Inclusão social: Importância da Libras na assistência à saúde | Colunista

Já parou para pensar no grau de transcendência da comunicação, seja verbal ou não verbal? A linguagem é a principal via de interlocução, sendo assim, a forma essencial para que haja interação entre o profissional da saúde e o paciente. No entanto, em um mundo em que a corrente de informações é gerada em uma velocidade exponencial, pessoas com deficiência (PCD) são passadas despercebidas aos olhos da sociedade.

Você sabia que aproximadamente 5% da população brasileira apresenta surdez? Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), há mais 10 milhões de pessoas que apresentam algum grau de deficiência auditiva.

A tendência é que esse número aumente ao longo dos anos, isso se deve ao processo de envelhecimento da população e pelo fato de que as pessoas de um modo em geral estão cada vez mais susceptíveis à poluição sonora.

Agora, vamos fazer uma simulação? Se imagine em um lugar onde só há surdos e todos se comunicam através da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Você é o único ouvinte da cidade e não tem conhecimento nenhum de Libras, mas gostaria de se comunicar com um farmacêutico para pedir ajuda sobre como fazer o uso de um medicamento anti-hipertensivo. Como você se sentiria numa situação dessas? Talvez confuso, excluído e sem saber o que fazer. Então, é exatamente assim que os surdos se sentem na nossa realidade.

Profissionais da saúde se deparam diariamente com desafios, a cada atendimento uma situação nova emerge. O conhecimento da língua de sinais viabilizaria o acesso à assistência dos serviços de saúde às pessoas surdas, pois é um direito desse público como disposto no Capítulo VII do Decreto nº 5626 de 22 de dezembro de 2005.

Apesar desse mesmo decreto limitar a obrigatoriedade da disciplina de Libras apenas para cursos de licenciatura, é imprescindível o mínimo de sabedoria da Libras para que possa haver a inclusão da comunidade surda ao atendimento que é de direito.

No Capítulo II do Estatuto do Portador de Deficiência, em seu Artigo 30 afirma que “Às pessoas com deficiência com condições e necessidades diferenciadas de comunicação será assegurada acessibilidade aos serviços de saúde, tanto públicos como privados, e às informações prestadas e recebidas, por meio de linguagens, símbolos, recursos especiais de comunicação alternativa ou suplementar, assim como códigos aplicáveis estarem de acordo com a condição de cada pessoa com deficiência”.

As providências supracitadas raramente ocorrem na prática, pois, a maioria dos profissionais, embora capacitados tecnicamente, não possui treinamento para tal tipo de situação. Infelizmente fala-se muito sobre inclusão social, mas pratica-se pouco. Dessa forma, a saúde que deveria ser para todos torna-se aniquilada e só alcança parte da nação. 

Neste post estamos considerando as dificuldades de assistência à saúde apenas da população surda que se comunica através da língua de sinais, porém, há aqueles que não mantêm contato com a comunidade surda e, portanto, não desenvolveram as habilidades de Libras e muito menos da Língua Portuguesa, conhecidos como analfabetos. Nesse caso, a comunicação se torna uma barreira para a interação com o indivíduo surdo, entretanto, cabe a nós – profissionais da saúde – buscarmos alternativas que minimizem essa lacuna.

Tendo em vista esse cenário, reitero a importância da Libras na assistência à saúde. O conhecimento dessa língua, tão pouco valorizada, é uma forma de garantir amparo, homogeneidade do acesso ao serviço de saúde e qualidade de vida às pessoas com deficiência, neste caso, pessoas com perda auditiva. 

E você, o que tem feito para encurtar a adversidade existente e exercer, de fato, a tão famigerada inclusão social?

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Referências

CHAVEIRO, Neuma et al. Atendimento à pessoa surda que utiliza a língua de sinais, na perspectiva do profissional da saúde. Cogitare Enfermagem, v. 15, n. 4, 2010. 

CIVIL, Casa. Lei Nº 13.146, de 6 de julho 2015. Institui a lei brasileira de inclusão da pessoa com deficiência (estatuto da pessoa com deficiência). Brasília, 2015.

DE SOUZA, Marcos Torres; PORROZZI, Renato. Ensino de libras para os profissionais de saúde: uma necessidade premente. Revista Práxis, v. 1, n. 2, 2017. 

FEDERAL, Senado. Estatuto da pessoa com deficiência. Secretaria de Editoração e Publicações Coordenação de Edições Técnicas Brasília DF, 2015.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA ESTATÍSTICA. IBGE. Estatística de Gênero. Disponível em < www.ibge.gov.br/apps/snig/v1/?loc=0&cat=-1,-2,-3,128&ind=4643 >. Acessado em 16 de junho de 2021.

RAMOS, Tâmara Silva; ALMEIDA, Maria Antonieta Pereira Tigre. A Importância do ensino de Libras: Relevância para Profissionais de Saúde. Id on Line Revista de Psicologia, v. 10, n. 33, p. 116-126, 2017

SOARES, Mara. Decreto nª 5.626/2005. 2021.

Por Sanar

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