Os grupos fazem parte da vida do indivíduo desde o seu nascimento e são fundamentais para que a sociedade apresente um bom funcionamento em todos os seus âmbitos (psíquico, social, espiritual). Por isso é um tema de grande importância para a Psicologia.
Para a formação de um grupo é necessário que haja interação entre as pessoas de forma que estas se influenciem mutuamente na busca de um interesse em comum, o que se constitui como uma coesão entre seus integrantes. Os pequenos grupos, como é caso de um grupo psicoterápico, costumam reproduzir as características políticas, socioeconômicas, bem como a dinâmica psicológica, de grandes grupos.
Características encontradas em um grupo:
• Vinculo afetivo;
• Tarefa ou objetivo em comum;
• Quantidade de pessoas que não prejudique a comunicação;
• Enquadramento e o seguimento dessas regras;
• Interação entre os membros entre si e do grupo como um todo;
• Preservação da identidade dos integrantes;
• Presença de formas contraditórias: coesão e desintegração do grupo
• Campo grupal dinâmico: fenômenos de fantasias, ansiedades, mecanismos de defesa.
Fundamentos Teóricos da Grupoterapia
KURT LEWIN:
• Campo grupal: O comportamento no grupo é resultado da inter-relação entre os indivíduos formando um campo relacional que ocorre no presente e de forma dinâmica, chamado de “espaço de vida” .
• Dinâmica de grupos (Lewin): Estuda as relações entre teoria e prática. Propõe que para compreender os fenômenos do grupo o observador participe dele.
BION:
• Supostos básicos: Diante das mudanças promovidas através da aprendizagem no processo grupal, alguns estados mentais se opõem ao cumprimento da tarefa, a saber:
• Dependência: Grupo responsabiliza o líder pelas novas ações;
• Luta-fuga: Escolha de um inimigo a ser enfrentado;
• Expectativa messiânica: Esperança de que necessidades sejam solucionadas por alguém que ainda chegará.
Grupo de trabalho: Plano consciente do grupo de trabalho, no qual os indivíduos estão voltados para a tarefa. A elaboração das resistências que os medos causam, indica que a tarefa está em andamento e o grupo se mantém em direção ao projeto.
PICHON RIVIÈRE
Teoria dos vínculos: Propõe que o grupo tem como organizadores:
• Vínculo: Elo entre os indivíduos através da representação interna mútua. Os modelos de vinculação aprendidos primariamente são utilizados nas várias situações sociais.
• Tarefa: Forma como as necessidades de cada membro são compartilhadas de no grupo.
• Grupos operativos: buscou observar os fatores conscientes e inconscientes que regem a dinâmica grupal e propôs o foco em uma tarefa proposta.
No grupo acontece uma distribuição de papeis e é importante observar se há uma fixação em algum deles, pois pode prejudicar os objetivos do grupo.
Papéis Grupais
• Bode expiatório: Os conteúdos inconscientes indesejados são depositados em uma pessoa específica;
• Porta voz: Explicita o que outros membros pensam e sentem;
• Radar: Indivíduo que funciona como caixa de ressonância e demonstra as ansiedades do grupo;
• Investigador: Causa perturbação no grupo;
• Sabotador: Age contra os objetivos do grupo, podendo contribuir para sua divisão;
• Líder: Aparece através do terapeuta ou de forma espontânea entre os membros;
Os vetores Importantes para analisar os conteúdos explícitos e implícitos do grupo são:
• Afiliação e pertença: Processo pelo qual indivíduos se reconhecem e se integram no grupo;
• Cooperação: Confrontação e articulação das diferentes necessidades dos indivíduos e do grupo de modo geral;
• Pertinência: A ênfase que é dada a tarefa no grupo e como é colocada em prática;
• Comunicação: Acontece de acordo com os elementos: emissor, receptor, mensagem, codificação, decodificação;
• Aprendizagem: Mudanças ocorridas no processo de adaptação à realidade;
• Tele: Aspectos inconscientes da história dos sujeitos que ampliam e distanciam a relação dos membros do grupo; • Verticalidade: História de cada integrante interfere no campo grupal;
• Horizontalidade: Situação do vínculo grupal a partir da intersecção das histórias de cada sujeito.
Modalidades de Grupos
De acordo com a sua finalidade os grupos podem ser classificados como:
Grupos operativos:
• Ensino-aprendizagem: Espaço para reflexão de temas, mas que às vezes exercem uma função terapêutica;
• Grupos institucionais: Realizado em organizações, escolas, igrejas, com finalidade de debater temas;
• Grupos comunitários: Utilizados em programas de saúde voltados para prevenção, tratamento ou reabilitação;
Grupos terapêuticos:
• Grupos de autoajuda: Utilizado em programas de adictos , prevenção, reabilitação, suporte social etc.;
• Grupos psicoterápicos: Pode seguir diferentes bases teóricas.
• Orientação analítica: Utiliza interpretações para identificar fenômenos grupais (identificação, projeção, fantasias inconscientes etc.).
• Cognitivo comportamental: Tem objetivos claros e estruturados voltados para algum problema ou específico. Utiliza como recursos: psicoeducação, aprendizagem de habilidades sociais, tarefas de casa e automonitoramento etc.
• Psicodrama: Busca a ressignificação das experiências de vida através da dramatização. Utiliza como elementos: cenário, protagonista, diretor, ego auxiliar, público e cena.
• Teoria sistêmica: Concebe o grupo como um sistema que está em constante interação, complementação e suplementação do papéis.
11 fatores terapêuticos do processo de terapia grupal.
Yalom propõe um conjunto de 11 fatores terapêuticos na terapia grupal:
1- instilação de esperança;
2- universalidade;
3- compartilhamento de informações;
4- altruísmo;
5- recapitulação corretiva do grupo familiar primário;
6- desenvolvimento de técnicas de socialização;
7- comportamento imitativo;
8- aprendizagem interpessoal;
9- coesão grupal;
10- catarse;
11- fatores existenciais.
Referências
1. ZIMMERMANN, D; OSÓRIO, L. C. Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.
2. ZIMMERMANN, D. Fundamentos básicos das grupoterapias. Porto Alegre: Artmed, 2007.
3. CORDIOLI, Aristides V. (Org.). Psicoterapias abordagens atuais. 3 Ed. Porto Alegre : Artmed,1999.
4. LIBERMAN, R. Psicoterapia de grupo: considerações teóricas. Disponível em: . Acesso em: 24 de novembro de 2018. 5. BAREMBLITT, G.F. (org.). Grupos: teoria e técnica. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1986
5. Psicoterapia de grupo: teoria e prática – Irvin D. Yalon e Molyn Leszcz. Editora Artmed, Porto Alegre, 2006