Os avanços da Medicina não param e isso não é novidade. Um feito inédito, no entanto, chamou a atenção de todo o mundo: o transplante de rim humano em uma mulher com morte cerebral, em Nova York, no NYU Langone Health.
Esse acontecimento tem resultados promissores, já que o corpo da transplantada não rejeitou imediatamente o órgão do animal. Ou seja, esse procedimento vai ficar na história e marca positivamente o uso de animais em transplantes humanos.
Em 2019, vale lembrar, o Brasil alcançou a marca de quase 6.500 transplantes renais. As informações são da Sociedade Brasileira de Nefrologia e da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos.
Transplante de rim de porco para um corpo humano: entenda
Para início de conversar, é bom saber que houve autorização prévia dos familiares da mulher com morte cerebral que foi receptora desse rim. E a escolha parece ter sido acertada: após a cirurgia de transplante, foi possível remover os aparelhos de suporte à vida.
Antes de tudo, no entanto, foi preciso alterar os genes do porco para evitar a rejeição imediata do órgão. O líder do estudo, O Dr. Robert Montmery, explicou que o rim em questão respondeu positivamente às análises. Sendo assim, a unidade desenvolveu o porco com genes alterados, apelidados de “GalSafe”.
O transplante de rim de porco
Durante o procedimento, os estudiosos mantiveram a ventilação no corpo da mulher para a realização das avaliações necessárias. Alguns aspectos foram positivos e sinalizaram que a empreitada seria de sucesso.
O primeiro deles foi o aspecto normal e a produção de urina, que é um indicador muito importante. Outro ponto foi o nível de creatinina, que voltou ao padrão normal após a cirurgia de transplante.
A creatinina tem um papel crucial na avaliação renal, sendo medida para, por exemplo, detectar insuficiência renal em fases precoces e evitar complicações.
Para a execução do transplante em si, os médicos ligaram o rim em vasos da perna da mulher transplantada. Isso quer dizer, portanto, que o órgão foi mantido fora do abdômen.
O Dr. Montgomery, líder da pesquisa, explicou que o bom funcionamento externo do rim sinaliza uma adequada função também dentro do corpo.
Ele destacou, ainda, que os porcos modificados podem ser fontes sustentáveis e renováveis de órgãos, em futuro não muito distante.
Conservação do órgão
Para que a cirurgia pudesse ser feita de forma adequada, foi preciso se atentar para a segurança do processo, em todas suas etapas. E isso começa já na avaliação da conservação correta do órgão a ser transplantado.
Tudo o que foi feito, bem como os resultados obtidos, tiveram que ser publicados, de forma detalhada e amparada cientificamente, em uma revista médica.
Uso de animais em transplantes
Apesar dos resultados positivos do procedimento realizado em Nova York, é preciso lembrar que a questão traz à tona alguns pontos controversos. O principal deles diz respeito ao fato de criar porcos para fins médicos, o que pode ser entendido como uma exploração.
Vale dizer, também, que a Medicina faz uso de animais para cirurgias e procedimentos médicos desde o século 17. Houve tempo, por exemplo, que transfusões sanguíneas eram feitas com sangue de animal, por incrível que isso possa parecer.
É importante reforçar que mais testes precisam e devem ser feitos. A própria FDA reforça a necessidade de regras para o uso de órgãos de animais em transplantes em humanos.
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