Entendendo a esquizofrenia | Colunista

A esquizofrenia é uma doença mental caracterizada por alterações nas funções do pensamento que, além da perda da realidade e do julgamento crítico, pode causar distúrbios de pensamento, emocionais e de comportamento. 

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5),

as características da esquizofrenia costumam surgir entre o fim da adolescência e meados dos 30 anos, seu início antes da adolescência é raro. A idade de pico do início do primeiro episódio psicótico é entre o início e a metade da faixa dos 20 anos para o sexo masculino e fim dos 20 anos para o feminino.”

A esquizofrenia pode aparecer repentinamente em alguns dias ou poucos dias e mudar gradualmente ao longo de vários meses a vários anos. Normalmente, os primeiros sintomas são percebidos por pessoas próximas, como familiares e amigos. O indivíduo pode ter reações incompatíveis com a realidade e, aos poucos, abandona suas atividades cotidianas, bem como já não demonstra sentimentos compatíveis com acontecimentos felizes ou tristes.

Sintomas

Geralmente, os sintomas são classificados como positivos, quando há distorção das funções normais, como delírios, que é a alteração do conteúdo do pensamento, em que não existem alucinações nem alterações da linguagem, mas em que a pessoa acredita fortemente numa ideia irreal, mesmo quando já foi comprovado que não é verdade, e alucinações por exemplo. 

Os sintomas negativos ocorrem quando há diminuição ou perda das funções normais e de afeto, como isolar-se da família e dos amigos e evitar atividades sociais, ter dificuldade em sentir ou expressar emoções, sentir falta de energia e motivação, deixar de ter interesse nas atividades do dia a dia etc. 

Existem também os sintomas desorganizados que ocorrem quando o individuo apresenta transtornos de pensamento e comportamento bizarro e os cognitivos quando há déficits no processamento de informações e na resolução de problemas. Os pacientes podem ter sintomas de uma ou de todas as categorias. 

Os sintomas mais comuns dentre os grupos citado são: delírios, alucinações, pensamento desorganizado, anormalidades na forma de se movimentaralterações do comportamento, falta de atenção e concentração e alterações na memória. 

Geralmente a esquizofrenia se manifesta em diferentes tipos, como paranoide, catatônica, hebefrênica ou desorganizada, residual ou indiferenciada.

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Esquizofrenia Paranóide

É o tipo mais comum, em que os delírios, e alucinações dominam, especialmente ao ouvir sons, e alterações de comportamento como inquietação e irritabilidade também são comuns.

Esquizofrenia Catatônica

Manifesta-se pela presença de catatonia, que é um estado de alteração psicomotoras, em que a pessoa não responde corretamente ao ambiente, apresenta movimento lento ou paralisia corporal, onde uma pessoa pode ficar na mesma posição por horas a dias, falando devagar ou não, repetindo palavras ou frases que alguém disse, assim como a repetição de movimentos estranhos, fazendo caretas ou olhando fixamente. Este é um tipo menos comum de esquizofrenia, mais difícil de tratar e com risco de complicações como desnutrição ou automutilação.

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Esquizofrenia Hebefrênica ou Desorganizada

O pensamento e comportamentos desorganizados predominam, com discurso desprovido e fora de contexto. É comum a presença de sintomas negativos, como desinteresse, isolamento social e perda capacidade de realizar atividades cotidianas.

Esquizofrenia Indiferenciada

Surge quando há sintomas de esquizofrenia, porém, a pessoa não se encaixa nos tipos citados por apresentar sintomas de mais de um subtipo de esquizofrenia. 

Esquizofrenia Residual

Ocorre quando os critérios para esquizofrenia ocorreram no passado, mas estão atualmente inativos, sendo que no estágio crônico da doença predominam os sintomas negativos, como lentidão de movimentos, isolamento social, falta de iniciativa ou sentimentos, redução das expressões faciais ou falta de autocuidado, por exemplo.

Comorbidades 

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5),

as taxas de comorbidades com transtornos relacionados ao uso de substância são elevadas na esquizofrenia e mais de metade dos indivíduos com esquizofrenia tem transtorno por uso de tabaco e fuma com regularidade. Outras comorbidades existentes são: transtornos de ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno de pânico.”

Ganho de peso, diabetes, síndrome metabólica e doença cardiovascular e pulmonar também são mais comuns na esquizofrenia do que na população em geral. 

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Diagnóstico

Não há um exame específico para detectar a esquizofrenia. Sendo assim o diagnóstico é realizado a partir de um conjunto de fatores. Um desses fatores é a avaliação física, que inclui a realização de exames de sangue e imagem, para descartar a presença de outros tipos doenças que afetam a estrutura do cérebro ou efeitos decorrentes do uso de álcool e drogas, segundo informações do Hospital Santa Mônica (2019). 

