O aumento de carga horária, sem elevar a remuneração causou revolta em vários enfermeiros do Hospital Municipal de Santarém (HMS), oeste do Pará. De acordo com o sindicato da categoria, de 120 horas de trabalho mensal, os profissionais passaram a trabalhar 132 horas. Na quarta-feira (11), o Jornal Tapajós mostrou pacientes denunciando a falta de enfermeiros no setor de triagem do hospital. Não há certeza sobre o que motivou a ausência dos trabalhadores.
A representante do Sindicato dos Enfermeiros do Estado do Pará, no município, Irlane Figueira afirma que alguns profissionais foram demitidos, outros pediram demissão e muitos relataram assédios com ameaça de demissão. “E nos postos de saúde 24 horas, 17 enfermeiros foram demitidos das escalas de serviço, e seus plantões foram passados para alguns enfermeiros. Esse total é dos cinco postos da cidade, e da vila do Curuai”, denunciou.
Irlane explica que as leis trabalhistas não estão sendo respeitadas. “O enfermeiro trabalha 12 horas, e descansa 24, os que assumiram esses plantões não tem descanso, sem feriado e sem final de semana”.
O Conselho Municipal de Saúde acompanha o problema e exige providências. A conselheira Inês Dolzane garantiu que o conselho tenta uma negociação. “Nós não aceitamos que o secretário municipal de saúde [Valter Sinimbú], não tem resposta para dá. Os trabalhadores da saúde chegam no Recursos Humanos da secretaria de saúde, pedindo as informações e simplesmente a coordenadora do setor diz: ‘Eu mandei, fiz a folha de pagamento, mas o corte foi na secretaria de administração’”, argumentou.
O enfermeiro contratado pelo município ganha um salário mínimo que é de R$ 788,00. De acordo com Irlane, no congresso da Federal Nacional dos Enfermeiros foi afirmado que o pior salário pago ao enfermeiro pelo poder público municipal é de Santarém.
Reunião
No dia 16 de novembro será realizada uma reunião na qual as secretarias de saúde e de administração devem apresentar uma escala reajustada. No mesmo dia a categoria vai realizar uma assembleia para apresentar a proposta do governo municipal com as adequações. Caso os profissionais não estejam de acordo serão adotas outras medidas como ação judicial ou até mesmo a paralisação dos serviços.
Reunião com vereadores
No dia 5 de novembro a comissão de saúde da Câmara Municipal de Vereadores reuniu com os profissionais da saúde para discutir essa situação. O secretário de saúde Valter Sinimbú garantiu não haver aumento na carga horária de trabalho de enfermeiros e nem de auxiliares. “ O que houve talvez foi a falta de divulgação das mudanças pelo tempo que foi muito curto entre a decisão de corrigir as escalas e enxugar algumas que estavam com excesso de pessoal, talvez isso levou a essa polêmica toda”, explicou.
Readequações
Em nota, a Prefeitura Municipal de Santarém informou que a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) fez a readequação dos plantões de profissionais que atendem nas Unidades 24h.
A secretaria ressaltou ainda que a medida se deu devido aos cortes de recursos por parte dos governos Estadual e Federal para com o município, e para não haver demissões de profissionais é que a secretaria precisou adotar nova estratégia, observado também que os serviços não faltem à população.
Fonte: G1