Quebrando a rotina: o trabalho do enfermeiro na ESF

Palavras-chave: Estratégia saúde da família; Enfermeiro; Atenção Básica.

Se você perguntar para qualquer estudante do primeiro semestre de Enfermagem porque ele escolheu o curso e que área pretende seguir no futuro, certamente a maioria das respostas envolverá a área hospitalar. Quando pensamos em Enfermagem, a imagem que vem a nossa mente é geralmente a enfermeira cuidando dos pacientes dentro de um hospital, não é mesmo?

Entretanto, apesar de ser o campo de atuação mais conhecido, a área hospitalar é apenas um dos braços da atuação da enfermagem no país (um grande braço). Existem outras áreas que estão em constante crescimento, e uma delas é a Atenção Básica.

A Atenção Básica, ou Atenção Primária à Saúde (APS), reúne ações de promoção de saúde, prevenção de agravos, cura e reabilitação por meio de equipes multidisciplinares e baixa densidade tecnológica. As unidades de APS devem ser a porta de entrada preferencial na Rede de Atenção à Saúde (RAS) e possuem a tarefa de serem as coordenadoras do cuidado na rede.

Dentro da APS, existe a Estratégia Saúde da Família (ESF), que tem o território como base das relações de trabalho. As equipes trabalham com uma população adstrita dentro de seu território, o que proporciona a longitudinalidade do cuidado.

O enfermeiro ocupa papel essencial e de caráter gerencial dentro da equipe de ESF. Com autonomia, possui inúmeras funções. Além de ser responsável pela equipe de enfermagem, também é encarregado de gerenciar a equipe de Agentes Comunitários de Saúde.

Como ações do enfermeiro, podem ser destacadas:

  • Cuidado a indivíduos e famílias em todos os ciclos vitais;
  • Consulta de enfermagem;
  • Prescrição de medicamentos estabelecidos em protocolos do Ministério da Saúde;
  • Solicitação de exames estabelecidos em protocolos do Ministério da Saúde;
  • Realização e supervisão das atividades de acolhimento;
  • Realização da estratificação de risco;
  • Atividades de grupo;
  • Visitas domiciliares;
  • Procedimentos de enfermagem (curativos, administração de medicamentos, sondagens, imunizações);
  • Planejamento e gerenciamento das ações da equipe de enfermagem.

Muitas vezes, é o enfermeiro que assume também a função de gerenciamento do serviço e da equipe de saúde.

A consulta de enfermagem como parte da atuação do enfermeiro na ESF abre possibilidade de implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e inclui as consultas de pacientes com doenças crônicas, as consultas de pré-natal, ginecológicas e puericultura, além de outras.

A beleza do trabalho na ESF está em conhecer a população pela qual a equipe é responsável, conhecer o ambiente em que as famílias vivem, os lugares que frequentam, utilizar os dispositivos sociais como igrejas, escolas, centros comunitários como instrumentos de cuidado e promoção de saúde.

O trabalho na ESF proporciona uma fuga da rotina, a equipe lida com situações complexas, como vulnerabilidade social e patologias de todos os tipos. Bem como situações positivas, como diferentes configurações familiares, exemplos de solidariedade e união da comunidade. Dessa forma, oferece modos diferentes e criativos de resolução dos problemas, incluindo diferentes membros da equipe e realizando ações intersetoriais e intercomunitárias.

Se você faz enfermagem e quer sair um pouco do “trabalho padrão” do enfermeiro no ambiente hospitalar, sugiro acompanhar o trabalho de um enfermeiro de saúde da família por um tempo e abrir a mente para novas experiências. Além disso, as especializações e residências nessa área são uma grande oportunidade!

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Referência:

Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017: aprova a Política Nacional da Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília: Ministério da Saúde, 2017.