Técnica, reabilitação e lado humano: Saiba como atua o fisioterapeuta em oncologia

 

Quem trabalha na área de saúde sabe que nenhum profissional consegue sozinho o sucesso do diagnóstico, tratamento ou cura de um paciente. Na oncologia, em particular, não seria diferente. Médicos, enfermeiros, nutricionistas e fisioterapeutas desenvolvem em conjunto um trabalho que vai da prevenção à alta hospitalar.

No caso de pacientes com câncer de mama, a atuação dos fisioterapeutas é ainda mais especial. Parte desse profissional a articulação entre técnicas integrativas e preocupação com o lado humano de quem passa por um momento tão desafiador: considerar a imagem corporal, a sexualidade, a reinserção das pacientes nas atividades sociais.

A fisioterapeuta Manuela de Teive, especialista em oncologia e professora da Sanar, fala em um conhecimento global. Não é só a parte mecânica, mas é também saber identificar sintomas que indiquem a evolução para um quadro mais grave. 

“Entender como ocorre o câncer, como ele se dissemina pelo corpo, entender os tratamentos e suas complicações, e atuar dentro dessa globalidade. Acho que esse é o grande diferencial. O fisioterapeuta em oncologia reúne, de certa forma, todas as especialidades em uma. Depende do local e do tratamento do paciente. A gente precisa reabilitar o paciente neurologicamente, respiratoriamente, na parte ortopédica. Precisa entender tecido pra entender cicatrização; entender como quimioterapia age pra prescrever atividade física correta”, explica.

 

Lado humano

Em todo esse processo, o lado humano é fundamental. A atenção ao que é prioridade para o paciente é, muitas vezes, mais importantes do que a sequência de um protocolo previamente definido. Saber identificar o momento de agir assim é resultado de uma escuta ativa e sensível.

Essa postura também é exercitada e estimulado na especialização em oncologia. Durante a formação, o fisioterapeuta se prepara para a comunicação de más notícias, para vivenciar o luto junto com as famílias. 

Manuela conta que, no início da sua carreira, em 2009, atendeu a uma paciente de terminalidade que não se preocupava com a morte, mas, sim, em desinchar o braço para caber no caixão e permitir que seus filhos a carregassem até o túmulo. Ou seja, se a parte respiratória era mais importante para os fisioterapeutas, para a paciente o conforto era primordial. 


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“Isso me fez entender o que era o fisioterapeuta em oncologia. Quebrar os protocolos tendo consciência do que vai fazer, pensar em toda a sistemática do quadro da paciente. (…) A gente desinchou o braço, ele foi reduzido, ela sorriu pra gente. Deixamos ela no hospital na sexta-feira muito feliz. Na segunda-feira, ela não estava mais com a gente”, lembra Manuela, antes de destacar a certeza de reabilitação e de ter feito o que a paciente precisava naquele momento.

É o que a especialista chama de “dar um passo atrás para poder dar dois à frente”.

“Esse preparo do fisioterapeuta oncológico, não colocar que o ideal é o funcional pra gente. Acho que o funcional é o ideal para para o paciente”, acrescenta.

 

Para ser fisioterapeuta em oncologia

A fisioterapeuta Manuela de Teive, especialista em oncologia, atua na área há mais de dez anos. É o mesmo período de tempo que a especialidade passou a ser reconhecida pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Coffito).

De lá pra cá, algumas coisas mudaram, por exemplo, já se fala em oncologia entre as disciplinas optativas nas faculdades. No entanto, ainda há uma luta travada junto ao Ministério da Educação para que a disciplina passe a fazer parte da grade curricular obrigatória.

Por outro lado, há poucos cursos que ofertem a especialidade, principalmente no Nordeste. 

“Criar esse conceito da fisioterapia em oncologia ainda é uma coisa que está sendo incutida nos hospitais, ambulatórios e clínicas. A gente vê crescimento exponencial, mas ainda tem muito poucos fisioterapeutas em oncologia no Brasil. A gente tem fisioterapeuta colocado no tratamento, mas que não é especialista”, observa Manuela.

Apesar desse aspecto da realidade, existe outro que aponta para uma área em ascensão, com construção de grandes centros e muito trabalho para profissionais que querem atuar em oncologia. O caminho é um só: se preparar.

“Acho que tem tudo pra dar certo”, reforça a especialista.


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Por Sanar

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