CCIH na prevenção das infecções relacionadas à assistência à saúde | Colunista

Olá, hoje iremos abordar a importância da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), você já ouviu falar?

Então, a CCIH é formada por um grupo de profissionais de diversas áreas da saúde, dentre eles médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, farmacêutico, dentre outros, que possuem um objetivo em comum: o controle das infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), antigamente conhecida como Infecção Hospitalar (IH).

É obrigatório que todos os hospitais tenham suas próprias comissões, e essa obrigação é proveniente da portaria n° 2616, de 12 de maio de 1998, que aborda a obrigatoriedade dos Programas de Controle de Infecção Hospitalares (PCIH), dentre eles a necessidade das CCIH, definida por “órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de execução das ações de controle de infecção hospitalar”.

Dessa forma, vemos como é importante a CCIH em um hospital. Mas você já parou para pensar o que sãos as IRAS?

Bem, as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde são infecções adquiridas no ambiente hospitalar após 48 a 72 horas da admissão do cliente no hospital, que não estavam presentes e que podem estar relacionadas a algum procedimento terapêutico.

As IRAS são responsáveis pelo aumento do tempo de internação, aumento do consumo de antibióticos e outros medicamentos, além do aumento da morbidade e mortalidade dos pacientes, principalmente aqueles imunodeprimidos ou com alguma comorbidade.

Na Europa mais de 2,5 milhões de episódios de IRAS acontecem a cada ano e mais de 90.000 mortes estão atribuídas a elas (CASSINI et al., 2016).

No Brasil, no ano de 2017, a prevalência Global de IRAS foi de 10,8% (FORTALEZA et al., 2017) e estão associadas a procedimentos invasivos como inserção de cateter venoso central (CVC), cateter central de inserção periférica (PICC), cateterismo vesical (CV) e intubação orotraqueal (IOT), principalmente em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Mas, e o que os profissionais que compõe a CCIH fazem? Eles têm, além de outras atribuições, que prevenir as IRAS, uma vez que ao preveni-las, eles reduzem, também, a morbidade e mortalidade dos clientes.

É importante destacar que a CCIH promove a prevenção das IRAS em todas as faixas etárias, desde recém-nascidos a idosos, trabalhando principalmente no controle das IRAS nas UTI e Centro Cirúrgico.

Para isso, a CCIH institui protocolos hospitalares sobre a inserção de dispositivos intravenosos, cateteres vesicais e intubações orotraqueais, e também relacionado a cirurgias, evitando assim, as Infecções Relacionadas ao Cateter (IRC), Infecções de Trato Urinário (ITU) e Pneumonias associadas à Ventilação Mecânica e infecção de sítio cirúrgico (ISC) respectivamente.

O trabalho da CCIH é diário, coletando informações sobre esses dispositivos invasivos, pacientes e uso de antibióticos, eles também fazem análise dos exames de cultura para identificar a flora microbiana das unidades hospitalares e dos setores desses hospitais.

Fazem treinamentos sobre os mais diversos temas, desde limpeza hospitalar a produtos de higienização de superfícies, higienização das mãos e aplicação dos protocolos assistenciais, determinam normas e rotinas que visam diminuir ou controlar as IRAS.

Além de contabilizar todos esses dados para verificar se os níveis de IRAS estão sendo controladas, aumentando ou diminuindo, caso estejam aumentando faz-se um ciclo de treinamentos novamente.

Ou seja, é um trabalho contínuo e que enfrenta muitos desafios, pois depende da conscientização dos demais profissionais da área da saúde.

Atualmente a CCIH ganhou destaque no cenário mundial, com o aparecimento da doença Sars-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2) que causa o Covid-19, as CCIH de todas as unidades hospitalares tiveram que se preparar para a chegada dessa nova doença no Brasil.

Assim, os profissionais se uniram a outras lideranças para instituir protocolos de admissão de pacientes com síndromes gripais, fluxograma de atendimento, treinamento dos profissionais assistenciais quanto a paramentação e desparamentação dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), escolha dos EPI que seriam utilizados seguindo as recomendações do Ministério da Saúde e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Fica claro que a CCIH exerce função crucial e que somente consegue ser eficaz se tiver a participação de todos. Então é isso pessoal, ficamos por aqui, espero que todos tenham compreendido a importância das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 2616, de 12 de maio de 1998. Dispõe sobre a obrigatoriedade da manutenção pelos hospitais do país, de Programa de Controle de Infecções Hospitalares. Disponível em: Acesso em: 19 de Jun de 2020.

RODRIGUES, C. N. INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE OCORRIDAS EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE SÃO LUÍS-MA. 2015. Dissertação Mestrado em Gestão de Programas e Serviços de Saúde. – Universidade Ceuma, São Luís, 2015. Disponível em: . Acesso em: 19 de Jun de 2020.

ILAES. Instituto Latino-Americano para Estudos da Sepse Sepse: um problema de saúde pública / Instituto Latino-Americano para Estudos da Sepse. Brasília: CFM, 2015. Disponível em: . Acesso em: 19 de Jun de 2020.

CASSINI, A.et al. Burden of Six Healthcare-Associated Infections on European Population Health: Estimating Incidence-Based Disability-Adjusted Life Years through a Population Prevalence-Based Modelling Study. PLoS Med. v.13, n. e1002150. 2016

Fortaleza, C. M. C. B. et al. c Journal of Hospital Infection, v. 96, n. 2, p. 139–144, 2017.