O acolhimento e a classificação de risco tornaram-se indispensáveis para a prática assistencial. São utilizados nas situações de Urgência e Emergência e, através destas, mudou-se a concepção de atendimento por ordem de chegada, dando lugar ao atendimento por avaliação individual e classificação a partir dos protocolos do Ministério da Saúde ou a partir do Protocolo Internacional de Manchester.
Outro ponto importante e indispensável no atendimento em urgência e emergência é o suporte básico de vida, que é direcionado ao paciente vítima de trauma ou vítima de parada cardiorrespiratória.
Neste artigo, você poderá conhecer e entender a aplicação do acolhimento e da classificação de risco, bem como do suporte básico de vida, os conceitos importantes, as subdivisões e pontos importantes imprescindíveis para o atendimento inicial. Então, este artigo está dividido da seguinte forma:
ÁREAS DA EMERGÊNCIA
Um ambiente de urgência e emergência é subdividido por áreas de gravidade. Por convenção, existem 3 áreas principais: área vermelha, amarela e verde.
- Área vermelha: encontra-se a sala de emergência, destinada ao atendimento imediato de pacientes com risco de morte ou que necessitem de procedimentos invasivos;
- Área amarela: encontram-se os pacientes já estabilizados na área vermelha, porém que ainda precisam de cuidados especiais;
- Área verde: é composta pela sala de observação e, por isso, é a área em que, geralmente, os pacientes passam mais tempo.
PROTOCOLOS
A classificação de risco, segundo o Ministério da Saúde, contém:
- Vermelho (atendimento imediato, com risco de vida; emergência)
- Amarelo (o paciente pode aguardar cerca de 10 a 30 minutos; urgência)
- Verde (casos menos graves; pode ser atendido em até 2 horas; pouco urgente)
- Azul (pode aguardar até 3 horas; não urgente).
Já a classificação do Protocolo de Manchester, é dividida em:
- Vermelho (atendimento imediato, com risco de vida; emergência)
- Laranja (o paciente pode aguardar até 30 minutos; urgência)
- Amarelo (o paciente pode aguardar até 1 hora; potencialmente urgente)
- Verde (o paciente pode aguardar até 2 horas; não urgente)
- Azul (o paciente pode aguardar até 4 horas; ordem de chegada)
PRINCÍPIOS BÁSICOS DO ATENDIMENTO EM EMERGÊNCIA
Quando suspeitar de traumatismo grave?
- Quedas > 1,5 x a altura da vítima
- Atropelamento
- Colisões a mais de 32 Km/h
- Expulsão do paciente para fora do veículo
- Morte de um ocupante do veículo
- Danos severos ao veículo
- Capotagens
- Ferimentos penetrantes
Importante: a avaliação de cena e a segurança da equipe, do profissional e do paciente são primordiais no primeiro atendimento
O suporte básico sofre variações, isto é, o atendimento inicial é direcionado para a situação. Basicamente, há o atendimento inicial ao paciente vítima de trauma e ao paciente que necessita de ressuscitação cardiopulmonar (RCP).
Segundo a American Heart Association, o atendimento deve ser da seguinte forma:
Suporte Básico no Trauma:
- X: Controle de hemorragias
- A: Permeabilidade das vias aéreas e estabilização da coluna cervical
- B: Avaliar a respiração e ventilar
- C: Circulação
- D: Avaliação neurológica
- E: Exposição
Suporte Básico para RCP
- C: compressões torácicas
- A: Permeabilidade das vias aéreas e estabilização da coluna cervical
- B: Ventilar
- D: Desfibrilar precocemente
Importante: os protocolos são atualizados constantemente, então é importante atentar tanto para os mais atuais quanto para os mais antigos.
Aprofundando cada etapa do Trauma, temos:
X: Hemorragias – As hemorragias devem ser controladas comprimindo-se diretamente a lesão e elevando o membro ou, em último caso, comprimindo diretamente a artéria ou fazendo uso de torniquete.
A: Permeabilidade das vias aéreas e estabilização da coluna cervical – todo politraumatizado deve ser considerado como portador de lesão de coluna cervical, até que se prove o contrário.
Para a manutenção das vias aéreas, existem algumas manobras e utensílios:
- Chin Lift: elevação da mandíbula
- Jaw Thrust: elevação modificada da mandíbula
- Cânula orofaríngea (Guedel)
- Cânula nasofaríngea: indicado para pacientes com trismo, crise convulsiva ou fratura de mandíbula.
- Aspiração das vias aéreas: com cânulas rígidas ou flexíveis
- Máscara laríngea
- Via aérea definitiva: cânula endotraqueal conectada a um sistema de ventilação assistida
Vale ressaltar que é importante estar atento para o que está causando a ausência de permeabilidade das vias aéreas, como a presença de corpo estranho, por exemplo. Neste caso, pode-se fazer uso da Manobra de Heimlich (em pacientes conscientes) ou então realizar 30 compressões torácicas e avaliar se é possível retirar o corpo estranho (em pacientes inconscientes).
B: Avaliar a respiração e ventilar – quando a via aérea já está permeável, inicia-se a ventilação.
Os tipos de ventilação são:
- Boca-máscara
- Boca-acessório
- Sistema bolsa-máscara
- Ventiladores
Importante: Um cateter nasal ou uma máscara facial não são suficientes para atender às necessidades de um politraumatizado. A ventilação com máscara com reservatório (em um ritmo acima de 30 incursões/minuto) com um fluxo de 10 a 15 litros/minuto é capaz de atender à demanda inicial do paciente.
