Náuseas e vômitos afetam aproximadamente 85% das mulheres grávidas. A forma mais grave, a hiperêmese gravídica, afeta até 3% das gestantes e pode ter sequelas físicas e psicológicas adversas significativas.
Para resumir as evidências atuais sobre os tratamentos efetivos para as náuseas e vômitos durante a gravidez e a hiperêmese gravídica foi feita uma revisão sistemática da literatura incluindo dados de quase nove mil gestantes de 67 ensaios clínicos randomizados (ECR) e 11 estudos não randomizados.
Evidências de 35 ensaios clínicos randomizados com baixo risco de viés indicaram que gengibre, vitamina B6, anti-histamínicos, metoclopramida (para sintomas leves), doxilamina-piridoxina e ondansetrona (para sintomas moderados) foram associados à melhora dos sintomas em comparação com placebo.
Um ECR (n=86) relatou maiores benefícios dos sintomas moderados com associação de psicoterapia. Para sintomas moderados a graves, um ECR (n=60) sugeriu que a combinação de doxilamina-piridoxina tomada preventivamente reduziu o risco de recorrência dos sintomas moderados a graves em comparação com o tratamento iniciado após a ocorrência dos sintomas (15,4% vs 39,1% [P<0,04]).
Um ECR (n=83) constatou que a ondansetrona foi associada com menores escores de náuseas no 4° dia de tratamento do que a metoclopramida, mas não para os episódios de vômitos. Embora não tenha havido diferença na tendência dos escores de náuseas durante o período de estudo de 14 dias, a tendência nos escores de vômitos pontuação foi melhor no grupo ondansetrona.
Um ECR (n=159) não encontrou nenhuma diferença entre a metoclopramida e a prometazina após 24 horas. Três ensaios clínicos randomizados compararam corticosteroides com placebo ou prometazina ou metoclopramida em mulheres com sintomas graves. Melhorias foram observadas em todos os grupos de corticosteroides, mas apenas uma diferença significativa entre os corticosteroides versus metoclopramida foi relatada (redução da êmese: 40,9% vs 16,5% no 2° dia; 71,6% vs 51,2% no 3° dia; 95,8% vs 76,6% no 7° dia [n=40, P<0,001]). Para outras intervenções, as evidências foram limitadas.
Concluiu-se que para sintomas leves de náuseas e vômitos da gravidez, gengibre, piridoxina, anti-histamínicos e metoclopramida foram associados a maior benefício do que o uso de placebo. Para sintomas moderados, doxilamina-piridoxina, prometazina e metoclopramida foram associadas a maior benefício do que placebo. A ondansetrona foi associada com melhorias para uma gama de gravidade dos sintomas. Os corticosteroides podem ser associados com vantagem apenas em casos graves. No geral, a qualidade das evidências nos estudos foi baixa.
Fonte: News Med