O primeiro programa de Residência Médica surgiu no Brasil em 1945, na área de Ortopedia no Hospital das Clínicas da USP. Depois, foram criados os programas em Cirurgia Geral, Clínica Médica, Pediatria e Obstetrícia/Ginecologia no Instituto de Previdência e Assistência do Servidor do Estado do Rio de Janeiro (IPASE). Desde então, a Residência Médica é reconhecida amplamente como uma modalidade de pós-graduação praticamente obrigatória para quem se gradua no curso de medicina.
Para a opinião da maioria dos docentes, a residência é a mais perfeita modalidade de aperfeiçoamento e especialização não apenas na área da Medicina, mas também em outras profissões da área de saúde – imprimindo na formação inicial dos novos profissionais os mais elevados padrões de excelência. Essa é a razão pela qual tem exercido papel fundamental na organização e qualificação da assistência à saúde dentro das instituições em que foi implantada.
Atualmente, após a conclusão do curso de graduação, os egressos de escolas de saúde procuram ingressar em programas de residência de acordo com a especialidade pretendida, o que nem sempre é possível devido à forte concorrência. Alguns são aprovados e iniciam o seu treinamento, outros procuram cursos de especialização ou estágios na especialidade escolhida. Mas…
… qual a diferença do curso de especialização para a Residência?
Os cursos de especialização encontram-se regulamentados pela Resolução CNE nº 01/01, que determina a carga horária mínima de 360 horas – não há definição de carga horária máxima. A frequência deve ser, no mínimo, de 75% de atividades programadas e o corpo docente constituído de, pelo menos, 50% de professores portadores de título de mestre ou doutor obtido em programas reconhecidos pela Coordenação de Pessoal de Ensino Superior – CAPES. É exigido trabalho de conclusão de curso ou monografia para aprovação final do aluno. No Portal do INEP, é possível encontrar informações sobre as instituições credenciadas e os cursos autorizados.
A maioria dos programas de especialização não oferece um programa de competências que deve ser cumprido pelo especializando, nem a sua carga horária. Muitas vezes, onde existe um programa de residência, o especializando acaba fazendo e cumprindo a mesma carga horária do residente e o mesmo programa, porém sem receber bolsa e, às vezes, pagando pelo curso. A grande maioria dos programas de especialização não tem regimento claro que defina como deve ser feito o concurso para este profissional, nem o tempo que deve permanecer no Serviço.
Já a Residência médica tem Carga Horária pré-definida de 60 horas por semana, sendo 2880 horas anuais, distribuídas em 20% teórica e 80% prática. O residente tem direito a 30 dias de férias anuais e bolsa de R$ 3.330,43. Cada aluno precisa realizar avaliações trimestrais e outras preconizadas para cada especialidade na resolução 02/2006. Ao final do curso, o residente recebe direito ao título de especialista reconhecido pelo MEC, o que não acontece no curso de pós-graduação – neste, o médico precisa fazer um concurso de prova de título de especialista reconhecida pela Associação Médica Brasileira na sua área de especialidade.
O que é a Residência Multiprofissional em Saúde?
Ingressar em uma Residência não é privillégio do pessoal de Medicina. Não aparece tanto na TV, mas qualquer profissional de saúde pode viver a experiência de ser um residente. As residências tradicionais funcionam de forma análoga às famosas residências médicas: você se forma, escolhe a área que mais lhe apetece em sua formação, encontra uma residência que atenda as suas expectativas, SE PREPARA MUITO PARA SELEÇÃO e, depois da aprovação, vai passar dois anos se habilitando naquela especialidade. É assim em Odontologia com as Residências em Bucomaxilo e em Enfermagem com as Residências em Neonatalogia, por exemplo.
As residências multiprofissionais em área profissional da saúde divergem um pouquinho desse modelo mais fechado em cada área de formação. Cada programa pode receber profissionais formados em Biomedicina, Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional (Resolução CNS nº 287/1998). O objetivo é capacitar cada residente para trabalhar áreas cruciais para o Sistema Único de Saúde, mesclando teoria e muita prática.
Em linhas gerais, o residente em um programa multiprofissional tem a oportunidade de se qualificar com excelência para atender a população brasileira em cada aspecto de suas particularidades. E, enquanto se prepara para essa missão tão especial, ainda recebe uma bolsa para que possa se dedicar exclusivamente à formação.
Se interessou?
Leia nosso artigo: “Residência Multiprofissional em Saúde” e entenda tudo sobre o assunto, além de ficar atualizado sobre os editais das Residências 2019/2020.