O Transtorno do Espectro do Autista (TEA) é definido clinicamente como um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por comprometimento na interação e comunicação social, comportamentos inalterados e recorrentes, e desenvolvimento intelectual irregular (DELLI, REICHART, et al., 2013).
Sua etiologia é uma grande incógnita para a ciência. Para alguns autores não há causa específica (MARULANDA, ARAMBURO, et al., 2013), outros relatam ser multifatorial, associada a fatores genéticos e neurobiológicos.
O autismo consiste em uma desordem complexa, caracterizada por alterações do comportamento relacionadas ao convívio social, linguagem e limitações motoras. O TEA tem dificuldade de realizar atividades do dia a dia sozinho dependendo do grau de severidade.
Dentre as principais características dos pacientes com TEA, podemos citar:
- a falta do contato visual;
- incompreensão das emoções;
- falha na interação social;
- deficiências sensoriais;
- retardo mental;
- além de hipersensibilidade que transforma contato físico e determinados sons em tortura para esse grupo
Atividades como escovar os dentes são comprometidos (COIMBRA, SOARES, et al., 2020), sendo um dos mais susceptíveis a cárie dentária e doença periodontal devido à dificuldade de controle de placa bacteriana por meio da escovação, ao uso de medicação que causa xerostomia, a hiperplasia gengival, a hipotonia muscular, a preferência por alimentação pastosa e açucarada, ao hábito de guardar alimentos na boca e a inacessibilidade a serviços odontológicos especializados.
O espectro do autismo é muito amplo. O preparo do profissional tem que ser contínuo, usar novas estratégias no planejamento para garantir um tratamento de sucesso, priorizando a prevenção das doenças bucais e enfatizando as orientações quanto à dieta e higiene bucal (DA COSTA SANT´ANA et al., 2017; SOUZA et al., 2017).
A falta de interação médico-odontológica resulta, muitas vezes, em tratamentos individualizados em cada área, não havendo um atendimento multidisciplinar e integrado ao paciente portador de necessidade especial.
O desconhecimento sobre a doença e o consequente despreparo dos profissionais para lidar com as especificidades do autismo, bem como com as apreensões familiares, também devem ser considerados, pois muitas vezes inviabilizam uma intervenção eficaz e práticas clínicas efetivas (AMARAL et al., 2012).
A utilização da Cromoterapia na Odontologia pode ser dada através da escolha da cor do equipo odontológico ou por meio da decoração do ambiente, tendo em vista a criação de um ambiente terapêutico, que possa auxiliar na tranquilização dos pacientes pela harmonização dos seus pensamentos (SANTIAGO, DUARTE e MACEDO, 2009).
Estudos demonstram que o azul estimula o sentimento de calma e de maior equilíbrio para as pessoas. Nesse caso, o azul auxilia em situações em que o autista, por exemplo, apresenta uma sobrecarga sensorial. Ressaltando que isso representa mais leveza no aspecto emocional do autista.
Nesse sentido, o cirurgião dentista pode usar técnicas para uma humanização do atendimento e acolhimento diferenciado, garantindo melhores resultados os pacientes (SOUZA et al., 2017; DA SILVA et al., 2019). Desse modo, a cromoterapia, visa o controle do comportamento, ansiedade e medo através das cores, podendo ser uma grande ferramenta, sendo simples e de fácil aplicabilidade.
Pacientes com TEA geralmente tem a saúde bucal negligenciada ou colocada em segundo plano. Não existe uma pessoa igual à outra e, por isso, temos que sempre individualizar o atendimento.
Em suma, é dever do Cirurgião-dentista que se faça a conscientização sobre saúde oral em conjunto com um atendimento diferencial, que inclui o acolhimento, o envolvimento familiar, o condicionamento comportamental e o suporte psicológico para que esse pacientes não desenvolvam agravos bucais melhorando assim, a sua qualidade de vida.
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REFERÊNCIAS
COIMBRA, B. S. et al. Abordagem odontológica a pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA): uma revisão da literatura. Braz. J. If Develop, v. 6, p. 94293-94306, Dezembro 2020.
DELLI, K. et al. Management of children with autism spectrum disorder in the dental setting: Concerns, behavioural approaches and recommendations. Med Oral Patol Oral Cir Bucal, Novembro 2013. 862-868.
MARULANDA, J. et al. Odontología para pacientes autistas. CES Odontología, v. 26, n. 2, p. 120-126, Dezembro 2013.
SANTIAGO, V. F.; DUARTE, D. A.; MACEDO, A. F. O impacto da Cromoterapia no comportamento do paciente odontopediátrico. Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde, v. 11, n. 4, p. 17-21, 2009.