Uma paciente diagnosticada com HIV em 2013 chamou a atenção de pesquisadores. Isso porque a mulher parece ter se livrado do vírus da imunodeficiência humana, que causa a AIDS. O caso, que é extremamente raro, aconteceu na Argentina e é apenas o segundo no mundo classificado como “cura esterilizante”.
Ainda de acordo com pesquisadores que acompanham o caso, a paciente é considerada uma rara “controladora de elite” do vírus. Oito anos após ser diagnosticada pela primeira vez, ela não mostra mais sinais de infecção ativa ou sinais de vírus intacto em seu corpo.
É importante dizer que a paciente não recebeu nenhum tratamento regular para sua infecção. A notícia, claro, aumenta a esperança de que seja encontrada alguma forma de cura da doença.
O relato foi descrito no Annals of Internal Medicine por uma equipe internacional de cientistas. Eles explicaram que a paciente, nascida em Esperanza, na Argentina, não apresentava sinais de HIV intacto em grande parte de suas células – o que foi descrito como cura esterilizante para a infecção pelo HIV.
A paciente argentina de 30 anos é a segunda paciente descrita a ter manifestado o que é chamado de cura esterilizante – sem a ajuda de um transplante de células-tronco ou outro tratamento. A outra paciente era uma mulher de 67 anos, chamada Loreen Willenberg.
Histórico da paciente
A paciente de 30 anos foi diagnosticada com HIV em março de 2013. Não iniciou nenhum tratamento antirretroviral até 2019, quando engravidou. O tratamento foi a base de medicamentos: tenofovir, entricitabina e raltegravir por seis meses no segundo e terceiro trimestres da gestação. O bebê nasceu saudável, com HIV negativo e ela interrompeu a terapia.
Na análise de bilhões de células em suas amostras de sangue, o tecido mostrou que ela já havia sido infectada com o HIV mas, durante a análise, os pesquisadores não encontraram nenhum vírus intacto capaz de se replicar. No lugar disso, detectaram sete provírus defeituosos, forma de vírus que se integra ao material genético de uma célula hospedeira como parte do ciclo de replicação.
Cura esterilizante
Em nota encaminhada para a CNN Internacional, o Dr. Xu Yu, do Ragon Institute of Massachusetts General Hospital, MIT e Harvard, autor do estudo, disse: “até agora, uma cura esterilizante para o HIV só foi observada em dois pacientes que receberam um transplante de medula óssea altamente tóxica. Nosso estudo mostra que essa cura também pode ser alcançada durante a infecção natural, na ausência de transplantes de medula óssea (ou qualquer tipo de tratamento)”.
Ele também ressaltou que “exemplos de tal cura que ocorrem naturalmente sugerem que os esforços atuais para encontrar uma cura para a infecção pelo HIV não são ilusórios, e que as perspectivas de alcançar uma ‘geração livre de AIDS’ podem ser finalmente bem-sucedidas”.
Fatores que podem explicar
Os pesquisadores ainda não têm certeza de como o corpo da paciente foi capaz de, ao que indica, se livrar do vírus intacto competente para replicação.
Em e-mail enviado à CNN Internacional, explicou que “uma combinação de diferentes mecanismos imunológicos: as células T citotóxicas estão provavelmente envolvidas, o mecanismo imune inato também pode contribuir.”
Ele também destacou que “expandir o número de indivíduos com uma possível condição de cura esterilizante facilitaria nossa descoberta dos fatores imunológicos que levam a esta cura esterilizante em uma população mais ampla de indivíduos infectados pelo HIV.”
HIV no mundo
Cerca de 38 milhões de pessoas vivem com a infecção pelo HIV em todo o mundo. Se não for tratada, a infecção pode levar à síndrome da imunodeficiência adquirida ou AIDS. No ano passado, cerca de 690.000 pessoas morreram de doenças relacionadas a AIDS em todo o mundo.