Concurso público, decidi: vou prestar! Parte 2: começando a estudar | Colunista

No primeiro artigo, diferenciamos concurso público de processo seletivo e apontamos os primeiros passos para quando se decide candidatar. Neste artigo, abordaremos Plano, Cronograma e Gestão de tempo, além de técnicas de leitura e memorização.

1 – DUAS FERRAMENTAS: PLANO DE ESTUDOS E CRONOGRAMA DE
ESTUDOS

O Plano é abrangente e contempla tudo, inclusive metas (onde espera chegar em cada etapa), objetivos (de cada concurso que disputar) e tempo que terá para tarefas extra estudo. Inclui o Cronograma que é, também, uma ferramenta de organização de tempo, para que se possa ver todo o conteúdo. Entretanto, são ferramentas individuais, porque cada qual as administra a sua maneira. Para isso, você deve refletir, para tirar conclusões realistas, até onde consegue chegar. Para essa reflexão, a seguir teceremos algumas considerações que você deverá levar em consideração para compor essas ferramentas:

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2 – GESTÃO DO TEMPO

Divida o tempo. Avalie sua semana identificando necessidades de descanso, higiene, locomoção, trabalho, estudo em curso preparatório ou faculdade, lazer (o necessário), refeições, estudo em casa, atividade comunitária ou religiosa (a necessária).

Como em qualquer projeto, passar no concurso exige planejamento. Faça um quadro em que somará o tempo gasto com sono / alimentação e higiene / lazer / atividade física / família / trabalho / estudo (curso/faculdade/estudo/casa/biblioteca) / atividades comunitárias.

Uma boa sugestão de receita para divisão de seu tempo é: – três partes de estudo para uma parte de lazer e uma parte de atividade física.

Escrever torna claro à mente. Portanto elabore as listas de atividades do que:

A – Mais toma seu tempo;
B – Pode ser feitas com mais automação/praticidade/ajuda de alguém;
C – É indispensável a você;
D – Pode aguardar sua aprovação no concurso;
E – Reforça sua saúde, bem-estar e capacidade. Porque deixar de dormir o suficiente ou comer mal para estudar é tiro no pé, mais prejudica que ajuda o estudo (falaremos mais sobre isso adiante).

Perceba que as listas servem a projetos de toda a sua vida. É exercício que permite se conhecer mais, num inventário íntimo. Após honestamente se debruçar sobre as questões propostas reflita se excede ou falta algo e o quanto, de modo realista, pode otimizar-se. Deixe espaço para o quanto pretende aumentar ou reduzir do tempo de cada item. Pode dizer que não precisa de quadro para isso. Precisa sim. Permite ver de maneira clara a distribuição da sua vida por área de interesse.

Outro quadro imprescindível é a tabela com o conteúdo estudado. Nela, a primeira coluna deve ser “situação atual”. E as demais aonde pretende chegar ao fim de certo período de estudos (uma semana, duas semanas, um mês…) e a última coluna, em que porá o objetivo final a chegar naquele conteúdo específico.

Exemplo: você ama Freud, sente aversão ao Behaviorismo e ambos são tópicos no conteúdo do concurso dos sonhos. Presume-se, portanto, que você “dá a partida” em melhores condições na Psicanálise que em Behaviorismo. Deverá, então, pôr no papel as fontes e as estratégias diversas que pode usar para tirar o atraso, contabilizando, inclusive o tempo a mais dispendido para realizar isso.

Por fim, lembre-se: não se distraia na TV, celular, escolha de penteados etc etc. Quem tem uma missão, projeto de vida, ao contrário dos outros mortais não possui direito a ócio, nem relativo e muito menos absoluto. Reverta todo o tempo ocioso possível em tempo para estudar, como fila de banco ou sala de espera de dentista. Avise aqueles ao seu redor que não só compreenderão como o ajudarão, se de fato gostarem de
você. Você terá tempo para focar nisso tudo quando atingir seu objetivo.

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3 – COMO LER

Uma técnica de leitura eficaz é aquela que se faz em três fases distintas:

FASE A – Antes de ler mesmo, faça uma pré-leitura, despreocupada, rápida e panorâmica, apenas para se familiarizar com o texto;

FASE B – Depois da leitura panorâmica você empreenderá uma leitura mais atenta;

FASE C – Por fim, faça a pós leitura definitiva onde procurará destacar os pontos mais importantes.

Recomendações Importantes:

Marcações: sublinhe, marque e anote. Facilita a fixação na memória – Fase C;

Recitação: ensine você mesmo, leia em voz alta o texto ou seu resumo – Fase B e C;

Faça resumos / esquemas (mais adiante veremos o Mapa Mental) – Fase B e C.

