Enfoque multidiscipliar em paciente infantil portador de doença celíaca associado à cárie precoce da infância | Colunista

A doença celíaca (DCe) conhecida como enteropatia glúten-sensível, a qual pode ser definida como uma intolerância permanente ao glúten (proteína presente em alguns cereais (trigo, cevada, centeio, etc.); é caracterizada pela atrofia total ou subtotal das vilosidades do intestino delgado proximal, que gera consequentemente, má digestão1 . Aliada à má absorção da grande maioria dos nutrientes2.

Devido ao espectro clínico da doença juntamente ao desconhecimento de profissionais da saúde, o diagnóstico da DCe pode ser postergado ou não diagnosticado. A prevalência da doença é diversificada entre os países, sendo que no Brasil não há dados estatísticos oficiais2,3 

Além das alterações sistêmicas e algumas características clínicas comuns, tais como: diarréia, cansaço, distensão abdominal e flatulência, vômitos, perda de peso, fraqueza muscular4, a doença celíaca pode provocar lesões bucais e dentárias5.

As manifestações orais provocadas por esta doença são os defeitos de esmalte, incidência de cárie, atraso de erupção dentária e ulcerações aftosas recorrentes5,6,7. Sendo que, os defeitos do esmalte considerados pela Sociedade Norte-Americana de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Infantil são um importante sinal clínico para realização do diagnóstico precoce dos pacientes assintomáticos8,9

A atuação multiprofissional  com envolvimento do gastroenterologista e de outros profissionais da saúde associado aos cirurgiões-dentistas visam o diagnóstico precoce e orientação do paciente. A doença cárie é uma realidade clínica de pacientes portadores de DCe1,3.Tanto a doença cárie quanto a DCe requerem dieta alimentar adequada e controles clínicos periódicos10.

Embora existam soluções preventivas na odontologia, a cárie precoce da infância (CPI) persiste como um problema de saúde pública em crianças na dentição decídua8,9. A qual gera perdas dentárias precoces de dentes decíduos com repercussões na qualidade de vida infantil.

Comumente, a reabilitação oral do paciente é neccessária, seja pelo uso de próteses como forma de previnir a instalação hábitos bucais deletérios, seja com vistas a prevenir prejuízos à função mastigatória.  A promoção da posição correta dos lábios e da língua evitam problemas de fonação, crescimento e desenvolvimento do arco dentário 3,4,10 

Contudo, o enfoque multidisciplinar é preemente, devido ao plano de tratamento enfocar a área médica, fonoaudiólogo, nutricionista e odontopediatria Concomitantemente, a psicologia deve estar presente pelo fato de motivar os pacientes e responsáveis a manter a saúde.

O  diagnóstico  precoce  é  fator  indispensável. O diagnóstico precoce promove medidas já na primeira infância que contemplam desde o equilíbrio de nutrientes, aliado aos cuidados de saúde, os quais promovem por meio de nutrientes fundamentais o desenvolvimento dos dentes e ossos da criança.

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REFERÊNCIAS

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Por Sanar

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