A escolha de tratamento para a disfunção temporomandibular | Colunista

A Articulação Temporomandibular (ATM), participa de várias funções importantes do sistema estomatognático e as expressões faciais. A ATM é formada por um conjunto de estruturas (ligamentos, cartilagens, músculos e ossos) que juntas formam um sistema orgânico complexo, que como qualquer sistema complexo orgânico, é suscetível a doenças e disfunções que podem ser ou não associadas à dor (1)

Sabe-se que a DTM é de origem multifatorial e que as causas mais comuns são: alterações na oclusão, mastigação unilateral, lesões traumáticas ou degenerativas da ATM, problemas esqueléticos, fatores psicológicos e hábitos deletérios (1).

O diagnóstico da DTM articular é realizado pela coleta de dados do paciente contidos no histórico clínico e no exame físico. Os exames complementares, no caso os exames de imagem servem como métodos de diagnóstico e são utilizados para mensurar o grau de integridade de seus componentes, a relação funcional entre os mesmos, confirmar a extensão ou estágio de progressão da doença conhecida, avaliar e documentar os efeitos do tratamento já instituído.

Outros exames muitos usados em casos de trauma, são os registros oclusais, que mostram algum tipo de mudança relevante funcional. Deve-se atentar para a limitação de abertura bucal repentinas, presença de ruídos articulares, doenças sistêmicas articulares, infecção e insucesso em tratamentos conservadores (2).

O tratamento das DTMs deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, formada por cirurgião-dentista, psicólogo, fisioterapeuta e fonoaudiólogo. Esse tratamento deve sempre visar o restabelecimento das funções debilitadas, o alívio da dor, a redução da sobrecarga da musculatura, a promoção do equilíbrio neuromuscular e oclusal, e a redução do estresse e da ansiedade. A cirurgia estará indicada apenas quando o tratamento conservador não obtiver resultados satisfatórios (1).

Outro aspecto importante para a escolha do tratamento da DTM é o diagnóstico da de suas causas, suas condições sistêmicas e a disponibilidade de recursos, tanto do profissional atuante como do paciente, para que se possa iniciar e dar continuidade ao tratamento mais adequado. Deve-se priorizar tratamentos conservador, reversível e não invasivo, pois tratamentos invasivos podem resultar em outras sequelas que podem agravar ainda mais o quadro da DTM.

No tratamento conservador, podem existir desde orientações de autocuidado, intervenções psicológicas, terapia farmacológica, fisioterapia, acupuntura, laserterapia de baixa intensidade, placas de oclusão, exercícios musculares à terapias manuais e terapias fonoaudiológicas. O objetivo dessas terapias são a contribuição na redução de sobrecarga advinda de compensações e adaptações miofuncionais orofaciais que atuem como fatores agravantes ou perpetuantes da DTM; redução de dor e adequação da amplitude de movimentos mandibulares e, por fim, recuperação funcional do sistema miofuncional orofacial (3).

Alguns estudos clínicos tentam descobrir a associar outras doenças ou deficiências congênitas com a DTM, seria o caso de pessoas com deficiência auditivas. Acredita-se que a população surda possa apresentar uma predisposição à DTM em virtude da menor frequência de uso da ATM em relação aos ouvintes, se comunicando principalmente por expressões faciais e movimentos de membros superiores. Existem evidências de alterações auditivas (zumbido) como consequência da DTM, mas não foram encontrados estudos que tratassem da deficiência auditiva antecedendo a DTM. Constatou-se escassez de estudos específicos sobre DTM nesta população, principalmente pela dificuldade de comunicação entre profissionais da saúde e surdos. Observou-se, também, que inúmeros estudos em outras populações foram realizados no Brasil utilizando o questionário de Fonseca, e poucos, o Índice de Helkimo (1).

O grau de surdez não interfere no grau de DTM, conforme o artigo de Favero (1), não há correlação estatística entre os sintomas otológicos e DTM. Na verdade, o que existe é a associação significante entre os sintomas otológicos e os movimentos mandibulares, e o grau de severidade dos sintomas otológicos e o grau de sinais e sintomas das DTMs.

Muitos são os tratamentos para a DTMs, sendo desde conservadores à cirúrgicos, mas para que se exista uma escolha mais personalizada de qual tratamento mais adequado ao paciente deve-se primeiro prezar por um diagnóstico de excelência.

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Referências bibliográficas:

  1. Favero K. Disfunções da articulação temporomandibular: uma visão etiológica e terapêutica multidisciplinar [dissertação]. São Paulo: Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica Motricidade Oral; 1999.

  2. FERREIRA, Luciano Ambrosio et al. Diagnóstico das disfunções da articulação temporomandibular: indicação dos exames por imagem. Braz. j. otorhinolaryngol. [online]. 2016, vol.82, n.3 [cited  2020-01-11], pp.341-352. Available from: . ISSN 1808-8694.  http://dx.doi.org/10.1016/j.bjorl.2015.06.010.

  3. SASSI, Fernanda Chiarion; SILVA, Amanda Pagliotto da; SANTOS, Rayane Kelly Santana  and  ANDRADE, Claudia Regina Furquim de. Tratamento para disfunções temporomandibulares: uma revisão sistemática. Audiol., Commun. Res. [online]. 2018, vol.23 [cited  2020-01-11], e1871. Available from: .  Epub Apr 23, 2018. ISSN 2317-6431.  http://dx.doi.org/10.1590/2317-6431-2017-1871.