Você provavelmente já ouviu falar, mas você realmente sabe o que significa Psicologia Baseada em Evidências (PBE)?
Basicamente a PBE é uma abordagem que serve para que nós possamos escolher o melhor tipo de tratamento possível para o nosso paciente, sempre nos baseando em evidências científicas.
A PBE consiste em:
- A melhor evidência científica disponível
- Experiência clínica
- Características do paciente
O primeiro ponto é caracterizado por efetividade (psicoterapia que funciona em condições de um mundo “real”); eficácia (psicoterapia que funciona de forma controlada); eficiência (custo-benefício); e segurança das intervenções (se a psicoterapia têm efeitos confiáveis e assim poucas chances de acontecerem efeitos indesejáveis ao paciente).
O processo para que coloquemos a PBE em prática é separado em 4 etapas:
- Formulação da pergunta de pesquisa
- Busca da melhor evidência científica disponível e sua avaliação
- Integração de resultados de diferentes pesquisas
- Tomada de decisão
Então aí já dá pra perceber como é importante que a gente tenha conhecimento de métodos de pesquisa e busca, né?
É pesquisando e avaliando a qualidade dos estudos que a gente vai decidir se aquela intervenção é a mais adequada para o paciente!
Preferencialmente, é interessante que a gente observe as revisões sistemáticas de literatura sobre aquele tema que a gente tá pesquisando! Como elas reúnem diversos estudos, é mais fácil da gente saber qual intervenção tá se saindo melhor.
Mas e os outros métodos? Quais os melhores?
Em ordem de maior confiabilidade e precisão, temos os níveis:
I) Revisão Sistemática e Metanálises (de estudos randomizados controlados)
(Respectivamente: Procuram responder uma pergunta analisando a literatura de um tema e analisam e combinam os resultados de cada estudo para obter uma estimativa global do tema avaliado)
II) Ensaio clínico randomizado e com o avaliador dos resultados cegado
(Pesquisa feita com pacientes aleatórios e com o avaliador não sabendo o que cada participante recebeu, placebo ou a droga)
III) Ensaio clínico não randomizado
(Pesquisa feita com pacientes não aleatórios)
IV) Estudos de coorte (longitudinal) e caso-controle
(Respectivamente: Estudo observacional em que analisa-se a presença ou não de fatores de risco em um grupo durante um período de tempo e estudo em que se analisa dados coletados do passado)
V) Revisão sistemática de estudos descritivos e qualitativos
(Procuram responder uma pergunta analisando estudos que descrevem características de determinado tema ou questões subjetivas dos analisados)
VI) Único estudo descritivo ou qualitativo
(Estudos que descrevem características de determinado tema e analisam questões subjetivas dos analisados)
VII) Opinião de autoridades e/ou relatório de comitês de especialistas
(Opiniões de profissionais especialistas na área ou de grupos destes)
Ao final temos estudos in-vitro (fora de organismo vivo) ou com animais.
Quais os desafios e o futuro da PBE?
Muitos psicólogos acreditam mais em suas experiências clínicas e na opinião de colegas do que no que está na literatura científica, e isso é um dos grandes desafios da prática psicológica baseada em evidências. Além disso, como tudo isso é baseado em pesquisas, testes etc, algumas psicoterapias acabam por ser consideradas ciência e outras não. Isso faria com que alguns psicólogos tivessem que abandonar certas intervenções que já estariam acostumados a usar, e isso não é fácil de acontecer.
No entanto, com tudo que o país está vivendo com o covid-19, estamos cada vez mais percebendo a importância da ciência na promoção da saúde. Dessa forma, a Psicologia baseada em evidências só tende a crescer e ser disseminada!
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Quais bancos de dados posso buscar essas evidências?
Além das revistas científicas mais famosas, alguns bancos de dados também podem te ajudar a buscar por revisões, metanálises e estudos que vão contribuir com uma prática baseada em evidências.
Alguns dos meus favoritos são:
- PubMed
- Capes
- Scielo
- PePsic
E você ainda pode filtrar as buscas especificando os tipos de estudo que você quer ver!
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Referências
Melnik, T., de Souza, W. F., & de Carvalho, M. R. (2014). A importância da prática da psicologia baseada em evidências: aspectos conceituais, níveis de evidência, mitos e resistências. Revista Costarricense de Psicología, 33(2), 79-92.
Galvão, C. M. (2006). Niveles de evidencia. Acta Paulista de Enfermagem, 19(2), 5-5.
da Silva, G. A., & Otta, E. (2013). Psicologia baseada em evidências: uma abordagem promissora a ser descoberta pelos psicólogos. Boletim Academia Paulista de Psicologia, 33(84), 20-29.