A jornada do profissional farmacêutico na residência em saúde da família | Colunista

A Residência Multiprofissional em Saúde (RMS) trata-se de uma pós-graduação Lato Sensu, que oferece uma formação em serviço para profissionais de diferentes áreas da saúde, como: Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia, Odontologia, Educação Física, Psicologia e, claro, Farmácia.

Os programas de residência abrangem uma carga horária prática e teórica de 60 horas semanais e duração de dois anos, sendo que 80% da carga horária total acontecem nos cenários de prática, junto às equipes de saúde. Durante essa jornada, os residentes são acompanhados pelos preceptores, orientadores de campo e pelas próprias equipes dos serviços que estão atuando.

A estrutura dos programas e a formação dos residentes em saúde são orientadas pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS):

  • Universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;
  • Integralidade: conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema;
  • Equidade: tratar desigualmente os desiguais, observando as necessidades coletivas e individuais;
  • Descentralização político-administrativa com direção única em cada esfera de governo, com ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;
  • Regionalização e Hierarquização da rede de serviços de saúde;
  • Participação da comunidade.

E tem como objetivo qualificar os profissionais da saúde para atender às necessidades do sistema.

Ao direcionar o seu estudo para ingressar na RMS e desenvolver a prática multiprofissional e interdisciplinar, realizando a integração das diferentes profissões e dos seus saberes e práticas, é importante escolher um dos programas ofertados que você mais se identifica, tais como:

  • Atenção ao Paciente Crítico;
  • Gestão em Saúde;
  • Onco-Hematologia;
  • Saúde da Família e Comunidade;
  • Saúde Mental.

Nesta coluna vamos conversar sobre a jornada do profissional Farmacêutico durante a formação em serviço por meio do Programa de Residência em Saúde da Família e Comunidade.

A Estratégia Saúde da Família (ESF) é considerada a estratégia prioritária para expansão e consolidação da Atenção Básica (AB), que é a principal porta de entrada do SUS. Nessa ênfase, as atividades do residente são pautadas nos princípios e diretrizes operacionalizados na AB:

I – Princípios:

  • Universalidade;
  • Equidade; e
  • Integralidade.

II – Diretrizes:

  • Regionalização e Hierarquização:
  • Territorialização;
  • População Adscrita;
  • Cuidado centrado na pessoa;
  • Resolutividade;
  • Longitudinalidade do cuidado;
  • Coordenação do cuidado;
  • Ordenação da rede; e
  • Participação da comunidade.

As quais propõem um conjunto de ações de saúde tanto individuais, quanto coletivas, que envolvem, principalmente, a promoção, a prevenção e a reabilitação da saúde, através de práticas de cuidado integrado e gestão qualificada realizada pela equipe multiprofissional para a população do território. Logo, a agenda do residente é composta por atividades que abrangem essas ações.

Atividades teóricas:

  • Seminários de Núcleo;
  • Seminários Integrados;
  • Seminários de Programa;
  • Seminários de Campo nos cenários de prática.

Atividades práticas:

  • Reunião de equipe;
  • Acolhimento;
  • Grupos de educação em saúde;
  • Visitas domiciliares;
  • Controle social (conselhos e conferências de saúde);
  • Rastreamento em saúde;
  • Testes rápidos;
  • Acompanhamento farmacoterapêutico;
  • Elaboração de plano terapêutico individual;
  • Assistência Farmacêutica;
  • Dispensação de medicamentos;
  • Atenção Farmacêutica;
  • Grupos de cessação de tabagismo;
  • Campanhas de vacinação;
  • Campanhas de saúde.

Aqui, mencionei algumas ações que podem ser desenvolvidas durante a jornada. Lembrando que o rol de atividades práticas não é taxativo e pode ser moldado conforme as demandas do território. Algumas serão realizadas com alta frequência, como a dispensação de medicamentos, as visitas domiciliares, os grupos de educação em saúde. Outras serão mais pontuais, como as campanhas de vacinação.

Contudo, é importante que o farmacêutico residente seja proativo, já que, por não ser um profissional que originalmente compõe a equipe da ESF, os serviços a serem realizados podem não estar totalmente estruturados.

Assim, é fundamental, planejar e apresentar para a equipe o que, como, quando e onde se pretende realizar tal serviço, a fim desse projeto ser construído em colaboração com a equipe de saúde, como por exemplo: elaboração de protocolos para dispensação de medicamentos; consultas farmacêuticas; mapeamento de doenças crônicas não transmissíveis ou de pacientes polimedicados; ações sobre a farmácia caseira, o descarte e o uso racional de medicamentos; orientação sobre o itinerário terapêutico do usuário na busca pelo medicamento na rede de atenção à saúde; atuar como vacinador; entre outros. Inclusive sobre esses dois últimos itens posso trazer mais informações nas próximas colunas.

Fica perceptível que esse conjunto de atividades desenvolvidas durante os dois anos de formação, incluindo o trabalho de conclusão, requer muita dedicação por parte do farmacêutico. A rotina é densa, porém, como egressa de um programa de residência em saúde da família, posso dizer que o trabalho realizado pela equipe multiprofissional é diferenciado e traz qualidade para saúde das pessoas. Além disso, a experiência é transformadora, a qual faz você sair da zona de conforto e crescer como ser humano.

No site da Sanar Saúde é possível encontrar informações sobre os processos seletivos para os programas de residência em saúde de todo Brasil, cursos preparatórios, livros de conteúdos para as provas e de questões. No canal do Youtube também há muito conteúdo disponibilizado com altíssima qualidade. Vale a pena pensar nessa oportunidade de pós-graduação e conferir o material disponibilizado pela Sanar!

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Referências

BRASIL, 2017. Portaria n. 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 set. 2017.

GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO. Residência Multiprofissional em Saúde. Disponível em: https://ensinoepesquisa.ghc.com.br/index.php/ensino/risghc. Acesso em: 16 jun. 2021.

GUERIN, G. D.; ROSSONI, E.; BUENO, D. Itinerários terapêuticos de usuários de medicamentos de uma unidade de Estratégia de Saúde da Família. Ciênc Saúde Colet. v. 17, n. 11, p. 3003-110, 2012.

ROMAN, C; BUENO, D. Distribuição espacial de casos da Doença Falciforme em um estado do sul do Brasil com base no Componente Especializado da Assistência Farmacêutica. Saúde Redes, v. 4, n. 2, p. 99-111, 2018.

ROMAN, C.; STRECK, E. S.; KOPITTKE, L. Avaliação do estoque domiciliar de medicamentos de pacientes acamados no território de um serviço de Atenção Primária à Saúde. Informe C3, v. 10, n. 4, p. 115-124, 2018.

SANAR SAÚDE. Papel do farmacêutico na atenção básica. Disponível em: https://www.sanarsaude.com/portal/carreiras/artigos-noticias/colunista-farmacia-papel-do-farmaceutico-na-atencao-basica. Acesso em: 16 jun. 2021.

Por Sanar

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