Caros colegas médicos e estudantes de medicina, hoje entrevistamos o Dr. Caio Nunes que irá colaborar com o nosso portal com alguns conteúdos relacionados à residência e ao planejamento da carreira médica.
O Dr. Caio Nunes é médico pela Universidade Federal da Bahia e fez residência em Radiologia no Instituto de Radiologia da Universidade de São Paulo (USP) . Além disso serviu ao exército no Hospital Geral de Salvador. Nos últimos anos, vem se dedicando ao estudo do mercado médico e aos aspectos relacionados à escolha da residência e do planejamento da carreira
Dr. Caio, qual será a proposta do conteúdo a ser publicado em nosso portal?
Primeiramente, agradeço o convite da Editora Sanar para participar dessa coluna na qual faremos algumas análises do mercado da carreira médica com o intuito de orientar os colegas mais jovens na escolha da especialidade. Dentro desse tema, suscitarei a discussão de algumas mudanças recentes, porém significativas, no que tange ao exercício da profissão como um todo.
Como surgiu essa ideia?
Temos visto desde a graduação uma quantidade razoável de colegas angustiados com a escolha da especialidade a seguir. Essa decisão é talvez a mais importante da carreira médica e é a especialidade escolhida que determinará como será toda sua rotina, qualidade de vida, realização pessoal e profissional. Trata-se de um casamento! É no trabalho que passamos mais de 70% do nosso tempo e, por isso, nada mais coerente do que planejar e estudar bem como vamos decidir essa escolha.
O que é preciso fazer para avaliar melhor a escolha da residência médica?
Na maioria dos casos temos vistos as pessoas decidirem de forma empírica. Acabamos levando em conta os velhos clichês (“radiologista não trabalha” , psiquiatra é meio “fora-da-casinha”, cirurgião geral tem que ter habilidade manual…), ou mesmo pessoas baseando suas decisões nos exemplos. É comum termos um professor de cardio que é bom e por admiração acabamos nos identificando e seguindo o mesmo caminho. Há ainda uma outra parcela que decide baseando-se nas matérias que mais gosta (ex: gosto de fisiologia – logo, vou fazer endócrino ). Todas essas maneiras de decidir deixam de levar em conta o dia-a-dia real de cada especialidade que é muitas vezes distante da realidade vivida no ambiente universitário. Sem contar que não temos durante o internato a possibilidade de “provar” de todas as especialidades.
O que o Sr. propõe, então?
Defendo que os jovens estudantes de Medicina fundamentem a sua escolha. É preciso jogar as variáveis na mesa, dando-se pesos para cada uma delas. Onde quero morar? Quanto tempo quero dedicará especialidade ? Como é o mercado daquela especialidade ? Trabalho em regime de plantão ou não ? Para responder essas perguntas é preciso conversas com especialistas, ler sobre a especialidade, tentar acompanhar o dia-a-dia real da especialidade e não somente dos professores.
Como o livro que o Sr. acaba de lançar pela Editora SANAR concebe e organiza essa variedade de informações?
Esse aprendizado tivemos ao longo de um ano e meio trabalho, onde conduzimos uma pesquisa com mais de 40 especialistas das maiores residências do país, bem como com colegas que largaram a residência por não terem se identificado. O resultado desse trabalho culminou com a formatação do presente livro “Como escolher a residência médica”. Nesse livro, recém publicado pela Editora Sanar, trazemos os elementos relativos à rotina das especialidades e seu mercado de trabalho, aspectos históricos e perspectivas futuras e como deve ser o serviço ideal para realizar a formação nessa especialidade. No livro trazemos também informações sobre a carreira médica como um todo (empreendedorismo, carreira militar, concursos, ensino e pesquisa).