Não é novidade que a Covid-19 aumentou a pressão à saúde. Mas, o que muitos podem não saber, é que a solução para isso pode ser um robô. Sim, atendimentos feitos com uso de inteligência artificial podem desafogar o sistema de saúde durante a pandemia.
Isso é o que provou um estudo feito em parceria por pesquisadores da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), da Fundação Getulio Vargas (FGV) e do Instituto Laura Fressatto.
“O paciente entra em contato com a plataforma do robô Laura Care e digita algumas informações que o robô identifica e interpreta. O paciente tanto pode receber informações, como prevenção, vacinas e orientações sobre covid-19”, explica Murilo Guedes, médico e pesquisador pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da PUCPR.
Algoritmo e robô em prol da saúde
É isso mesmo: o robô tem nome e pode também escutar a descrição dos sintomas do paciente e analisar via algoritmo. Isso é possível porque, a partir dessa descrição, o algoritmo pode detectar a gravidade da doença.
A partir daí, ele disponibiliza as informações para o profissional de saúde, o que ilustra bem como a inteligência artificial desafoga o sistema de saúde.
Caso o paciente seja classificado como em situação leve, a interação com o robô continua. Atualizações são feitas de três em três dias para seguir monitorando.
Se o paciente piorar, ele é encaminhado para um teleatendimento com médico ou enfermeiro por meio de vídeo ou mensagem.
O robô é quem faz esse direcionamento, funcionando como uma espécie de pronto atendimento digital. Nesse contexto, ele faz triagens e encaminhamento para atendimentos a partir dos níveis de cuidado demandados.
Isso, claro, otimiza o uso de recursos e promove um atendimento imediato do usuário.
Resultados preliminares
Quem quer saber como a inteligência artificial desafoga o sistema de saúde, precisa saber que os resultados iniciais de viabilidade dessa tecnologia integram o estudo Covid-19 in Brazil – Preliminary Analysis of Response Supported by Artificial Intelligence in Municipalities.
O material foi publicado no jornal Frontiers in Digital Health, que é referência internacional para trabalhos que abordam intersecções entre saúde e tecnologia.
Para fundamentar essa pesquisa, foram analisados atendimentos feitos por essa plataforma (robô) a 24,1 mil pessoas. O período contemplado foi de julho a outubro de 2020, nos seguintes municípios: Curitiba (PR), São Bernardo do Campo (SP) e Catanduva (SP).
A análise apontou que 44,8% dos pacientes foram classificados com sintomas leves de Covid-19, enquanto 33,6% dos casos foram classificados como moderados. Somente 14,2% foram diagnosticados como casos graves da doença.
A partir das análises, pesquisadores entenderam que o atendimento realizado por meio da inteligência artificial funcionou como solução para a triagem de pacientes, bem como para o acompanhamento da evolução dos sintomas da Covid-19.
Além disso, acreditam que que a tecnologia permite que o acesso ao sistema de saúde seja feito de forma coordenada, contribuindo para não sobrecarregar hospitais e unidades de pronto atendimento, o que se tornou ainda mais importante em meio à pandemia.
Novos estudos
A pesquisa segue ativa e, no momento, os pesquisadores executam novos estudos com foco em avaliar a segurança e a eficácia do algoritmo e, portanto, do robô Laura Care, como é denominada a plataforma.
Isso pode permitir que essa tecnologia seja implementada em ampla escala, em nível nacional. Essa fase do estudo deve ser concluída num prazo de três a seis meses.
O médico e pesquisador pós-doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da PUCPR, Murilo Guedes, explica que a tecnologia está sendo usada em outros contextos – públicos ou privados, a exemplo de seguradoras de saúde ou outras instituições que possam se beneficiar dessa triagem realizada por meio da inteligência artificial.
O uso da plataforma se aplica não somente ao contexto da Covid-19, como também para outras doenças. Isso alinha-se à proposta de que a tecnologia possa ser usada em todos os contextos da medicina de urgência e emergência no âmbito do pronto atendimento.
Fonte: Agência Brasil
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