O que o cirurgião-dentista deve saber sobre ATLS?

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Apesar de qualquer pessoa estar susceptível a uma emergência médica, independente da hora e do lugar, o consultório odontológico é um ambiente de possível estresse ao paciente e assim pode propiciar situações inesperadas, inclusive durante os procedimentos (principalmente com o uso de fármacos que podem causar efeitos colaterais).

Sendo a emergência uma situação completamente imprevisível e requerer ação imediata, o profissional não pode omitir socorro. Por lei, ele responde pela vida do paciente. Desta forma, o cirurgião-dentista tem por obrigação estar preparado para agir, dentro e fora do consultório se por acaso for de encontro a um acidente, reconhecendo sinais e sintomas emergenciais.

Dentro do consultório deve existir um kit de atendimento básico de emergência, composto por estetoscópio e esfignomanômetro, cilindro de oxigênio, cânula de Guedel, insulina, bisturi, oxímetro, adrenalina, anti-histamínicos, soro fisiológico, e glicose 50%.

Em casos de situações durante o atendimento, primeiro deve-se avaliar o nível de consciência do paciente para então seguir um protocolo lógico.

Quando o paciente estiver consciente, interrompa o procedimento e questione ou avalie o que está ocorrendo, somando sempre às informações previamente expostas durante a anamnese. Administre oxigênio, afira os sinais vitais (FC, FR, PA e temperatura), verifique as pupilas e a forma muscular bilateral e estabeleça a melhor conduta a partir das respostas.
 
Quando o paciente estiver inconsciente, primeiramente acione o SAMU 192 e inicie as manobras de manutenção de vida, verificando o pulso. Em caso de pulso positivo, aplicar ventilação mecânica a cada cinco segundos, checando o pulso a cada dois minutos. Em caso de não houver pulso, iniciar o ciclo de 30 compressões torácicas em um ritmo de 100/minuto e duas ventilações em cada ciclo. Repetir até a chegada do socorro.

Emergências em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial
 

Sob a ótica da organização dos serviços hospitalares existentes, a Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial (CTBMF) é uma especialidade da Odontologia que apresenta como um dos seus objetivos o diagnóstico e o tratamento, cirúrgico e coadjuvante, das doenças de origem traumática do sistema estomatognático e da região buco-maxilo-facial, partindo desse principio é essencial o entendimento sobre todos os cuidados de um paciente politraumatizado contando que, na grande maioria dos traumas, é necessário o entendimento multidisciplinar envolvido, respeitando sempre as normas e os outros profissionais envolvidos no momento do atendimento inicial.

Ao se dar enfoque na área de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial alguns achados clínicos devem ter especial importância para a área e as medidas quando identificadas, devem ser imediatas, além dos protocolos explicados anteriormente e na sequência do XABCDE do trauma. Entre os achados clínicos e as ações que devem
ser realizadas temos:

  • RINORRAGIA (SANGRAMENTO NASAL)

           Ações imediatas:

  1. Permitir permeabilidade das vias aéreas;
  2. Manter cabeceira elevada;
  3. Controlar sangramento através de compressão;
  4. Aplicar compressa gelada no dorso nasal;
  5. Tamponamento nasal
  • FERIMENTO POR ARMA DE FOGO

           Ações:

  1. Desobstrução da via aérea;
  2. Conter a hemorragia;
  3. Imobilização da fratura;
  4. Debridamento e sutura da ferida
  • FRATURA DE PARASSÍNFESE BILATERAL (GAG BITE)

           Ações:

  1. Avaliação primária;
  2. O2 sob máscara;
  3. Considerar ventilação;
  4. Controlar hemorragias;
  5. Imobilizar a mandíbula (bloqueio maxilo-mandibular)
     
  • HEMORRAGIA RETROBULBAR

           Ações:

  1. Gaze com soro fisiológico;
  2. Curativo oclusivo;
  3. Avaliação oftalmológica; 1
  4. Cirurgia descompressiva 2

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Referências:
1. Emergências Médicas no Consultório Dentário. Conexão UNNA (2013).

2. Matheus Furtado de Carvalho; Rafael Kahale Ricieri Herrero; Diego Rocha Moreira; Eduardo Stehling Urbano; Peter Reher. Princípios de Atendimento Hospitalar em Cirurgia Buco-Maxilo-Facial. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo- Fac 5458, 79–84 (2010).

3. FURTADO, M. Princípios de Atendimento Hospitalar em Cirurgia Buco-Maxilo-Facial. Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.10, n.4, p. 79-84, out./dez.. 2010

4. COMITÊ DE TRAUMA DO COLÉGIO AMERICANO DE CIRURGIÕES; Advanced Trauma Life Suport (ATLS), 9ª Ed 2014.