Começaram nesta segunda-feira (25), em São Paulo, os primeiros testes em seres humanos da polêmica pílula do câncer. Os primeiros resultados ainda vão demorar mais de seis meses para sair.
Dez pacientes, com tumores diferentes vão receber três doses diárias da pílula durante dois meses. Se os pacientes não tiverem efeitos colaterais, o grupo vai ser ampliado com mais 200 voluntários. Se em cada grupo, pelo menos três doentes apresentarem resultados positivos, acrescenta-se mais 80 em cada grupo e vai ampliando, podendo chegar a um máximo de mil voluntários.
O anúncio do início dos testes em humanos foi feito na semana passada. “Pretende-se dar todas as chances de a droga mostrar eficiência. Por exemplo, ela pode não ser eficiente num câncer de mama, mas pode ser num melanoma, pode não ser num melanoma, mas pode ser num câncer de pulmão”, fala o secretário de Saúde de São Paulo, David Uip.
“Respeito a opinião dos colegas que acham que talvez não se devesse levar adiante o estudo, mas eu acho que o investimento é muito pequeno em relação ao ganho total para a sociedade, quer seja o produto benéfico ou não”, explica presidente do Instituto do Câncer, Paulo Hoff.
A fosfoetanolamina é uma substância que está sendo produzida em laboratório desde a década de 1980, por um pesquisador aposentado, da Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos. A droga já foi testada em animais de pequeno porte.
Em uma pesquisa tradicional, a próxima etapa deveria ser o teste em animais de grande porte. Só depois, em seres humanos. Mas várias pessoas entraram na Justiça para receber a pílula do câncer, mesmo sem testes. Os pesquisadores dizem que mais de 20 mil pessoas já consumiram a droga.
Mesmo se tudo der certo, os pesquisadores não arriscam fazer uma previsão de quando a pílula vai para o mercado. “É fácil saber quando uma coisa não funciona. A gente sabe num período mais curto, mas quando ela é eficiente, você precisa saber o tempo de uso de de acompanhamento para saber que de fato foi eficiente”, fala a diretora de oncologia, Pilar Diz.
Fonte: G1 – Jornal Hoje