Questionário e debates: forme ou se integre a grupo de estudos, presencial ou virtual. Ele é mais proveitoso após você ter feito pelo menos a leitura da Fase A.

4 – COMO MEMORIZAR:

Conheça as 5 fases da memorização e extraia delas suas vantagens:

A – Captação – O cérebro recebe as informações pelos 5 sentidos.

OTIMIZANDO A CAPTAÇÃO: cuidar da saúde, principalmente alimentação, sono e exercícios, aprimora esta fase. Qualquer dosagem de bebida alcoólica afeta o sono. E o compositor Beto Guedes tem razão: “O sono é sagrado e alimenta de horizontes o tempo acordado de viver”. Se prefere uma citação científica, fique com a Psicopedagogia: a captação depende de boas noites de sono, porque nesse período
proteínas são sintetizadas para manter e expandir as redes neuronais ligadas à memória e ao aprendizado (Cf. Valle: 2009). Quanto deve dormir? Depende. Cada organismo tem o seu ritmo e sua necessidade. Descubra-os e respeite-os.

B – Fixação – No caso de quem estuda para concurso a fixação é na sua memória de longo prazo e significa “marcar” a informação recebida no cérebro.

OTIMIZANDO A FIXAÇÃO: vital que a pessoa tenha INTERESSE pelo assunto fixado.

Se você tem repulsa, pela matéria a estudar fica mais difícil dar certo. Não gostar de uma coisa ou outra faz sentido; agora, não gostar de absolutamente nada significa que fez faculdade na marra, por algum motivo alheio ao seu prazer. Nesse caso deve repensar se vale a pena prestar um concurso e estender esse martírio;

C – Manutenção – A informação deve ser “revisitada” frequentemente porque o cérebro não guarda informação inútil, ou seja, não acessada. Tende a entender como útil o que é “visitado”. Quanto mais visitado mais importância o cérebro lhe credita.

OTIMIZANDO A MANUTENÇÃO: use a associação.

Periodicamente estude temas relacionados e estabeleça associações para que a informação essencial se solidifique
em sua mente por meio de uma rede inter-relacionada. Falaremos mais sobre como memorizar adiante.

D – Recuperação – A informação deve ser acessada com rapidez sempre que necessário. OTIMIZANDO A RECUPERAÇÃO: organize o ambiente físico de estudo e pratique, treine e execute questões e exercícios.

E – Transmissão – Capacidade de repassar para terceiros as informações retidas. É importante porque ao aprender a transmitir você melhor consegue interpretar. Ajuda no domínio do raciocínio e da linguagem humana. Isso é útil não apenas nas questões dissertativas como também nas de múltipla escolha.

OTIMIZANDO A TRANSMISSÃO: Dê aula para você mesmo ou, no grupo de estudo, perca a timidez e proponha aulas em que você explica o tema aos seus colegas e eles a você.

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05 – TÉCNICAS PRÀTICAS DE MEMORIZAÇÃO:

Estabelecer relações e associações: normalmente é a melhor e mais eficaz maneira de memorizar. Experimente o método “Mapa Mental”, onde uma teia ou árvore liga as informações por parentesco ou semelhança. (Cf. Estudar Fora: 2021)

Identificar a aplicação prática: Tente pensar na aplicação na vida real do conhecimento novo, mesmo no primeiro momento sendo só o para concurso. Porque o seu cérebro tende a guardar melhor o que entende sendo executado. Izquierdo (2009: 37) explica que “a repetição reforça as memórias (…) recrutando cada vez mais circuitos nervosos para reforçar o armazenamento”.

Processos Mnemônicos: busque gatilhos e paralelos na memória. Se o Psicólogo Adler, por exemplo, parece com seu tio João, fixe isso na memória. Se tiver de reter a seguinte sequência de palavras: “Motivação”, “Comportamentalismo” e “Tóxico”, forme um acrônimo com as sílabas iniciais dessas palavras que ajude você a acessar na memória, MOCOTÓ, por exemplo.

Espero que tenham gostado deste artigo. No próximo dessa série, abordaremos como proceder no dia da prova e no dia anterior a ela.

Até lá! 

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

VALLE, Luiza Elena Leite Ribeiro do; Eduardo L. Ribeiro do Valle; Rubens Reimão

Rev. Sono e Aprendizagem, in Psicopedagogia 2009;26(80):286-290 – Ponto de Vista

IZQUIERDO, I. Questões sobre memória. São Leopoldo: Unissinos, 2009.

Por Sanar

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