Hoje, 8 de Março, é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Porém, ao contrário do que muitos pensam, não é o dia de celebrar apenas a beleza feminina, a delicadeza da mulher, o amor e cuidado. É infinitamente mais do que isso.
Dessa forma, quero te fazer uma pergunta:
Qual (ou quais) mulher mais te inspira?
Vou dar um tempo para você pensar…[pense agora]
Sua resposta foi sua mãe ou alguma figura materna que você associa à sua criação, ao apoio emocional e ao seu sustento?
Pois é. Como eu sabia que você iria responder isso? Porque, historicamente, quando falamos em inspiração feminina, a figura da mulher se atrela quase que imediatamente à noção de maternidade, o que reflete os âmbitos do cuidado e da atenção.
Não há problema algum em ressaltar a importância dessas figuras em nossas vidas, pelo contrário, é necessário. Entretanto, porque será que não conseguimos dissociar a mulher desse papel de “mãe”, quando ela pode e exerce inúmeros papéis de relevância intelectual, política e social que transcendem o âmbito familiar?
Eu proponho que, neste Dia da Mulher, nós façamos diferente. Vamos valorizar também as mulheres que marcaram a história brasileira e mundial por seus feitos e conquistas científicos, culturais, econômicos, políticos, esportivos e intelectuais!
Vamos valorizar mais livros escritos por mulheres, filmes dirigidos por mulheres, empresas fundadas por mulheres e ações encabeçadas por mulheres. Vamos conhecer melhor esses nomes, que são diversos e muito ricos. Vamos dar voz a quem merece ser ouvido.
Em nosso caso, escolhemos com muito empenho 7 mulheres que, nas diferentes áreas da Saúde, são uma inspiração para quem busca trilhar caminhos de inovação, sucesso e representatividade. São mulheres que, muitas vezes, estiveram a frente de seu tempo. Que, muitas vezes, tiveram os créditos de algo que fizeram roubados por um homem. Que, muitas vezes, tiveram seus feitos diminuídos apenas pelo fato de serem mulheres.
Vamos dar mais voz a elas?
Margaret Chan – Médica
Nascida em Hong Kong, na China, Margaret Chan fez história na Medicina no âmbito da saúde pública. Em 2003, esta médica se integrou à Organização Mundial da Saúde (OMS), sendo que três anos mais tarde tornou-se a diretora-geral da instituição, cargo este em que manteve-se a frente até 2017.
Margaret teve seu nome em maior destaque devido ao enfrentamento da epidemia do Ebola no continente africano. Já tendo somado um número superior a 20 mil mortes, Chan, liderando a atuação da OMS, anunciou, em 2010, o término desta epidemia que foi uma das piores crises na área da saúde das últimas décadas.
Ana Nery – Enfermeira
Ana Nery foi uma enfermeira baiana, considerada pioneira da área no Brasil. Dois de seus filhos e seu irmão eram oficiais do Exército, e ao irromper a Guerra do Paraguai em dezembro de 1864, eles foram convocados para os campos de luta.
Então, Ana requisitou ao presidente da província da Bahia que lhe fosse permitido acompanhar os filhos e o irmão durante os combates, ou, que ao menos, ela pudesse prestar serviços nos hospitais do Rio Grande do Sul. Deferido o pedido, Ana partiu de Salvador, na qualidade de enfermeira.
Durante toda a campanha, prestou serviços ininterruptos nos hospitais militares de Salto, Corrientes, Humaitá e Assunção, bem como nos hospitais da frente de operações. Um de seus filhos morreu na luta.
Após o término da guerra, regressou à sua cidade natal, onde lhe foram prestadas grandes homenagens. O governo imperial concedeu-lhe a Medalha Geral de Campanha e a Medalha Humanitária de primeira classe. Em 1923, a primeira escola de enfermagem do Brasil recebeu o nome de Ana Nery.
Odette Ferreira – Farmacêutica
A vida e obra da farmacêutica portuguesa está intimamente ligada à história do HIV-Aids. Ela foi a responsável pela descoberta do vírus HIV-Aids de tipo 2 e pelo estudo das bactérias hospitalares. Coordenou a Comissão Nacional de Luta Contra a Aids entre 1992 e 2000.
Além de cientista, ela também era professora universitária na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa e investigadora criminal. Foi em um trabalho de investigação realizado no Hospital de Egas Moniz, em Lisboa, que prosseguiu com uma equipe do Instituto Pasteur, de Paris, que ela identificou o HIV de tipo 2, descoberta de grandíssima relevância no que se refere à epidemiologia e diagnóstico desta doença.
Mary McMillan – Fisioterapeuta
Ela é considerada a primeira fisioterapeuta dos Estados Unidos da América. Fundadora e presidenta da Associação de Mulheres Americanas de Fisioterapia (AWPTA), atual Associação Americana de Fisioterapia (APTA).
McMillan nasceu em Massachusetts, mas cresceu na Inglaterra, onde recebeu sua educação superior na Faculdade de Cultura Física de Liverpool.
