O dentista Arlindo Aburad, doutor em Patologia Bucal pela USP, debateu casos de tumores de maxila e de mandíbula disfarçados de lesões inflamatórias e a importância dos exames preventivos de boca, em Curitiba, na quinta-feira (17/9). O patologista do Laboratório de Patologia Bucal do Hospital de Câncer de Mato Grosso foi um dos palestrantes do Curso de Cirurgia Avançada In-Surgery, na Faculdade Futuro, que aconteceu das 8h às 18h.
Aburad mostrou a experiência com pacientes do laboratório. O convite foi feito pelo professor Ricardo Scotton, especialista e mestre em Implantodontia e coordenador do Curso de Cirurgia Avançada In-Surgery no Brasil e no Paraguai (Brasil/Paraguai).
De acordo com Aburad, há muitos casos em que os tumores de maxila e de mandíbula podem parecer simples lesões inflamatórias, mas não são. Para o patologista, o dentista precisa estar sempre atento. “Ele precisa fazer exames preventivos ou até mesmo biópsia no paciente para diferenciar lesões mais sérias, que precisam de tratamento mais invasivo, de outras que podem ser tratadas de forma mais simples”, avalia.
De acordo com o patologista, esses procedimentos evitam que tumores sejam diagnosticados tarde demais, “o que sempre é pior para o paciente”. Ele afirma que, apenas desta maneira, o paciente terá a certeza do diagnóstico correto para o tratamento adequado.
Aburad considera que os exames preventivos de boca são essenciais para pacientes quando percebem quaisquer alterações internas ou nos lábios. “Muitas pessoas ainda têm receio de fazer exames preventivos de boca por medo do diagnóstico. Mas o temor muitas vezes é pior do que a própria lesão, já que afasta o diagnóstico precoce e o tratamento adequado para maiores chances de cura”, ressalta. O patologista diz que, na maioria das vezes, essas alterações são benignas e não provocam danos mais sérios. “Contudo, isso somente pode ser verificado após a realização desses exames preventivos”, orienta.
No curso em Curitiba, ele discutiu ainda uma técnica avançada, introduzida por ele na área de Odontologia no Brasil, que vem aplicando em pacientes — principalmente dos Estados de Mato Grosso. Ela possibilita o diagnóstico de tumor de boca no momento da cirurgia. É a chamada biópsia por congelação. “Geralmente, o paciente que opera o tumor de boca está ansioso para receber o resultado. O material retirado da boca para a biópsia tradicional é enviado ao laboratório e pode demorar alguns dias”, observa o patologista. Com a biópsia por congelação, ocorre o contrário. “O paciente é informado imediatamente sobre o diagnóstico”, diz ele. Segundo Aburad, além do resultado rápido, outra vantagem desta técnica é que o cirurgião é informado se o tumor foi totalmente removido durante a cirurgia. Caso não tenha sido, ele pode ampliar a cirurgia na hora para este fim. Assim, o paciente não precisa passar por novo procedimento cirúrgico futuramente.
Fonte: FolhaMax