Entre 2010 e 2019 houve um aumento de cerca de 59% nas internações de pessoas de até 39 anos por infarto e de 9% nas mortes no Brasil. Os dados são do Ministério da Saúde e fazem um importante alerta: o brasileiro precisa cuidar do coração. A seguir, saiba mais sobre o projeto que busca reduzir as mortes por infarto no Sistema Único de Saúde (SUS).
São Paulo é o estado mais populoso do Brasil, com 46,6 milhões de pessoas, o que equivale a 22% dos brasileiros. Sendo assim, fica mais alarmante a informação de que cerca de 30% das mortes ocorridas no estado têm como causa as doenças do aparelho circulatório. O infarto, por sua vez, responde por 26% delas.
Só em 2019 foram registradas 28.903 internações no Sistema Único de Saúde (SUS) por infarto, sendo que 12,4% do total de pacientes internados morreram.
Para reverter este quadro, a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), em parceria com o Conselho de Secretários Municipais de Saúde (COSEMS) e a Secretaria Estadual de São Paulo, promovem o Projeto Infarto.
O objetivo da iniciativa é melhorar a qualidade da assistência na rede pública com base nas mais recentes diretrizes nacionais e internacionais.
O Projeto já vem desenvolvendo há 10 anos com foco em padronizar o socorro ao paciente infartado. Assim, contribui para definir fluxos e métricas, validando protocolos de atendimento.
Afinal, dados apontam que mais excelência no atendimento ao paciente, incluindo a rapidez no uso dos medicamentos adequados, podem reduzir os casos fatais.
O Projeto Infarto
Sabe-se que o ponto de partida para atender a um infartado é a correta interpretação do eletrocardiograma, exame que é essencial para os cuidados da saúde cardíaca.
Mas, é comum os serviços de saúde não contarem com um cardiologista de plantão. Pensando nisso, o projeto realiza o Tele ECG, que permite que laudos de eletrocardiograma sejam realizados à distância por centros de especialidade para unidades de urgência da rede SUS.
O Projeto Infarto tem foco em duas frentes: treinamento para médicos e enfermeiros dos serviços de emergência do Estado e orientação para a população.
Para os leigos, a iniciativa prevê atividades preventivas e detecção precoce dos riscos de doença coronariana.
Aplicativo
Para reforçar a proposta do Projeto Infarto, um aplicativo será usado para que a população possa responder a perguntas sobre sintomas, para saber se a situação do paciente é compatível ou não com o quadro de infarto.
Caso as respostas sinalizem que os sintomas são preocupantes, a plataforma fará a indicação do hospital público mais próximo do paciente naquele momento, a partir da tecnologia da geolocalização.
O infarto no Brasil
As doenças cardiovasculares são um problema de saúde pública mundial. Por ano, são mais de 18 milhões de óbitos por ano.
No Brasil não é diferente: elas representam as principais causas de mortes. As projeções são desanimadoras: estima-se que até 2040 teremos um aumento de 250% na incidência desses eventos.
Ou seja: é preciso agir e investir em prevenção.
Quando pensamos na realidade do maior estado do Brasil, nos deparamos com uma realidade que preocupa. Um levantamento da SOCESP, com base no banco de dados do SUS, apontou que entre os anos de 2008 e 2019, houve um aumento de 76,6% no número de internações por infarto nos hospitais públicos da região. A boa notícia é que houve uma redução de 22,8% no número total de óbitos.
Vale destacar que quase metade dos infartos ocorreram na Grande São Paulo. De 38.903 internações, em 2019, 14.256 foram nessa macrorregião.
A partir desse levantamento também foi identificada uma elevação de 71,1% nas internações masculinas, com 19,4% menos óbitos. A internação de mulheres cresceu em 86,8%, enquanto as mortes diminuíram em 28%.
Todas as idades tiveram queda no percentual de mortes de internados. Porém, o número de óbitos é ainda bastante relevante e demanda ação.
Também foi registrado aumento expressivo no número de internações por infarto em hospitais da rede pública em São Paulo. Isso aconteceu em todas as faixas etárias.
Comparando 2008 e 2019 vemos que na faixa etária de pessoas com idade entre 20 e 49 anos foram 37% hospitalizações a mais; enquanto que entre 50 e 69 anos a alta foi de 90%. Acima dos 70 anos houve um aumento de 76%.
Barretos foi a cidade que mais reduziu óbitos decorrentes das internações de infartados: a redução foi de 40,3%.
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