A administração de medicamentos é uma das tarefas mais complexas executadas pela enfermagem. Para se administrar uma medicação se faz necessário conhecimentos de anatomia, fisiologia, microbiologia, farmacologia, patologia e é claro, matemática. Afinal, nem sempre iremos encontrar as medicações prontas nas doses prescritas.
O termo segurança do paciente é amplamente utilizado nos diferentes cenários de cuidado em saúde, desde 2004, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) propôs a Aliança Mundial para segurança do paciente. Muitas ações têm sido propostas para erradicar a ocorrência de erros durante a assistência à saúde.
A equipe de enfermagem compõe a categoria de profissionais que passa a maior parte do dia ao lado do paciente prestando cuidados de diferentes natureza. Mas é indiscutível que a ação mais realizada pela enfermagem é a administração de medicações por diferentes vias.
O profissional de enfermagem necessita conhecer profundamente todas as medicações que administra ao paciente, desde indicação, vias de administração possíveis, efeitos colaterais possíveis e cuidados de enfermagem que devem ser empregados à cada medicação (COFEN, 2017).
Em 2017 a OMS, lançou o Terceiro Desafio Global de Segurança do Paciente para melhorar a segurança na administração de medicamentos, com objetivo de alcançar uma redução de 50% dos danos graves e evitáveis relacionados a medicamentos em todo o mundo, até 2022.
Se você receber uma prescrição médica solicitando para administrar em um paciente 500 ml de solução glicosada 10% por via endovenosa, porém você só tem disponível frascos de 500 ml de solução glicosada 5% e ampolas de 10 ml de glicose hipertônica 25%. Como você fará? Deixará de administrar dizendo que está em falta? Pedirá ao médico para trocar a prescrição? Sairá correndo? Nada disso! Vamos calcular para transformar o que temos no que queremos.
Vem comigo, que vou te mostrar uma forma fácil de resolver esse problema:
Vejamos:
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Prescrito: SG 10% 500 ml
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Tenho disponível: SG 5% 500 ml e glicose hipertônica 25% 10 ml
Vamos utilizar a seguinte fórmula (BARRETO et al, 2010): CF x VF = C1 x V1 + C2 x V2
Onde:
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CF = concentração final desejada (nesse caso 10%)
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VF = volume final desejado (nesse caso 500 ml)
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C1 = concentração de menor valor disponível (nesse caso 5%)
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V1 = volume necessário da C1 (não sabemos)
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C2 = concentração de maior valor disponível (nesse caso 25%)
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V2 = volume necessário da C2 (não sabemos)
Agora que já sabemos o que significa cada coisa, vamos montar a nossa fórmula?
CF x VF = C1 x V1 + C2 x V2
10 x 500 = 5 x V1 + 25 x V2
5000 = 5V1 + 25V2
Temos agora um problema, pois com duas variáveis diferentes não é possível prosseguir, então precisamos descobrir o valor de V1 ou de V2. Sabemos que VF será igual a soma de V1 com V2 (VF = V1 + V2). Então, podemos dizer que 500 = V1 + V2 e dessa forma: 500 – V1 = V2. Então V2 é igual a 500 menos V1.
Agora podemos seguir:
5000 = 5V1 + 25(500 – V1)
5000 = 5V1 + 12.500 – 25V1
5000 – 12.500 = 5V1 – 25V1
-7.500 = -20V1
-7.500/-20 = V1
V1 = 375 ml
Sabemos então que será necessário 375 ml de SG 5% (V1). Mas ainda precisamos descobrir o V2.
Se VF = V1 + V2, e sabemos que VF é 500 ml e V1 375 ml, agora ficou fácil saber quanto será o V2, não é mesmo?
Vejamos:
500 = 375 + V2
500 – 375 = V2
125 = V2
V2 = 125 ml
Então, se misturarmos 375 ml de SG 5% com 125 ml de glicose 25%, teremos um volume de 500 ml e uma concentração de 10%, conforme a prescrição.
Viu como é fácil? Basta sabermos utilizar a matemática a nosso favor!
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