Processo de ouro: simplificando o diagnóstico de NANDA

Bom caros colegas, hoje iremos simplificar os Diagnósticos NANDA (North American Nursing Diagnosis Association) de Enfermagem. Podem preparar os lembretes e os nos livros da SANAR. Sabemos que com a correria da vida acadêmica e da própria assistência acabamos nos automatizando e esquecemos dos conceitos chaves que podem fazer toda a diferença em um raciocínio clínico.

Uma etapa antes, vamos relembrar: o Diagnóstico de Enfermagem faz parte do Processo de Enfermagem, onde os dados coletados na Investigação serão interpretados, julgados e agrupados a fim de fornecer propriedade clínica tornando possível a tomada de decisão visando a segurança do paciente, constituindo assim, o principal parâmetro para posterior Avaliação (COFEN, 2009). Além disso, possibilita a visão do paciente de maneira integral a fim de estabelecer conexão com o seu biopsicoespritual. Além de ser uma imposição legal (COFEN, 2009), é através dele que temos autonomia profissional.

Existem várias formas de realizar o diagnóstico de enfermagem. O mais utilizado mundialmente é o Diagnóstico de NANDA. Ele é padronizado internacionalmente e possui um esquema classificatório com taxonomia de domínio e classe do diagnóstico com um sistema multiaxial. Atualizado de 3 em 3 anos, a NANDA conta com a colaboração de enfermeiros do mundo todo para constante atualização e criação de diagnósticos.

Compreendendo o caso clínico, o cenário assistencial e após a Investigação, deve-se transformar os dados em informações e conhecimentos de Enfermagem que irão nos conduzir a levantar as necessidades afetadas para andamento do raciocínio clínico.

  • Dica: ao estudar um caso clínico, atentem-se ao verbo se está no passado ou no presente! Vamos levantar as necessidades atuais, certo?

Ao analisar e avaliar essas informações e necessidades afetadas, questione o problema, se é algum fator positivo que pode ajudar na recuperação do estado clínico ou até se é/está tornando o paciente vulnerável a algo.

  • Dica: em uma folha de rascunho, agrupe os dados com as necessidades identificadas e se é um problema, fator positivo ou vulnerabilidade/risco.

Feito isso, agrupe as informações por conhecimento específico. Depois, separe as necessidades por prioridade e faça correlações clínicas levantando assim as hipóteses diagnósticas.

  • Dica: feito esse levantamento e agrupado as informações, faça uma análise prévia nos Domínios e Classes para que sejam levantados possíveis diagnósticos e agilize o pensamento clínico.

Lembrando, o Diagnóstico de Nanda é construído por um sistema multiaxial. Portanto, devemos pensar em vários eixos como por exemplo: o foco do diagnóstico, o sujeito do diagnóstico (paciente, família, cuidador…), julgamento (prejudicado, ineficaz…), localização (cerebral, auditivo…), idade (lactente, criança, adolescente…), tempo (crônico, agudo…), situação do diagnóstico (problema, risco ou promoção de saúde) (HERDMAN; KAMITSURU, 2015).

Feito o levantamento de necessidades afetadas, situação do diagnóstico, prioridades e domínio/classe prévios vamos nos apropriar do conhecimento clínico e checar as informações. Seguindo a linha de raciocínio e por ordem de prioridade, devemos buscar a página do domínio e classe previamente pensado. Buscando assim, qual diagnóstico deve ser utilizado.

Mas tenho a certeza de que você deve estar se perguntando nesse exato momento “como eu sei qual diagnóstico usar”?

Primeiramente, confira o título e as características da hipótese diagnóstica. Se condiz com o raciocínio clínico, continue com os próximos passos. Caso não, reveja o seu julgamento clínico e busque outros domínios e classes, ok?

  • Dica: atente-se as dimensões sociais, psicológicas e espirituais.

Bom, considerando que encontramos a definição e título adequados, vamos analisar agora as características definidoras, fatores relacionados ou fatores de risco que estão presentes no caso clínico.

  • Lembrando: vale mais de uma característica e fator.

Pronto! Metade do caminho já foi feito. Como vamos escrever corretamente o Diagnóstico? Simples. Lembram-se de quando definimos que a necessidade pode ser um problema, risco ou fator positivo para o caso estudado? Então a redação do Diagnóstico Nanda irá se deter basicamente sobre esse julgamento clínico.

Necessidade levantada como problema

 

  • Para redigir esse diagnóstico, vamos precisar do título, características definidoras e fatores relacionados. Lembrando que nessa modalidade o foco estará no problema!
  • (Título) relacionado a (fatores relacionados) evidenciado por (características definidoras).
  • Exemplo: Ansiedade relacionada a crises situacionais e estresse evidenciado por inquietação, insônia e angústia.

Necessidade levantada como vulnerabilidade/risco

 

  • Para redigir esse diagnóstico, vamos precisar do título e fatores de risco.
  • Risco de____evidenciado por (fatores de risco).
  • Exemplo: Risco de infecção evidenciado por vacinação inadequada.

Necessidade levantada como fator positivo/promoção de saúde

  • Para redigir esse diagnóstico, vamos precisar do título e características definidoras.
  • (Título) evidenciado por (características definidoras).
  • Exemplo: Disposição para o autocuidado melhorado evidenciado por desejo expresso de melhorar o autocuidado.

Bom, para ajudar de maneira sistematizada o raciocínio de vocês, montei um checklist que podemos utilizar em casos clínicos.

  1. Coletar dados;
  2. Agrupar dados, transformar em informação e conhecimento;
  3. Levantar dados sobre necessidades afetadas como: problema, risco ou como fator positivo para promoção de saúde;
  4. Organizar os dados por ordem de prioridade;
  5. Pensar nas hipóteses diagnósticas selecionando previamente em qual domínio e classe as necessidades se enquadram;
  6. Conferir a definição (caso não tenha a ver com o raciocínio clínico, voltar para checagem dos dados);
  7. Identificar características definidoras, fatores relacionados ou fatores de risco;
  8. Redigir o diagnóstico
    a. Problema: ____ relacionado a (fatores relacionados) evidenciado por (características definidoras);
    b. Risco: ____ evidenciado por (fatores de risco);
    c. Promoção de saúde: ____ evidenciado por (características definidoras).
  9. Continuar com Planejamento da Assistência de Enfermagem para posterior Intervenção.

Bom, espero que tenha ajudado de alguma forma o raciocínio clínico de todxs! Ah, não vamos esquecer de praticar, ok? Por ser um assunto prático, devemos a todo tempo treinar essa habilidade em estudos de casos clínicos, principalmente, nos livros da SANAR.

REFERÊNCIAS

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM – COFEN. Resolução nº 358. Dispõe sobre a Sistematização do Processo de Enfermagem e a implementação do processo. 2009. Disponível em: http://novo.portalcofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html Acesso em: 11/06/2020

HERDMAN, T. Heather; KAMITSURU, Shigemi (org.). Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: Definições e classificação 2015 – 2017. Tradução: Regina Machadi Garcez. Porto Alegre: Artmed, 2015. 468 p. ISBN 978-85-8271-253-5.

HERDMAN, T. Heather; KAMITSURU, Shigemi (org.). Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: Definições e classificação 2018 – 2020. Tradução: Regina Machadi Garcez. Porto Alegre: Artmed, 2018. 488 p. ISBN 978-85-8271-504-8