C: Controle de hemorragias – atentar para o risco de insuficiência respiratória e hipovolemia.
Nesse momento, é importante avaliar o nível de consciência, a coloração da pele e o pulso central.
Também se torna indispensável a obtenção de acessos venosos calibrosos para a reposição de líquidos (de preferência, Ringer Lactato).
D: Avaliação neurológica – observação do diâmetro e reatividade das pupilas.
O nível de consciência será avaliado pela análise dos seguintes parâmetros:
- A – O paciente está alerta;
- V – Responde a estímulos verbais;
- I – Não responde a estímulos.
E: Exposição – despir completamente o paciente e proteger contra hipotermia.
Após a finalização das etapas, inicia-se a Avaliação Secundária, onde cada região do corpo deve ser examinada por completo além da coleta de uma história. A coleta de informações da vítima é conhecida como AMPLA:
- A: Alergias
- M: Medicamentos
- P: Passado Médico
- L: Líquidos e Alimentos
- A: Ambiente (eventos relacionados ao trauma ou emergência clínica)
Na avaliação de cada região do corpo da vítima, o examinador deve estar atento a:
- Sinais de TCE (extravasamento de LCR; hematoma em região periorbital ou em região mastoidea)
- Trauma buco-maxilo-facial
- Distensão ou colabamento de veias jugulares (indicando pneumotórax, tamponamento ou hipovolemia)
- Sinais vitais
- Avaliação do tórax, abdômen, genitais (investigando lesão uretral) e extremidades
- Aplicar escala de coma de Glasgow
Após isso, é realizada a reavaliação e o tratamento definitivo.
Já na Parada Cardiorrespiratória (PCR), que é a interrupção abrupta da atividade mecânica cardíaca, devemos atentar para:
- Causas: Primárias – a principal em adultos é a fibrilação ventricular; Secundárias – as principais em crianças são causas exteriores ao coração. Ex: intoxicação, choque;
- Diagnóstico: Inconsciência, ausência de pulsos na circulação central, ausência de movimentos respiratórios;
- Técnica das compressões torácicas: realizadas sobre a metade inferior do esterno, com a região hipotênar do reanimador, com uma mão sobre a outra e dedos entrelaçados, comprimindo 5 cm do tórax em uma frequência de 100 a 120 compressões/minuto (ou 30 compressões para cada 2 ventilações) e monitorando a cada 5 ciclos (2 minutos) a respiração e o pulso.
- Modalidades da parada cardíaca: ritmos não chocáveis (assistolia – a cessação de qualquer atividade elétrica ou mecânica dos ventrículos; atividade elétrica sem pulso – caracterizada pela ausência de pulso detectável na presença de algum tipo de atividade elétrica) e ritmos chocáveis (fibrilação ventricular – a contração não coordenada do miocárdio; taquicardia ventricular sem pulso – sucessão rápida de batimentos ectópicos ventriculares que podem levar à acentuada deterioração hemodinâmica).
- Utilização do desfibrilador: manual (dependem totalmente do operador para interpretar o ritmo cardíaco e indicar o choque) e semiautomáticos (analisam o ritmo e indicam a necessidade de choque. Os aparelhos dependem do operador para dispara o choque. O DEA sofre interferência da movimentação da vítima, da respiração agônica e de convulsões)
- Terapia farmacológica na parada cardiorrespiratória: as drogas mais utilizadas são: Adrenalina, Vasopressina, Amiodarona, Lidocaína, Bicarbonato de Sódio (deve ser evitado, a não ser que exista acidose metabólica e/ou hipercalemia prévia ou intoxicações), Atropina, Adenosina, Noradrenalina, Dopamina, Dobutamina, Digitálico, Nitroprussiato de sódio (Nipride®), Gluconato de Cálcio, Magnésio.
Esse conteúdo sobre acolhimento e classificação de risco você pode encontrar na íntegra no Capítulo 2 do nosso livro: Manuais Para Provas e Concursos em Enfermagem Vol 1: Emergência, Ética e Deontologia, Saúde Mental. Além desse tema, o manual ainda conta com muitos outros temas, abordando os principais assuntos recorrentes em provas de concursos e residências. O sumário completo é composto por:
Capítulo 1: Deontologia em Enfermagem
- Conceitos
- Circunstâncias relacionadas às infrações.
- Infrações ao código de ética profissional de enfermagem
- Legislações
Capítulo 2: Enfermagem nas Emergências
- Portaria GM/MS nº 2048, de 5 de novembro de 2002
- Portaria nº 1.600/11
- Acolhimento e classificação de risco
- Princípios básicos do atendimento em emergência
- Traumatismo crânio encefálico
- Traumatismo raquimedular
- Traumatismo torácico
- Trauma abdominal
- Traumatismo musculoesquelético
- Choque
- Principais distúrbios hidroeletrolíticos
- Distúrbios acidobásicos
- Emergências ambientais
- Queimaduras
- Intoxicações agudas
- Emergências decorrentes do uso de substâncias psicoativas
- Crise convulsiva
- Acidentes com animais peçonhentos
- Ferimentos com armas
- Gestão de desastre
Capítulo 3: Saúde Mental
- Evolução da atenção na saúde mental
- Alterações das funções psíquicas e síndromes psiquiátricas
- Transtornos da personalidade e do comportamento adulto
- Assistência da enfermagem
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