Os possíveis caminhos da formação | Colunista

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Será que vou ter o emprego dos meus sonhos após me formar?

Esta é uma pergunta persistente e muitas vezes incômoda, que pode gerar angústias e ansiedade. Somos frequentemente questionados por “o que você faz?” ou “onde você trabalha?”. Desde muito cedo eu me preocupava em ter uma formação e sabia que queria ser psicóloga mas até iniciar o curso de psicologia, foi preciso tomar muitas decisões.

Naquela época minha família não tinha condições financeiras para pagar a mensalidade do curso. Como eu estava determinada a fazer uma faculdade após o antigo segundo grau (atual ensino médio) tracei o seguinte plano: pesquisei por cursos com os quais me identificasse e que me colocasse mais rapidamente no mercado de trabalho.

Tomei minha decisão durante uma leitura de jornal, que semanalmente publicava matérias para o público de vestibulando, abordando questões de provas das faculdades e explorando o universo das profissões.

Inicialmente, pensei em fazer administração. Nos anos 2000 o curso estava em alta, mas a oferta de profissionais também. Neste mesmo jornal foi publicada matéria que contava a história de uma bem sucedida secretária executiva de uma grande empresa. Além disso, detalhou a grade curricular do curso e a demanda por profissionais qualificados. Assim, eu decidi, estrategicamente, o curso que faria: secretariado executivo bilíngue.

Muitas vezes, para alcançarmos um objetivo final, precisamos fazer caminhos mais longos mas que nos ensinam muito.

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Dei início à graduação e me sentia feliz com a decisão tomada. Como eu gostava muito de gestão e do mundo empresarial, aprendi muito rápido o que eu precisava fazer para me posicionar e me destacar. Colei nos professores, ficava sempre antenada nas vagas de estágio e me engajava em projetos com oportunidade de bons aprendizados e networking. Gente, tudo isso fez muita diferença!

Os estágios apareceram. Trabalhei desde o primeiro semestre da graduação. Fiz vários, em segmentos diferentes, inclusive na própria faculdade. Em todos eles, me entregava mirando na minha tão sonhada contratação. E não é que deu certo?! Ao final do curso eu estava trabalhando na minha área de formação em uma empresa que andava namorando há anos.

Muita água rolou (mas muita mesmo!) e eu ainda carregava comigo o sonho de me tornar psicóloga. No momento que considerei oportuno, me matriculei. Pensa na minha alegria! Como eu já tinha uma carreira e trabalho, estava em condições de fazer a minha tão sonhada graduação em psicologia.

Novamente, colei nos professores, como não podia fazer estágio, devido ao emprego, procurei me engajar de outras formas, por meio de participação em grupos de estudos fora da faculdade, participação em eventos, pagos e gratuitos (a internet está repleta de cursos bons, de baixo ou até mesmo sem custo) e também voluntariado nos fins de semana.

Não sou muito falante, mas adoro um microfone! Se é para apresentar trabalho, pode me chamar que eu tô dentro! Acreditem, isso faz diferença. É uma oportunidade de você se expor, estudar ainda mais para fazer bonito e claro, os professores ficam com os olhinhos brilhando ao ver seus pupilos se dedicando. Seus mestres são seus futuros colegas de trabalho, sua imagem profissional será lembrada. Acredite nisso!

Se você não gosta muito de falar em público, não tem problema, é possível desenvolver essa técnica. Uma boa comunicação é essencial em qualquer carreira. Ela é uma poderosa ferramenta de conexão e cada vez mais, precisamos estar capacitados para usá-la na construção de laços mais fortes com nossos pares.

Uma dica muito bacana é fazer monitorias e participar de programas de iniciação científica. São formas de se aprofundar nas disciplinas e por à prova a capacidade de transmitir conhecimento. Também vale participar da organização de eventos do curso. Quantas habilidades são desenvolvidas com essas atividades, pense bem! Só um aperitivo pra você: Capacidade de relacionar com outro, comunicação, frustração, negociação, organização e por ai vai. Quais outras possibilidades você consegue enxergar?

Esteja aberto ao aprendizado, não se preocupe em responder logo de cara qual a abordagem irá seguir. Há pessoas que tem clareza sobre isso já nos primeiros períodos, outras vão descobrindo ao longo do curso. Não tem um jeito certo. O importante é saber aproveitar esse belo aprendizado no dia a dia.

Não se contente em estudar somente na sala de aula. É muito pouco. Se dedique em todos os momentos possíveis. Busque fontes além daquelas indicadas pelo professor, ou seja, amplie sua capacidade de compreender o pensamento de diferentes autores e também de questionar e gerar novos conhecimentos. Não é lindo isso?!

Outra coisa muito importante é a capacidade de trabalhar com pessoas e áreas diferentes, isso é fundamental para expandir os horizontes. O mercado de trabalho atual, requer profissionais capazes criar conexão e engajamento, nesse sentido, a habilidade de trabalhar em equipe e fazer parcerias é um grande diferencial.

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A sua carreira é como uma empresa e como tal, precisa de investimento em qualificação, conhecimento, valores éticos e definição da sua missão, visão e valores e ter resultado. A definição é essencial no processo de autoconhecimento.

É importante também se perguntar: Quem eu quero ser? Existe congruência entre o que eu faço e o que é preciso fazer para conquistar o que eu desejo? Ou seja, as atitudes estão em conformidade com os objetivos? São perguntas que dão clareza sobre quem somos. Essas ações, somadas ao seu processo terapêutico (sim, faça terapia desde a gradução!), irão contribuir para moldar o seu perfil profissional e favorecer o seu desenvolvimento pessoal.

Quanto a mim, como estou agora? Em transição de carreira e mais do que nunca focando na minha marca pessoal. Não trabalho mais para a empresa onde estive por 18 anos. Sai de lá com muitos questionamentos, porém, com a garantia de ter caminhado pelos lugares certos e incertos. Os incertos também contam, viu? Eles nos ensinam muito e aos poucos vamos colhendo bons frutos do nosso plantio.

Há sim muitos percalsos e reviravoltas, precisamos estar focados e apreciar a trajetória. Não se preocupe tanto com o final da caminhada, mas com a forma como se chega lá.

Mas Roni, se eu fizer tudo isso serei bem sucedido?

Cada um de nós atribui um significado ao sucesso. Seja lá qual for o seu, posso garantir que suas chances de se diferenciar serão maiores e não pense que acabou. Você precisa dar continuidade à jornada. Se atualizando, fazendo parcerias com colegas de profissão e também de outras áreas. Acredite: tudo que você aprendeu lá atrás será útil mais à frente. Use ao seu favor todo o seu potencial e comemore cada
conquista!

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Referências:

ARGENTI, Paul A. Comunicacão Empresarial. A construção da identidade e Reputação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

COVEY, Stephen R. O 8 hábito da eficácia à grandeza. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

PORCHAT, Ieda. Ser terapeuta. São Paulo: Summus, 1985.

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