Em 1917, foi criada a Divisão de Hospitais Especiais e de Reconstrução Física pelo exército dos Estados Unidos, na Primeira Guerra Mundial. Mary McMillan jurou prestar serviços e foi transferida no ano seguinte para o Hospital Geral Walter Reed em Washington, D.C. Lá ela supervisionou a formação de novos “ajudantes de resconstrução” e fundou o primeiro Departamento de Terapia Física (Fisioterapia).
Ministrou cursos em diversas universidades, até que, três anos depois, ela fundou a então AWPTA que perdura até hoje como APTA, a maior associação de fisioterapeutas americanos.
Nise da Silveira – Psicologia e Medicina
Foi uma médica psiquiatra brasileira. Reconhecida mundialmente por sua contribuição à psiquiatria, revolucionando o tratamento mental no Brasil.
Dedicou sua vida ao trabalho com doentes mentais, se posicionando radicalmente contra as formas que julgava serem agressivas em tratamentos de sua época, tais como o confinamento em hospitais psiquiátricos, eletrochoque, insulinoterapia e lobotomia. Nise ainda foi pioneira ao enxergar o valor terapêutico da interação de pacientes com animais.
Foi membro fundadora da Sociedade Internacional de Expressão Psicopatológica, cuja sede se localiza em Paris. Sua pesquisa em terapia ocupacional e o entendimento do processo psiquiátrico por meio das imagens do inconsciente deram origem a diversas exibições, filmes, documentários, audiovisuais, cursos, simpósios, publicações e conferências.
Em reconhecimento a seu trabalho, Nise foi agraciada com diversas condecorações, títulos e prêmios em diferentes áreas do conhecimento. Em 2016, foi lançado um filme baseado em sua história protagonizado por Glória Pires.
Lieselotte Hoeschl Ornellas – Nutrição e Enfermagem
Se você é da área de Nutrição, provavelmente já ouviu falar de Lieselotte Hoeschl Ornellas. Ela fez parte da primeira geração de nutricionistas no Brasil.
Nascida em Florianópolis, em 1917 decidiu estudar Enfermagem após ler a biografia de Florence Nightingale, enfermeira britânica que ficou famosa por ser pioneira no tratamento a feridos na Guerra da Crimeia. Mas ela não era Nutricionista? Calma, já chego lá!
Após se formar em Enfermagem no Rio de Janeiro e se destacar no estudo para combater o surto de salmonela, Ornellas ganhou uma bolsa de estudos para cursar Nutrição, na Argentina.
Em 1950, sete anos após concluir a segunda graduação e com título de especialista em duas diferentes áreas, foi para a Bolívia trabalhar com as vítimas de uma inundação. Ficava responsável por coordenar a alimentação infantil por meio de fórmulas e leite. Lá, foi condecorada junto à equipe pela missão realizada.
Atuou como docente de Técnicas Dietéticas e produziu muitas obras que são até hoje utilizadas e recomendadas nos cursos de graduação em Nutrição. Devido a sua dedicação com os estudos e a profissão, realizou palestras em congressos e eventos ao redor do mundo durante toda sua carreira.
Em 2014, a Associação Brasileira de Nutrição (Asbran) lançou o Prêmio Lieselotte Hoeschl Ornellas, que reconhece o mérito ao nutricionista que, assim como ela, contribui com o desenvolvimento da profissão.
Lucy Hobbs Taylor – Odontologia
“As pessoas ficavam surpresas quando tomavam conhecimento de que uma jovem tinha esquecido de sua feminilidade para estudar Odontologia.” Essa é a famosa frase proferida por Taylor, primeira mulher a se formar em Odontologia no mundo.
Após inúmeras tentativas de adentrar na faculdade de Odontologia e ser recusada pelo fato de ser mulher, a americana abriu seu primeiro consultório em 1861, sendo tutorada por um recém-graduado que aceitou orientá-la.
Em 1862, Lucy mudou-se para Yowa e abriu um novo consultório. Ela foi rapidamente aceita e tornou-se membro da Iowa State Dental Society. Em 1865, o Ohio College of Dentistry removeu a proibição de mulher no curso e Lucy aplicou para o curso como estudante sênior. Graças à sua experiência prévia, Lucy recebeu seu diploma apenas um ano depois, tornando-se a primeira mulher a conquistar um diploma em Odontologia.
Ela também fez forte campanha pelos direitos das mulheres, de forma intermitente até sua própria morte em 1910.
Ela declarou na época o seguinte: “Escolhi a profissão, pela oportunidade de ganhar o pão, não só com o suor do meu rosto, mas também com o uso de meu cérebro”.
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Acho que dá para finalizar com essa frase, é o suficiente para enxergarmos esse Dia Internacional da Mulher com outros olhos a partir de agora.
Você tem mais inspirações femininas e gostaria de compartilhar? Comenta aqui embaixo!!
