Dizem por aí que toda brincadeira tem um fundo de verdade e com o meme não é diferente. A internet toda diz e a gente, particularmente, concorda: o Nordeste é diferenciado.
Não apenas pelas belezas naturais, nem só pelos sotaques charmosos que possuem os nove estados que compõem a região. Mas é pela competência mesmo! Descobertas científicas que impactam toda a sociedade e iniciativas tecnológicas que facilitam o cotidiano são alguns dos feitos made in Nordeste.
Na semana do Nordestino, data celebrada no dia 8 de outubro, separamos algumas iniciativas pra você ver como sabemos do que falamos!
Sequenciamento do genoma do coronavírus
Uma das primeiras descobertas científicas sobre o novo coronavírus aqui no Brasil é fruto também do trabalho de uma nordestina, direto da Bahia. A biomédica Jaqueline Góes de Jesus é uma das pessoas à frente da equipe de cientistas que sequenciou o genoma do Sars-CoV-2. O mapeamento ajuda a entender como ocorre a disseminação do vírus, suas mutações e no desenvolvimento de testes e vacinas para a doença.
Jaqueline é formada pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública da Bahia, doutora em Patologia Humana, bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) e membro do Centro Conjunto Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, GenÔmica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE). A pesquisadora também é integrando do projeto Zika in Brazil Real Time Analysis (Zibra) e trabalhou no desenvolvimento e aprimoramento de protocolos do sequenciamento de genomas completos dos vírus Zika e HIV.
Monitoramento da Covid-19
Imagine a possibilidade de monitorar em tempo real o avanço do novo coronavírus em todo o Brasil, avaliar os dados de isolamento social e projetar número de casos e internamentos em diferentes cenários. É da Bahia o projeto que combina recursos de geotecnologias e inteligência artificial para essa finalidade, o Portal Geocovid-19.
O monitoramento é liderado pelo Programa de Pós-Graduação em Modelagem em Ciências da Terra e do Ambiente da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), em parceria com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (Secti-BA) e outras instituições, como universidades baianas, startups de georreferenciamento e laboratórios de biossistemas. Os dados podem ser visualizados em forma de tabelas, gráficos e mapas; em escala municipal, estadual e até federal.
Descoberta do Zika Vírus
Em 2015, a cidade de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, viveu uma epidemia de uma doença que ninguém sabia muito bem do que se tratava. Tudo mudou depois que o infectologista Antonio Carlos Bandeira contatou o pesquisador Gúbio Soares, da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Foi de sua equipe a descoberta do vírus que causava todo aquele sofrimento à população local: o zika vírus.
Na época, Gúbio Soares e a pesquisadora Sílvio Pardi suspeitavam que o vírus era transmitido por um inseto, posteriormente confirmado que pelo Aedes aegypti. Mas o grupo já detectou a contaminação do vírus pela saliva e pela urina também. O trabalho dos pesquisadores colocou o Laboratório de Virologia da universidade em nível internacional.
Pioneirismo na enfermagem no Brasil
A enfermeira baiana Ana Nery é considerada pioneira da área no Brasil. Tudo começou quando pediu ao presidente da província da Bahia que pudesse acompanhar seus filhos e seu irmão, oficiais do Exército convocados para lutar na Guerra do Paraguai, em 1864.
Ana Nery viajou na condição de enfermeira e, durante toda a campanha, prestou serviços ininterruptos nos hospitais militares de Salto, Corrientes, Humaitá e Assunção, além dos hospitais da frente de operações. Um de seus filhos acabou morrendo no combate.
Mas no retorno à sua cidade natal, Ana Nery recebeu diversas homenagens, inclusive, a Medalha Geral de Campanha e a Medalha Humanitária de primeira classe, concedidas pelo governo imperial. Também deu nome à primeira escola de enfermagem do Brasil, criada em 1923.
Fundação da psiquiatria no país
Baiano, mestiço, de família pobre, precoce. Juliano Moreira é considerado o fundador da disciplina psiquiátrica no Brasil, devido à sua trajetória. O soteropolitano se formou na Faculdade de Medicina da Bahia aos 18 anos, em 1891, e cinco anos depois se tornou professor substituto da seção de doenças nervosas e mentais da instituição.
Juliano Moreira frequentou cursos sobre doenças mentais, visitou asilos na Alemanha, Inglaterra, França, Itália e Escócia; dirigiu o Hospício Nacional de Alienados. Hoje dá nome ao hospital psiquiátrico que fica em Salvador.
O trabalho do médico tem também grande importância no combate ao racismo científico, por refutar a crença de que as doenças mentais estariam associadas à cor da pele das pessoas. Juliano Moreira também questionava outro pressuposto da primeira década do século XX: a de que havia doenças mentais próprias dos climas tropicais. O médico defendia que os inimigos das degenerações nervosas e mentais eram o alcoolismo, a sífilis, as verminoses, as condições sanitárias e educacionais.
Revolução na educação em saúde
Também é do Nordeste essa startup de educação e tecnologia em saúde que revoluciona o aprendizado no Brasil. A Sanar é certificada pelo sistema B e há seis anos impulsiona todos os dias a saúde no país com produtos voltados à capacitação de médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, médicos veterinários, nutricionistas, dentistas e psicólogos.
A Sanar atua em todas as etapas da carreira do profissional de saúde. Livros e cursos online preparam os profissionais para residências médicas e multiprofissionais, concursos e atendimento em unidades de saúde. Mais de 100 professores das principais universidades do país orientam os profissionais capacitados pela empresa.
Você lembra de outras iniciativas originadas no Nordeste?
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