Quando pensei sobre esse tema imaginei que demandaria algum tipo de atenção e que seria relativamente fácil escrevê-lo. Não foi. A meta era buscar mulheres que representassem bem a Odontologia no Brasil e achei que o Instagram, com todas as suas ferramentas e a crescente publicidade, fosse o lugar mais fácil. Não foi.
Literalmente, são milhares de dentistas na rede social, mas poucas do sexo feminino. Estipulei que falaria sobre três mulheres que tivessem mais de 100 mil seguidores. O que para mim, seria bem razoável como critério para ser conhecido nacionalmente. Encontrei muitos homens, com um número bem maior de seguidores, mas pouquíssimas mulheres com alguma representação online. Mesmo que a meta fosse a metade do planejado inicialmente.
Depois de algum tempo eu só tinha um critério: que a escolhida realmente atuasse como cirurgiã- dentista. Não serviriam aquelas que transformaram a profissão e passaram para as mentorias, longe dos mochos (aquela cadeira que o dentista senta quando está atendendo). Foi uma busca bastante difícil, mas não impossível, apesar de conseguir contar os exemplos com os dedos de uma única mão (as descobertas estão no final deste texto).
O que nos leva à conclusão de que, apesar de haver muitas mulheres na Odontologia – correspondem a 55% de todos os cirurgiões-dentistas do país – elas ainda não utilizam o marketing para se lançarem nacionalmente, como a imensa maioria dos homens. Isto é reflexo da falta de apoio e de bons exemplos femininos a serem seguidos (como falamos no texto Mulheres cirurgiãs – os desafios da falta de representatividade).
Mas fica a pergunta um tanto capciosa: “as mulheres não aparecem porque não fizeram nada de especial ou não fizeram nada de especial porque não aparecem?”. O que nos leva a uma única conclusão: quando alguém faz essa pergunta já parte do pressuposto que as mulheres não participam de grandes pesquisas e não fazem nada para alavancar a carreira. Levando a crer que a ‘culpa’ por não serem reconhecidas é da inércia delas. O que jamais seria pensado sobre os homens, mesmo aqueles que não possuem trabalhos científicos.
Nós temos poucos e bons exemplos de mulheres pesquisadoras. Entre elas, a cirurgiã-dentista Brenda Paula Figueiredo de Almeida Gomes, que investiga a efetividade dos tratamentos odontológicos. Referência brasileira no estudo da morfologia interna dos dentes e dos fatores envolvidos no sucesso dos tratamentos endodônticos, Brenda, por alguns anos, foi a única mulher a integrar o corpo docente da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas (FOP/Unicamp), onde ainda atua como professora e pesquisadora estando a frente de 13 projetos na área de Odontologia.
Outro bom exemplo de pesquisadora é a professora Associada do Departamento de Dentística da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, Ana Cecília Corrêa Aranha , que desenvolve pesquisas sobre a erosão dental e a dieta ácida da atualidade, com bons resultados que influenciam diretamente no tratamento odontológico.
Você já percebeu que são poucos os exemplos, mas eles existem. Então, o que pode ser feito para que eles se tornem mais conhecidos? Publicidade e Marketing. É necessário crescer e aparecer. Mostrar o trabalho que está sendo feito e as pessoas por trás desse trabalho. Uma ferramenta rápida e bastante prática é o Instagram. A plataforma tem milhões de usuários que podem se conectar de forma gratuita e, além disso, oferece opções para monetizar as publicações transformando as postagens em anúncios.
Para que você possa visualizar de uma maneira mais prática o quê e como o conteúdo deve ser disponibilizado na rede social, faça o seguinte paralelo: O feed do Instagram é a sua vitrine. Nele você vai postar os seus casos clínicos, as suas competências. Deve haver uma regularidade de postagens e você não deve divulgar nada que assuste os futuros pacientes. Lembre que a cadeira odontológica ainda causa muito medo nas pessoas e ninguém gosta do barulhinho da caneta de alta rotação e de ver nada associado a dor, como agulhas (e qualquer instrumental utilizado na prática odontológica).
A sua imagem pessoa conta e muito para passar credibilidade e confiança. Busque uma boa imagem pessoal e perfil clean, o que torna tudo mais fácil de visualizar. Disponibilize informações cientificas e mais uma vez: nada de sangue ou instrumentos que assustem.
Tenha conteúdo, responda as duvidas dos seus pacientes, estudantes e até colegas de profissão. Seja amigável, mas respeite todas as normas do Conselho. No artigo “As Possibilidades Do Marketing Dentro Do Código De Ética Odontológica” você pode ver algumas regras.
E se você quer se inspirar em personagens da vida real que sabem utilizar bem as redes sociais. Aqui estão três exemplos de mulheres que conseguiram alinhar a carreira com ferramentas de marketing e conseguiram reconhecimento pelo trabalham que desempenham:
Maria Paula Borghi do @dicasparadentistas, com 115 mil seguidores. Especialista em DTM, mostra os casos clínicos, como atender melhor o paciente e as diversas maneiras que o profissional pode atuar para obter um melhor diagnóstico e tratamento. O IG dela é voltado para os profissionais da Odontologia.
Alessandra Souza do @dentistasoparabaixinhos, com 192 mil seguidores. É especialista em Odontopediatria, em Paciente Especiais, Mestre em Odontopediatria, Professora Universitária. Aborda casos clínicos, mostra a vivencia e alia ciência com o dia a dia para atender crianças, ensinando como os profissionais devem atuar para passar confiança para os país e atender as crianças com eficiência.
Andréa Figueiredo do @odontologiadicas, com 240 mil seguidores. Ela atua na Odontologia Preventiva, mostrando a importância de desenvolver pequenos hábitos de higiene e saúde bucal no dia a dia do consultório e como levar para comunidades. Ela aborda a saúde bucal de forma didática atingindo pacientes e profissionais da saúde.
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