Também é realizada uma analise onde é feita uma anamnese do paciente e são analisados critérios gerais, relativos à presença de sintomas e exclusão de determinadas condições. O psicólogo, ao identificar os sintomas após a realização da anamnese deve realizar o encaminhamento ao psiquiatra, deste modo, este profissional avalia o estado físico, comportamental e mental do paciente, bem como investiga sobre os seus delírios, alucinações, alterações de humor etc. 

É importante ressaltar que diagnósticos devem ser feitos apenas por profissionais capacitados e regulamentados no conselho da sua profissão, deve-se evitar também a automedicação sem orientação médica. 

Tratamentos e Intervenções

O tratamento inclui fármacos antipsicóticos e psicoterapia. Os objetivos gerais para o tratamento da esquizofrenia são reduzir a gravidade dos sintomas psicóticos, preservar a função psicossocial, prevenir recorrências dos episódios sintomáticos e da deterioração associada do funcionamento, reduzir o uso de drogas ilícitas. 

A importância da psicoterapia no tratamento da esquizofrenia é desenvolver uma relação de colaboração entre o paciente e sua família, assim o paciente pode aprender a compreender e tratar sua doença, a tomar os medicamentos prescritos e controlar melhor o estresse efetivamente.

Em casos graves, pode haver internação, sendo esta involuntária caso o paciente apresente risco de si mesmo ou para outras pessoas. Lembrando que de acordo com a lei Nº 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001, a internação involuntária ou voluntária deve ocorrer apenas se autorizada por médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina – CRM do Estado onde se localize o estabelecimento, mediante laudo médico circunstanciado que caracterize os seus motivos. É importante lembrar que com o tratamento precoce, os resultados são mais eficazes. 

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Reabilitação e reinserção na sociedade

Embora alguns pacientes com esquizofrenia possam viver de modo independente ou tenham vínculos sociais e familiares, outros necessitam de apoio para realizar diversas atividades. Existem as chamadas residências terapêuticas, que são moradias inseridas dentro de comunidades destinadas a pessoas com transtornos mentais que receberam alta de hospitais psiquiátricos. 

Essas residências ofertam supervisão gradual e/ou visitas periódicas para pacientes que vivam nessa comunidade bem como monitoramento dos medicamentos, reabilitação psicossocial que visam treinar habilidades e atividades sociais, como trabalhar, cuidar de si mesmos, fazer compras e manter um bom relacionamento com outras pessoas. 

De acordo com Tamminga (2018) “esses programas ajudam a promover a autonomia do paciente, ao mesmo tempo em que proporcionam cuidados suficientes para minimizar a probabilidade de recidiva e reduzir a necessidade de internação”.

A esquizofrenia está associada à significativa disfunção social e profissional. No âmbito profissional, acadêmico e social, a vida do sujeito é prejudicada pelas manifestações do transtorno, mesmo quando não há prejuízos cognitivos que impeçam a realização de tarefas.

A causa exata da esquizofrenia não é conhecida, mas especula-se que seja uma combinação de fatores ambientais, genéticos e alteração na estrutura e química cerebral. A esquizofrenia é uma doença mental crônica, que conforme já mencionado afeta diretamente a vida dos individuo, portanto deve-se ressaltar a importância do tratamento e acompanhamento profissional, para que assim o sujeito possa desfrutar de uma melhor qualidade de vida.

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Referências

Esquizofrenia, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Acesso em 02 de jun. de 2021.

Esquizofrenia, Psiquiatra Dr. Gabriel Lopes, 2020, Disponível em: https://drgabriel.med.br/esquizofrenia/. Acesso em 02 de jun. de 2021.

Faria, C. Esquizofrenia: o que é, principais tipos e tratamento, Tua Saúde, 2020. Disponível em: https://www.tuasaude.com/esquizofrenia/. Acesso em 02 de jun. de 2021.

Residência terapêutica, Entendendo a Esquizofrenia, 2020. Disponível em: https://entendendoaesquizofrenia.com.br/atendimento/residencia-terapeutica/. Acesso em 02 de jun. de 2021.

Tamminga, C. Esquizofrenia, Manual MSD, 2018. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/esquizofrenia-e-transtornos-relacionados/esquizofrenia. Acesso em 02 de jun. de 2021. 

Tratamento contra esquizofrenia: entenda o passo a passo para superar a doença, Hospital Santa Mônica, 2019. Disponível em https://hospitalsantamonica.com.br/tratamento-contra-esquizofrenia-entenda-o-passo-a-passo-para-superar-a-doenca/. Acesso em 02 de jun. de 2021. 

LEI No 10.216, DE 6 DE ABRIL DE 2001. Presidência da República, Casa Civil, 2001. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm. Acesso em 24 de jul. de 2021.

Por Sanar

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