E as aftas, afinal? | Colunista

Você já se sentiu incomodado com feridinhas na boca que ardem muito e te impedem até de falar e de comer? Nesse texto, vamos conhecer as AFTAS, as feridinhas chatas que incomodam para caramba e não querem ir embora!

O que são as aftas?

Aftas são lesões ulceradas bem dolorosas que aparecem na sua boca devido a vários fatores, mas em suma, são porções de pele que perdem sua camada mais externa, o epitélio. Na tentativa de regenerar o tecido, o organismo causa inflamação local, o que resulta em maior dor, vermelhidão e inchaço perceptíveis.

Podem ocorrer individualmente, em intervalos espaçados de tempo, ou periodicamente, quando associada a alguma condição ou doença. Quando olhamos para a úlcera, ela possui formato arredondado, em geral é pequena, e apresenta uma cobertura amarelo-esbranquiçada.

Ocorrem em regiões de bochecha e lábio com maior frequência, podendo aparecer também em língua e palato, e duram normalmente por volta de 7 dias (KOWALSKI et al, 2020).

O que causa as aftas?

Podemos perceber que elas ocorrem com certa frequência em alguns indivíduos, e raramente em outros. Assim, fica clara a importância do sistema imune de cada pessoa no aparecimento destas lesões.

Outro fator de grande importância é a acidez do meio bucal. Quanto mais ácida a boca, maior a chance delas aparecerem. Logo, o consumo frequente de alimentos ácidos, como frutas cítricas, refrigerantes e produtos industrializados e condimentados são fatores que influenciam no aparecimento das mesmas.

Bem influente no aparecimento destas lesões é o trauma. Hábitos de morder objetos, ou tecidos da boca, como a própria bochecha, facilitam a remoção do epitélio. Além disso, estresse e ansiedade já se mostraram maléficos para estes tecidos, bem como para o corpo todo.

Distúrbios imunológicos, causados ou não por tratamentos medicamentosos, facilitam seu aparecimento. Deficiências nutricionais, principalmente com pouco consumo de vitamina B12, ou baixos níveis corporais de vitaminas A, E e C, deficiência de ácido fólico e de ferro e doenças sistêmicas e genéticas são outras possíveis causas dessa lesão.

Descuido com os cuidados orais, como a escovação feita de maneira errada e a ausência de visitas periódicas ao dentista, também influenciam na presença das lesões. O tratamento ortodôntico também é capaz de causar estas pequenas úlceras, pois o atrito entre os componentes do aparelho, em geral metálicos, e a mucosa oral acaba por danificar o epitélio. Por isso, o dentista recomenda o uso de cera ortodôntica para proteger a mucosa e evitar o aparecimento delas.

A maneira ideal de cultivar a saúde do corpo inteiro e assim, evitar esse e outros males é zelar por uma alimentação balanceada, pela imunidade e pela higiene bucal, pois garantem maior proteção contra as feridas.

Como tratá-las?

Em geral, o tratamento não é necessário, sendo realizado o controle da dor local e a estimulação de rápida cicatrização para reduzir a duração do problema (BROCKLEHURST et al, 2012).

Entretanto, algumas vezes a aparição delas pode dar uma pista de doenças que afetam outros sistemas do corpo, como é o caso da Doença de Behçet (TAYLOR et al, 2014). Nesses casos, a ida ao cirurgião-dentista pode ajudar no descobrimento e tratamento precoce de males sistêmicos.

Sobre o uso de medicamentos, é comumente feito através da aplicação de pomadas analgésicas e anti-inflamatórias, em geral corticóides contendo orobase, que permite a adesão na mucosa por maior tempo. Pode-se também utilizar medicamentos de uso oral. Podem ainda ser tratadas com fitoterápicos, através de bochechos com chá de camomila, pois seus componentes inibem a ação inflamatória de prostaglandinas e leucotrienos (SAAD et al, 2009).

Lidando com o problema

Agora que você já entendeu um pouco mais sobre essas feridinhas irritantes, também viu que a saúde do corpo como um todo interfere na cavidade oral. Alimentar-se de maneira nutritiva, abolir hábitos malignos, cuidar da higiene oral e da saúde mental e física, com toda a certeza, diminuirão as chances e a frequência do aparecimento destas lesões.

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Referências

BROCKLEHURST, P. et al. Systemic interventions for recurrent aphthous stomatitis (mouth ulcers). Cochrane Database of Systematic Reviews, n. 9, 2012.

KOWALSKI, L. et al. Estomatites Aftosas: uma revisão da literatura. Revista Interdisciplinar em Ciências da Saúde e Biológicas, v. 4, n. 1, p. 35-49, 29 ago. 2020.

SAAD, G. A. et al. Fitoterapia contemporânea: tradição e ciência na prática clínica. 2ª ed. Guanabara Koogan. 2009. TAYLOR, J. et al. Interventions for managing oral ulcers in Behçet’s disease. Cochrane Database of Systematic Reviews, n. 9, 2014.

Por Sanar

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