Não é novidade que a Covid-19 afastou muita gente de consultas e tratamentos médicos. Nesse contexto, pesquisa recente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) mostra que os homens se afastam ainda mais do atendimento de saúde durante a pandemia. Ela aponta, por exemplo, que 55% dos homens com idade superior a 40 anos deixaram de ir a consultas e de avançar em tratamentos médicos em virtude do vírus.
É inegável que tivemos que interromper planos. O mundo parou e o colapso na saúde acendeu o necessário sinal de alerta para a importância do isolamento social. Consultas por telemedicina cumpriram e cumprem um papel fundamental, mas, para o caso de exames, muitos deles essenciais para diagnósticos e tratamentos, é preciso mesmo ter contato com outras pessoas.
Hoje, com o avanço da imunização e taxas de contágio controladas, é importante olhar pelo retrovisor e fazer as pazes com a nossa saúde de forma integral. Afinal, quanto perdemos em diagnóstico precoce e tratamentos para tantas outras doenças por causa das restrições impostas pela pandemia?
Pesquisa SBU
A pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia traz alguns números que ajuda na contextualização dessa realidade. O levantamento foi online com 499 participantes de 22 estados brasileiros.
Dessa amostra, 75% tinham mais 40 anos, 77% eram do sexo masculino e apenas 6% dessa fatia assumiram que não têm o hábito de cuidar da saúde. Acadêmicos de Medicina de várias cidades do Brasil participaram da coleta dos dados.
A saúde do homem no pós-pandemia
Não tem como deixar de mencionar o impacto da pandemia percebido pelos entrevistados. Sobre isso, 57% dos homens com idade acima de 40 anos disseram ter notado um impacto negativo na saúde. Desse total, 9% afirmaram que a saúde pós-pandemia piorou.
Mas, e quanto à busca por auxílio médico? Segundo pesquisa da SBU, 23% dos respondentes contaram que tiveram dificuldade para acessar consultas e tratamentos durante a pandemia. Em contrapartida, 40% disseram que não buscaram assistência nesse tempo.
Quando falamos da ida ao urologista, que cumpre um importante papel no diagnóstico e tratamento do câncer de próstata, por exemplo, um dado impressiona: 3% destacaram que nunca fariam uma consulta com esse especialista. Sobre esse realidade, vale pensarmos em como o machismo faz mal à saúde do homem.
Isso, claro, reforça a resistência que existe em relação aos cuidados com a saúde urogenital. Apesar disso, 92% de todos os entrevistados acreditam que campanha Novembro Azul, focada na conscientização sobre o câncer de próstata é útil.
Se o assunto te interessa, veja aqui algumas considerações sobre por que os homens procuram menos os serviços de saúde.
Câncer de Próstata
Vale frisar que o urologista é o médico apto a diagnosticar o câncer de próstata. E mais: de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a doença vai acometer 65.840 homens no Brasil a cada triênio 2020-2022. Estima-se que ocorram 15.576 mortes relacionadas.
Dados do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS), do Ministério da Saúde trazem números preocupantes: em 2019 foram realizadas 4. 232. 393 consultas urológicas. Em 2020, o número despencou para 2. 816. 326, numa redução de 33,5%.
Frente a esse cenário, a SBU reforça que mesmo com pandemia é preciso se atentar para o fato de que o diagnóstico precoce do câncer de próstata é fundamental para a cura. Esse tipo de câncer é o tumor mais frequente no homem (excetuando o câncer de pele não melanoma).
A recomendação é de que os homens a partir de 50 anos procurem um profissional especializado para prevenção. Como o câncer de próstata é silencioso e só costuma dar sinais em fases mais avançadas, todo cuidado é pouco.