualmente para a equipe multidisciplinar. Ué, como assim? Vem cá que vou te explicar!
Agora o foco é o paciente
O intenso processo de especialização na área da saúde, assim como mostrado por Peduzzi, repensa um conhecimento sobre o corpo humano fragmentado. Como resposta a esse acontecimento, foi observado movimentos para que tentassem redirecionar o foco para o paciente e à sua promoção de saúde. Contudo, tal mudança exige maior atenção aos acontecimentos da realidade e aos determinantes e condicionantes de saúde.
Você sabia?
A famosa Lei 8.080 nos apresenta ao Conceito Ampliado de Saúde em seu Art. 3, tópico que cai em provas de residências e concursos com bastante frequência!
Ok, entendi que ter essa visão holística do paciente é importante! Mas como uma equipe multidisciplinar vai nos ajudar nesta construção? Ótima pergunta. Vamos lá!
O que é Multidisciplinariedade?
Assim como proposto por Piaget a multidisciplinariedade mostra-se presente quando a solução de um problema requer a obtenção de informações presentes em mais de uma ciência ou setores do conhecimento sem que as disciplinas evocadas sejam alteradas ou enriquecidas.
Desse modo, profissionais como: nutricionistas, equipe de enfermagem, dentistas, médicos, médicos veterinários (entre outros!), podem ser necessários para solucionar aquele caso clínico que você tanto bate a cabeça. Podendo agregar, sim, na construção de um pensamento crítico ou na sua conduta fisioterapêutica.
Ah, lembrei de uma matéria da Sanar e recomendo (muito!) a leitura: “COVID – 19 e a importância da equipe multiprofissional”.
Fisioterapia: A profissão em ascensão
A terapia física e a terapia respiratória são as carreiras promissoras do futuro, segundo relatório do começo de 2020 do Fórum Econômico Mundial! O crescimento de 725% pela busca do profissional de Fisioterapia destaca a sua relevância para o contexto de pandemia (e pós pandemia também!).
O reconhecimento das diversas áreas traduz a tal sonhada visibilidade que a profissão vem buscando alcançar, contudo também reflete a busca pelo estudo da integralidade entre áreas de atuação do fisioterapeuta e dos profissionais de saúde. Como assim?
Bom, explicando melhor…
Entendendo que o indivíduo possui inúmeras dimensões, seja social, ambiental ou cultural torna-se fundamental a capacitação de estudantes e profissionais capazes de entender o indivíduo como um todo! A identificação desse ser como único respeita um modelo conhecido como: modelo biopsicossocial. Além, claro, do respeito com o paciente individualizando-o e reconhecendo-o parte daquele ambiente.
O papel do fisioterapeuta:
Entendendo esse cenário, o fisioterapeuta tem um papel fundamental na resolutividade de situações e desfechos a partir do momento que está trabalhando com as outras áreas para um bem comum: o paciente.
Benefícios? Inúmeros!
Como Corrêa e Simões destacam “a fisioterapia engloba a avaliação, diagnóstico cinético funcional, prevenção e tratamento.” Assim sendo, a inserção desse profissional, em um contexto multidisciplinar, enriquece a elaboração de condutas e tratamentos diante de inúmeras enfermidades.
Além de:
– Um melhor entendimento de cada área profissional. Seja em conceitos, abordagens, estudos.
– Troca de experiências, saberes, respeito e ética!
– Desenvolvimento das (famosas) soft skills.
– Networking e desenvolvimento social.
Entre outros inúmeros benefícios!
Áreas de atuação deste profissional:
Seja na prevenção primária, secundária e terciária e na reabilitação este profissional será um “agente multiplicador de saúde”. Podendo estar presente em uma equipe multidisciplinar em diversos ambientes e contextos.
O indivíduo em todas as suas dimensões:
Por fim, observamos que a importância de reconhecer aspectos físicos, psíquicos, biológicos, espiritual, social e cultural cabe a todas as áreas da saúde. Quando o paciente é reconhecido como ser único e com inúmeras faces o trabalho da equipe multidisciplinar torna-se agregador e muito benéfico! Fazendo jus ao trecho “tudo que nós tem é nós” a fisioterapia urge como uma profissão que em tempos atuais exige atenção, respeito e coletividade diante das outras áreas para um bem em comum: o paciente.
Referências:
PEDUZZI, Marina. Equipe multiprofissional de saúde: conceito e tipologia. Rev. Saúde Pública, São Paulo , v. 35, n. 1, p. 103-109, Feb. 2001 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102001000100016&lng=en&nrm=iso>. access on 31 Mar. 2021. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102001000100016.
Brasil. Lei 8080 de 19 de setembro de 1990, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm, e o Decreto 7508/11, de 28 de junho de 2011 que dispõe sobre a organização do SUS. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/D7508.htm. Obtido em 01/12/2013.
PIAGET, J. Epistemologie des relations interdisciplinaires. In: CERI (Ed.). L’interdisciplinarité: problèmes d´enseignement et de recherche dans les Universités. Paris: UNESCO/OCDE, 1972. p. 131-144 apud POMBO, O. Contribuição para um vocabulário sobre interdisciplinaridade. In: POMBO, O.; GUIMARÃES, H.; LEVY, T. Interdisciplinaridade: reflexão e experiência. 2 ed. rev. aum. Lisboa: Texto, 1994.
CORRÊA D. S.; SIMÕES G. C. G., Atuação do fisioterapeuta em equipe interdisciplinar – Uma revisão de Literatura. Fisiosale, Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Araçatuba, 2010.
Granato, Luísa. Fisioterapeuta: conheça a profissão que cresceu 725% na pandemia. Exame, São Paulo, 29, Mar e 2021. Carreira. Disponível em: <https://exame.com/carreira/fisioterapeuta-conheca-a-profissao-que-cresceu-725-na-pandemia/ >. Acesso em: 31, Mar em 2021.