Durante toda a história, as vacinas têm desempenhado um papel importante para a redução expressiva da incidência de diferentes doenças como tétano e sarampo.
O termo “vacina” surgiu em 1798, através do cientista Edward Jenner, que ao perceber que trabalhadores da zona rural não apresentavam quadros de varíola humana, porque tinham o contato prévio com a varíola bovina, introduziu os vírus em um garoto de oito anos e percebeu que havia de fato uma base científica que justificasse esse achado.
Dessa forma, as vacinas podem ser conceituadas como uma preparação constituída por substâncias biológicas preparadas a partir dos microorganismos causadores da doença, que são modificados no laboratório com o intuito de perderem a sua potência em provocar a doença, e para manter a capacidade de induzir o sistema imunológico a produzirem anticorpos com memória imunológica capazes de proteger o indivíduo de futuras infecções.
Mais do que nunca, desde o início da pandemia do Novo Coronavírus, tem sido observada a importância da vacinação como a ferramenta mais efetiva para redução da elevada morbimortalidade associada à COVID-19, justificado principalmente devido ao elevado potencial das vacinas em reduzir as chances de agravamento dos sintomas causados pelo vírus e também por protegera população, que tem enfrentado uma série de impactos socioeconômicos.
Nesse sentido, é importante conhecer quais as características principais das vacinas disponíveis atualmente, visto que, como profissionais de saúde devemos ter essa habilidade em fornecer informações seguras, e também porque provavelmente as futuras provas tanto de residência quanto de concursos, devem cobrar aspectos relacionados à COVID-19, dentre os quais se destaca a vacinação.
Atualmente existem quatro vacinasaprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) no Brasil. A CoronaVac, vacina do Butantan produzida em parceria com a biofarmacêutica chinesa Sinovac, e os imunizantes das empresas AstraZeneca, Pfizer e Janssen.
A vacina do Butantan, CoronaVac, se caracteriza por utilizar a tecnologia do vírus inativado, o que minimiza as chances dos efeitos colaterais mais acentuados, e apresenta eficácia global de 50,4% sendo administrada em duas doses em um intervalo de 18 a 21 dias.
A CoronaVac chama atenção por apresentar requisitos de armazenamento fácil possibilitando administrá-la em cidades que apresentam poucos recursos quanto às necessidades de armazenamento.
A AstraZeneca é uma vacina desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a universidade de Oxford. Sendo no Brasil, produzida pela Fundação Oswaldo Cruz.
A tecnologia empregada para sua fabricação é o uso devetor viral adenovírus, obtido através de chimpanzés infectados, onde se extrai esse vetor viral que é manipulado geneticamente para que seja inserido o gene da proteína “Spike” (proteína “S”) do Sars-CoV-2. Essa vacina apresenta eficácia global de 79%, sendo o esquema vacinal feito através de duas doses em um intervalo de três meses.
A Janssen foi elaborada pelo grupo farmacêutico Johnson & Johnson e utiliza da tecnologia de vetor viral de adenovírus geneticamente modificado. Ela apresenta a eficácia global de 66% e chama atenção por ser dose única, o que melhora as chances de adesão, especialmente em populações de maior vulnerabilidade social, como por exemplo, os moradores de rua.
E por fim, a Pfizer, o imunizante produzido pela farmacêutica Pfizer em parceria com o laboratório BioNTech. Ele se baseia na tecnologia de RNA mensageiro, ou mRNA, que é responsável por fornecer as instruções ao organismo para a produção de proteínas encontradas na superfície do Novo Coronavírus, estimulando consequentemente a resposta do sistema imune. Seu esquema vacinal é feito através de duas doses em um intervalo de 21 dias ou três meses e apresenta eficácia global de 95%.
Mesmo com essas diferenças existentes entre as vacinas disponíveis no país, ressalta-se a importância da vacinação, independente de qual seja a vacina.
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REFERÊNCIAS
BUTANTAN, Quais são as diferenças entre as vacinas contra Covid-19 que estão sendo aplicadas no Brasil?. Disponível em: https://butantan.gov.br/covid/butantan-tira-duvida/tira-duvida-noticias/quais-sao-as-diferencas-entre-as-vacinas-contra-covid-19-que-estao-sendo-aplicadas-no-brasil
CUETO, Marcos. Covid-19 e a corrida pela vacina. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, v. 27, p. 715-717, 2020.
GUIMARÃES, Reinaldo. Vacinas anticovid: um olhar da saúde coletiva. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, p. 3579-3585, 2020.