A disfunção temporomandibular é o termo utilizado para alterações funcionais, que inclui os músculos da mastigação, a articulação temporomandibular e estruturas associadas. A DTM pode ser diferenciada de acordo com a sua origem, sendo ela classificada como: artrogênica, miogênica e mista.
Os problemas articulares relacionados com DTM artrogênica podem ser causados por: doenças sistêmicas, infecciosas e inflamatórias. A DTM miogênica é causada por hábitos parafuncionais, tais como: bruxismo, principalmente durante o sono, onicofagia, apertamento e mordida profunda, podendo resultar em dor. A DTM mista é a classificação que faz a associação da artrogênica junto àmiogênica (Bicalho, Delgado e Borini 2015).
Diante disso a literatura sugere como tratamento a toxina botulínica, a qual vem demonstrando bons resultados terapêuticos, isso pelo fato da toxina agir como relaxante dos músculos faciais.
Por sua vez não há um fator determinante único para a DTM, e o simples fato do paciente apresentar queixas não significa que este apresente a disfunção e necessite de tratamento, uma vez que estes sinais e sintomas são comuns. Desta maneira o tratamento com toxina deve ser direcionado para pacientes que apresentam comprometimento patológico, como dor, desconforto e limitação de movimento.
Na atual conjuntura a tendência da Odontologia está direcionada para tratamentos minimamente invasivos que oferecem recuperação rápida, sútil e com resultados satisfatórios. Devido a esta tendência, a aplicação da toxina botulínica tornou- -se eficaz no tratamento da disfunção temporomandibular.
Vale lembrar também que embora alcance bons resultados, este não pode ser o único tratamento para a doença, já que a DTM é classificada com uma doença multifatorial. Desta maneira a toxina botulínica deve ser utilizada de forma complementar e interdisciplinar.
De acordo com a literatura, uma revisão sistemática do ano de 2020 mostrou que a toxina botulínica tem benefícios para um tratamento de DTM, uma vez associada a outros tipos de tratamento. O artigo ‘Use of Botulinum Toxin in Orofacial Clinical Practice’ diz que a neurotoxina botulínica (BoNT) é uma toxina biológica potente e uma poderosa ferramenta terapêutica para um número crescente de aplicações clínicas orofaciais.
O BoNT relaxa o músculo estriado, inibindo a liberação de acetilcolina dos terminais nervosos pré-sinápticos, bloqueando a junção neuromuscular. Também tem um efeito antinociceptivo nas terminações nervosas sensoriais, onde o BoNT e a acetilcolina são transportados axonalmente para o sistema nervoso central.
Na odontologia, estudos clínicos controlados demonstraram a eficiência do BoNT em patologias como bruxismo, paralisia facial, distúrbios da articulação temporomandibular (ATM), dor neuropática, sialorréia, distonia e muito mais, avaliando as vidências clínicas de alto nível mais recentes sobre a eficácia do BoNT e para vários protocolos (toxina usada, locais de diluição, dosagem e infiltração) usados ??em várias patologias orofaciais.
Matérias Relacionadas:
- Malformações dentárias em pacientes pediátricos xubmetidos à quimioterapia e radioterapia
- Importância das atividades de pesquisa e extensão na formação do Cirurgião Dentista
- Cenário da odontologia em meio a pandemia da COVID 19
Referência :
Francisco j, pereira jr. A relação entre maloclusão e desordens temporomandibulares: uma breve digressão pelos últimos 80 anos. Rev . Hosp univer pedro ernesto, uerj. 2013 jan-mar; 12(1) 50-57.
Freund b, schwartz m, symington jm. Botulinum toxin: new treatment for temporomandibular disorders. Br j oral maxillofac surg 2000 oct;38(5):466- 71
Freund b, schwartz m, symington jm. The use botulinum toxin for the treatment of temporomandibular disorders: preliminary findings .j oral maxillofac surg .1999 aug; 57(8): 916-20.
Okeson, jeffrey p et al. Tratamento das desordens temporomandibulares e oclusão. In: 6 edição. [s. L.: s. N.], 2008.
ODONTO, NB. Queixas mais freqüentes dos pacientes com DTM:. NBODONTO, [s. l.], 2019.
FIGALLO, Maria. Use of Botulinum Toxin in Orofacial Clinical Practice. Toxins, [s. l.], 2020.